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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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"It's not time for lone riders", diz o especialista em Napoleão

Alexandre Guerra, 06.05.11

Dominique de Villepin durante a sua apresentação

 

Dominique de Villepin, já referenciado nos Cables from Estoril, encerrou em grande nível as sessões desta manhã, demonstrando porque é que o seu arqui-inimigo, o Presidente Nicolas Sarkozy, tem razões para temer uma possível candidatura presidencial no próximo ano daquele especialista em Napoleão.

 

Villepin é o “diplomata” por excelência. Hábil, bem falante, uma figura irrepreensível, culto, com obra publicado, cativante e sofisticadamente maquiavélico. A tal ponto, que o autor destas linhas diria que Villepin aproveitou o palco do Estoril para ensaiar um possível discurso eleitoral, por modo a conquistar as mentes e os corações dos franceses, cada vez mais descontentes com a política.

 

Embora Villepin seja um político profissional, percebe que esta classe profissional é cada vez menos repeitada pelos cidadãos, por isso, foi com firmeza que apelou à emoção da audiência quando disse que “os políticos têm sido um desastre nestes últimos anos na Europa”.

 

O resultado foi imediato, arrancando aplausos à plateia e, quem sabe, perspectivando o tom que poderá utilizar para amealhar votos num eventual embate eleitoral em França.

 

Villepin veio ao Estoril para falar sobre os “desafios actuais da construção europeia” e não se desviou desse propósito, adoptando um registo bastante crítico ao posicionamento da Europa no mundo, sobretudo no que diz respeito à relação com África, um palco que outros países têm estado a aproveitar, tais como a China ou o Brasil.

 

“Nós somos completamente estúpidos”, disse Villepin, precisamente pelo facto de países como Portugal, França ou Itália conhecerem África como ninguém, mas não capitalizarem esse conhecimento em prol do reforço das relações entre aquele continente e a Europa.

 

Essa estupidez estende-se à forma de como os Estados europeus parecem lidar com os grandes desafios que têm pela frente, já que continuam a ter uma abordagem egoísta e isolada. Por isso avisa: “It’s not time for lone riders.”

 

 

Texto originalmente publicado em Cables from Estoril.