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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Jogo de espiões no Paquistão

Alexandre Guerra, 27.07.11

 

 

Um suposto militar das forças de operações especiais americanas no Paquistão/Getty Images

 

Corre na imprensa internacional que existe um autêntico jogo de espiões no Paquistão, opondo a CIA (e forças de operações especiais americanas) e os serviços secretos paquistaneses, a ISI.

 

Já há bastante tempo que as relações políticas e diplomáticas entre Washington e Islamabad têm vindo a degradar-se, atingindo níveis de desconfiança e de crispação inéditos depois da operação militar norte-americana que levou à morte do líder da al Qaeda, Osama Bin Laden, em Abbottabad, no passado dia 2 de Maio.

 

Desde então que a situação tem piorado, ao ponto da Casa Branca ter anunciado no início deste mês que iria suspender a ajuda militar de 800 milhões de dólares ao Paquistão.

 

Mas, por detrás deste conflito mais visível, parece estar a decorrer uma autêntica guerra de espiões no terreno, sobretudo depois de terem surgido notícias de que agentes da CIA teriam forjado um programa de vacinação em Abbottabad para controlar e identificar os ocupantes da casa onde se suspeitava estar Osama Bin Laden.

 

Citada pelo Guardian, a organização Médicins Sans Frontières considera que a operação da CIA foi “um abuso perigoso” que poderá comprometer o

trabalho humanitário no Paquistão.

 

Também àquele jornal, um responsável da ONU disse que este tipo de situação só vem alimentar ainda mais a desconfiança dos serviços secretos paquistaneses em relação às várias ONG’s ocidentais que estão a operar no território, acusadas por Islamabad de fazerem trabalho de espionagem.

 

Como tal, as autoridades paquistanesas têm restringido, cada vez mais, os movimentos dos vários trabalhadores humanitários no país, muitos deles a tentar dar auxílio às milhares de pessoas que ainda sofrem com as consequências devastadoras das cheias do ano passado.

 

De forma propositada, as forças de seguranças paquistanesas, sob a égide da ISI, estão a colocar inúmeras dificuldades burocráticas às ONG’s no terreno, que se reflectem no atraso de atribuição de vistos, na restrição de movimentos ou, até mesmo, na detenção e repatriamento de trabalhadores humanitários.

 

Por exemplo, nesta lógica de “guerra” silenciosa entre a ISI e Washington, ainda na semana passada um comboio humanitário americano que estava a entrar em Peshawar foi obrigado a regressar a Islamabad porque não tinha os documentos necessários.

 

É importante relembrar que já em Abril, Islamabad tinha exigido a Washington que reduzisse o número de agentes da CIA e de homens das forças de operações especiais a actuar no Paquistão, o que deveria perfazer cerca de 330 pessoas, segundo fontes próximas do processo. Embora estes números não tivessem sido confirmados por ninguém, talvez representassem entre 25 a 40 por cento do total dos homens americanos da CIA e das forças de operações especiais estacionados no Paquistão.

 

Respostas da ISI àquilo que considera ser uma ofensiva de espiões da CIA, como aconteceu em Janeiro último, quando o agente secreto americano, Raymond Davis, matou dois paquistaneses em Lahore. Já mais recentemente, em Washington, o FBI deteve o director de um grupo de lobby dedicado à causa de Caxemira que, supostamente, seria uma fachada para a ISI.

 

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