O encanto de Hina tenta arrefecer os ânimos entre Washington e Islamabad
Hina Rabbani Khar, ministra dos Negócios Estrangeiros do Paquistão/Foto:AFP
Nas últimas semanas, até mesmo nos recentes meses, Washington e Islamabad têm-se envolvido numa troca de palavras muito pouco amistosas. Os Estados Unidos têm acusado o Paquistão, cada vez com mais veemência, de não estar a envidar os esforços necessários no combate ao terrorismo dentro do seu território.
Alguns responsáveis americanos têm ido mais longe, ao acusar o Governo de Islamabad de apoiar ou, pelo menos, ser conivente com os militantes islâmicos paquistaneses com ligações aos taliban do Afeganistão.
Em concreto são várias as vozes em Washington que acusam os serviços secretos paquistaneses, a ISI, de encobrir ou apoiar a rede Haqqani, o principal grupo terrorista a operar no Paquistão.
A situação agudizou-se depois do atentado do passado dia 13 de Setembro contra a Embaixada norte-americana em Cabul, tendo o Chefe do Estado Maior dos Estados Unidos, o almirante Mike Mullen, responsabilizado a rede Haqqani pelo sucedido, classificando-a como um “braço armado” da ISI. Foi a acusação mais séria desde 2001, ano em que os Estados Unidos e o Paquistão se “aliaram” na guerra ao terrorismo.
Almirante Mike Mullen, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos EUA/Foto: AP
Islamabad não tem gostado destas acusações e muito menos das incursões da CIA e das forças especiais norte-americanas no seu território, como aconteceu em Maio passado, com a operação levada a cabo pelos “navy seals” numa localidade a poucos quilómetros da capital paquistanesa e que culminou na morte de Osama Bin Laden, perante o desconhecimento total do Governo do Paquistão.
Numa entrevista dada ontem à Reuters, o primeiro-ministro paquistanês, Yusuf Raza Gilani, avisou Washington que qualquer acção unilateral dos Estados Unidos contra a rede Haqqani no território do seu país será considerada uma violação da soberania do Paquistão.
Declarações graves e muito perigosas, fazendo descer para um nível subterrâneo as relações entre Washington e Islamabad. E talvez receando uma escalada explosiva, horas depois desta entrevista, a ministra dos Negócios Estrangeiros paquistanesa, Hina Rabbani Khar, foi ontem à tarde à Assembleia Geral das Nações Unidas reiterar o compromisso do Paquistão na promoção da paz no Afeganistão e na parceria com os Estados Unidos.