Ele também não "fez nada de mal"... o Senado do Illinois é que não foi nessa
Jonathan Kirshner/European Pressphoto Agency
Rod Blagojevich poucas hipóteses teve esta Quinta-feira para manter o seu cargo de governador do Illinois perante o Senado daquele estado, que se mostrou indiferente às reiteradas manifestações de inocência por parte do político. Por 59 votos contra 0, aquela câmara destituiu Blagojevich da governação do Estado do Illinois depois de ter considerado que houve abuso de poder.
Blagojevich disse que não tinha feito nada de mal, mas a verdade é que as acusações que recaem sobre ele, por ter tentado vender o lugar de senador deixado vago por Barack Obama quando foi eleito Presidente, foram dadas como válidas pelos representantes daquela câmara estadual.
As investigações que levaram ao processo de "impeachment" duraram apenas alguns dias: Uma comissão de 21 membros do congresso estadual, em parceria com o FBI através do fornecimento de relatos por parte dos agentes envolvidos no processo de investigação a Blagojevich, apurou as suas conclusões.
Relembre-se que este escândalo foi espoletado com a eleição de Obama, embora as investigações ao ex-governador já viessem de trás. E apesar de Blagojevich ter revelado uma teimosia insustentável ao manter-se agarrado ao poder, as instâncias políticas mais elevadas não permitiram que tal situação permanecesse.
No entanto, esta foi apenas a primeira parte do processo, já que tratou-se exclusivamente do "julgamento político", estando agora reservado aos tribunais a tramitação normal da justiça, onde Blagojevich é acusado de vários crimes.
Este processo do Blagojevich é um exemplo interessante, porque tanto o poder político como o judicial estão a desempenhar os seus papéis na responsabilização do ex-governador sem se compromoterem nem intrometerem no campo um do outro. Cada um gere o processo com o seu tempo e metodologias, tendo o poder político já feito de forma célere aquilo que lhe competia: punir politicamente Blagojevich. Quanto à batalha judicial, essa vai agora começar.
O Diplomata fez aqui este apontamento porque, numa altura particularmente conturbada em Portugal, o caso de Blagojevich e a forma como está a ser tratado poderá trazar alguma inspiração aos protagonsistas dos sistemas político e judicial nacionais. AG