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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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O erro de análise de Friedman... (ou de Abdullah?)

Alexandre Guerra, 28.01.09


Thomas Friedman escreve hoje no New York Times que em Fevereiro de 2002 visitou a Arábia Saudita, onde entrevistou o então príncipe e hoje Rei Abdullah. Uma das perguntas colocadas por Friedman ao monarca prendeu-se com o processo negocial israelo-palestiniano.



Em vésperas de uma cimeira da Liga Árabe, Friedman perguntou a Abdullah por que razão os 22 Estados árabes representados naquela organização não propunham a Israel a normalização das relações diplomáticas em troca da retirada dos territórios ocupados e da criação do Estado palestiniano. O então príncipe saudita respondeu que Friedman lhe estava a ler o pensamento: "Have you broken into my desk?", disse. Mais tarde, esta ideia resultava no "plano Abdullah", que nunca chegou a ver a luz do dia durante os anos das administrações de George W. Bush.



No artigo de hoje, Friedman mete-se na "pele" do monarca Abdullah e reescreve o seu "plano" como se fosse para ser entregue ao novo residente da Casa Branca, Barack Obama. Assim, são enumerados cinco pontos essenciais com o objectivo de garantir um acordo estável entre Israel e um Estado palestiniano.



Porém, no ponto dois Friedman comete um erro de análise (ou será Abdullah?) ao propor que o Governo palestiniano aceite a mobilização de um número limitado de soldados e de polícias egípcios para ajudarem a patrulhar as fronteiras de Gaza, assim como de soldados e de polícias jordanos para vigiarem as linhas limítrofes da Cisjordânia.

 

Se à primeira vista esta ideia poderia fazer algum sentido, a verdade é que para quem conheça bem o processo negocial (Friedman conhece, assim como Abdullah) sabe que o problema nunca se colocaria em convencer os palestinianos a aceitarem forças estrangeiras nos seus territórios, mas sim Israel.



Porque há muito que os palestinianos apelam à comunidade internacional para que forças estrangeiras substituam os soldados hebraicos nos territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Mas se esta é uma esperança que os palestinianos têm tido ao longo dos anos é, por outro lado, uma possibilidade que Israel nem sequer tem considerado. Alexandre Guerra