Morreu o Presidente da Guiné Bissau... mas por motivos de doença
Malam Bacai Sanhá na Assembleia Geral das Nações Unidas, a 25 de Setembro de 2011/Foto: Don Emmert - AFP
A Guiné Bissau perdeu hoje mais uma das suas figuras de Estado (se é que se pode utilizar este termo em relação àquele país africano). O seu Presidente, Malam Bacai Sanhá, morreu esta Segunda-feira com 64 anos num hospital em Paris, onde se encontrava em tratamentos intensivos desde Novembro.
No contexto guineense pode-se dizer que foi uma morte em circunstâncias normais, fruto apenas do infortúnio de Sanhá. Foi a sua doença que o fez tombar e não a acção vil e selvática de um qualquer general revoltoso, de um guarda infiel ou ainda de um rival político sedento de poder. Porque, infelizmente, a história guineense tem sido feita com o derramamento de muito sangue, onde as mais altas figuras do Estado não têm escapado.
Aliás, foi essa mesma violência intestina que abriu o caminho da presidência a Sanhá, em 2009, depois do seu antecessor, “Nino” Vieira, ter sido brutalmente assassinado por soldados amotinados sabe-se lá a mando de quem e com que objectivo.
Também nas últimas semanas, enquanto o chefe de Estado lutava pela sua vida num hospital em Paris, vieram ecos de mais uma tentativa de golpe de Estado ou, pelo menos, de uma insurreição palaciana. Desta vez sem grandes consequências, tendo o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior escapado incólume.
O chefe de Armada, José Américo Bubo Na Tchuto, foi detido, alegadamente, por ter sido o cabecilha da movimentação.
Dizem as autoridades americanas que Na Tchuto tem ligações ao tráfico internacional de droga, uma das principais actividades na Guiné Bissau e que parece ter a cobertura e o envolvimento de várias figuras do Estado.
Embora ninguém queira assumir frontalmente, nomeadamente a União Africana (UA) ou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS), a Guiné Bissau parece ter-se transformado numa autêntica placa giratória na rede internacional de tráfico de droga.
Não é por isso de estranhar que tenham surgido algumas notícias a sustentarem a ideia de que a tentativa de golpe de Estado não foi mais do que uma querela entre duas facções nas forças armadas por causa do controlo do negócio da droga.
Perante este descontrolo e a vigilância mais atenta dos Estados Unidos, o Governo guineense, através do Ministro da Defesa, Bacrio Dja, e do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, o general António Injai, veio rapidamente dizer que a tentativa de golpe pretendia apenas derrubar o Governo (o que é normal na Guiné), afastando a hipótese de guerras entre facções com ligações ao tráfico de droga.