A captura do "Osama bin Laden da Europa"
Alexandre Guerra, 22.07.08
Fruendt Fotoreport/EPA
Ao fim de mais de uma década, Radovan Karadzic, um dos mais importantes líderes sérvios durante a guerra dos Balcãs nos anos 90, foi detido pelos serviços de segurança da Sérvia. Os contornos da operação ainda não são conhecidos, havendo mesmo algumas notícias que dão conta da sua detenção na passada Sexta-feira.
Com várias acusações do Tribunal Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia (ICTY) de crimes de guerra, crimes contra a Humanidade e de genocídio no massacre de Srebrenica, em 1995, vários governantes políticos já se congratularam com a captura daquele líder militar.
Richard Hoolbroke, diplomata americano e o grande arquitecto pelos acordos de Dayton em 1995 e que puserem termo ao conflito dos Balcãs, mostrou-se satisfeito por "um dos piores homens do mundo, o Osama bin Laden da Europa, ter sido finalmente capturado".
Em Haia, o ICTY considerou ter sido dado um passo importante na prossecução da justiça para todas as vítimas que há muito aguardavam por este momento.
Em Sarajevo, capital da Bósnia, registaram-se, naturalmente, manifestações de alegria.
E de Paris, Bernard Kouchner, ministro dos Negócios Estrangeiros da França, país que actualmente ocupa a presidência rotativa do Conselho Europeu, disse que a detenção de Karadzic levanta um dos mais difíceis obstáculos à adesão da Sérvia à União Europeia. Também o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, sublinhou que esta detenção demonstra o compromisso de Belgrado no seu processo de adesão à União Europeia.
No entanto, aconselha-se alguma prudência neste entusiasmo manifestado por Kouchner e por Barroso, já que a reacção por parte das forças nacionalistas sérvias podem gerar alguma pressão sobre o próprio Governo e o Presidente Boris Tadic.
Além disso, Karadzic tem ainda forte ligações com algumas forças armadas e população, um facto que lhe permitiu andar a monte ao longo de 12 anos.
Seja como for, é muito provável que os líderes europeus, em jeito de recompensa, decidam acelerar a formalização do Acordo de Estabilização e Associação (SAA), o primeiro passo no longo processo de adesão à UE. Relembre-se que as negociações para o SAA estavam congeladas desde 2006. Alexandre Guerra