Mais um episódio da interminável novela do "dossier" nuclear iraniano
O "dossier" nuclear iraniano transformou-se numa longa novela, com um enredo repetitivo sem que conduza a lado algum. Além do actor principal, na pessoa do Presidente iraniano, existem alguns actores secundários a acompanhar, como os chefes de Estado americano (e já são dois) e francês ou ainda o primeiro-ministro britânico (que já vai no terceiro), sem esquecer os eternos inimigos hebraicos ou os históricos aliados russos e chineses. Há ainda a participação especial dessa entidade chamada Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).
A mesma AIEA que veio ontem, pela enésima vez, emitir uma resolução em que expressa uma "profunda e crescente preocupação" com o programa nuclear iraniano. Esta iniciativa vem no seguimento de um relatório divulgado há dias pela mesma AIEA em que sublinha, numa lógica algo monótona, que o Irão tem dado passos relevantes no sentido da construção de um engenho nuclear.
E perante tudo isto, o regime de Teerão, com toda a naturalidade, limita-se a dizer aquilo que sempre disse: que vai continuar a fazer o que tem feito até aqui. Desta vez foi o próprio representante iraniano na AIEA, Ali Ashgar Soltanieh, a comunicá-lo aos jornalistas. Utilizando um argumento já requentado, Ali Ashgar Soltanieh reiterou a idea de que o enriquecimento de urânio que o Irão está a fazer tem unicamente o fim pacífico de alimentar as centrais nucleares para produção de energia eléctrica.
A resolução aprovada esta Sexta-feira em Viena chega a ser cómica ao exigir ao Governo do Irão, mais uma vez, que demonstra que o seu programa tem fins pacíficos. E diz ainda que é essencial que o Irão intensifique o diálogo com a AIEA.
Enfim, este é mais um episódio, com alguns momentos cómicos, mas totalmente inócuo e inconsequente, desta longa novela, chamada "dossier" nuclear iraniano.