Nem um ano passou e o Presidente do Sudão do Sul já diz que está em guerra
Soldado do Sudão do Sul junto a um mercado em Rubkona, perto de Bentiu, alegadamente destruído por uma bomba lançada ontem por aviões do Sudão/Foto:Reuters/Goran Tomasevic
Nem um ano de existência tem e o mais recente Estado do mundo já está em guerra, pelo menos a julgar pelas palavras do seu Presidente, Salva Kiir. Segundo este, o Sudão do Sul, que se tornou independente em Julho do ano passado, está a ser alvo de uma "declaração de guerra" por parte do regime de Cartum.
Apesar do Sudão não ter feito formalmente qualquer declaração nesse sentido, analistas citados pela BBC News consideram que é o próprio Salva Kiir a fomentar uma escalada de palavras. Seja como for, fontes oficiais militares do Sudão do Sul disseram esta Terça-feira que Cartum lançou oito bombas sobre o seu território na noite passada, o que levou Salva Kiir a classificar este acto como uma autêntica "declaração de guerra".
Há várias semanas que os confrontos fronteiriços entre as tropas do Sudão do Sul e do Sudão se têm intensificado em áreas de exploração petrolífera. As acusações têm sido mútuas e neste momento não se vislumbra qualquer possibilidade de diálogo entre os dois países vizinhos.
Quando em Janeiro do ano passado, por altura do referendo da independência do Sul do Sudão, o Diplomata se questionava quanto à possibilidade de mais uma guerra civil em África, estava precisamente a prever um caminho sinuoso nas relações entre os dois países.
Na altura, o Diplomata desconfiou de imediato das palavras do Presidente sudanês, Omar al-Bashir, que disse que iria acatar o resultado do referendo, fosse ele qual fosse. O passado sangrento e violento de al-Bashir, seja em relação às populações do Sul ou da região de Darfur, perspectivavam tudo menos um desfecho pacífico e tranquilo deste processo de independência.
Mas, neste momento, é preciso também contar com o carácter provocatório e belicista do Presidente do Sul do Sudão, que está a dar mostras de não estar muito disponível para uma via mais diplomática.