Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Jezabel, pura maldade coberta por um manto de sedução

Alexandre Guerra, 15.05.12

 

 

O profeta Elias confronta a sedutora e maléfica Jezabel

 

Num dos textos anteriores, a propósito da problemática dos judeus se sentirem historicamente perseguidos, o Diplomata referiu que seria “interessante recuar ao século IX a.C para se falar um pouco de Jezabel, uma mulher que tinha tanto de beleza e de sedução como de perversidade e de malvadez”.

 

Tida como a vilã das vilãs de todas as mulheres da Bíblia, a infame das infames, Jezabel era pura maldade coberta por um manto de beleza, que não se coibiu de recorrer a todos os meios para perseguir e eliminar todos aqueles que a desafiaram, nomeadamente, os judeus.   

 

Princesa fenícia que casou com Acab, rei de Israel, no século IX a.C., Jezabel não demorou muito tempo para lançar uma campanha de terror sobre os seus súbditos que, a pretexto de impor o poder do monarca, tinha como principal objectivo a destruição do culto monoteísta dos judeus e a sua substituição pela prática religiosa fenícia, assente na adoração de diversas divindades unidas numa espécie de religião chamada Baal.

 

À semelhança dos judeus, também Jezabel vivia intensamente a religião, no entanto, não estava disposta a permitir que os dois credos convivessem no reino de Israel. Embora Acab tenha cedido à sua mulher na construção de um templo Baal no centro da cidade Samaria, Jezabel não se contentou.

 

Da Fenícia mandou vir sacerdotes e profetas e exigiu ao seu marido que impusesse a Baal como religião oficial do reino de Israel. Acab, fortemente influenciado por Jezabel, cedeu ao poder maléfico da mulher e permitiu que se iniciasse uma campanha de extermínio a centenas de sacerdotes judeus.

 

É muito provável que este seja o primeiro exemplo de extermínio sistemático contra o povo judeu ordenado pelo seu próprio Estado.

 

A resistência judaica surgiu na figura do profeta Elias, que poderia ser visto como um ortodoxo. No confronto bíblico entre Elias e Jezabel, Yahewh (Jeová), o deus dos judeus, terá manifestado, através de um fogo intenso enviado dos céus, a sua fúria contra a mulher de Acab.

 

Receosa, Jezabel recorreu mais uma vez aos seus dotes de manipulação e exigiu ao rei que ordenasse a sentença de morte de Elias. Este fugiu para o monte Sinai.

 

Os anos passaram e Acab morreu, assim como o seu filho mais velho, Acazias. Jezabel passou a governar através do seu filho mais novo, Jorão. O reino de terror tinha continuado, mas a revolta judaica estava em curso, desta vez feita por Eliseu, sucessor de Elias.

 

Num claro desafio ao poder de Jezabel, Eliseu coroou Jeú, comandante das forças de Jorão. Este viria a ser morto com uma flecha no coração disparada por Jeú.

 

Porém, faltava Jezabel que, aos olhos de Jeú, já tinha encontro marcado com a morte. O recém empossado rei dirigiu-se ao palácio real de Jezreel para a vingança mortal.

 

Jezabel, sabendo da vinda de Jeú e confiante na sua beleza fatal, começou a arranjar-se, penteou o cabelo de forma sedutora, aplicou pó negro nas pálpebras, com o intuito de seduzir o assassino do seu filho. Mas Jeú, que há muito sabia das capacidades de Jezabel, chegou ao palácio e pediu aos eunucos que a atirassem pela janela.

 

De forma violenta, o corpo de Jezabel caiu no chão e conta a Bíblia que o seu sangue salpicou as paredes e os cavalos que estavam perto. Os cães devoraram o seu corpo, ficando apenas o crânio, as mãos e os pés.

 

A mulher fatal tinha assim um fim horrendo, aquela que terá sido a responsável pela primeira perseguição de extermínio ao povo judeu.