A morte de dois fotojornalistas na Líbia vem lembrar que aquilo é uma guerra a sério
A morte de dois fotojornalistas de guerra e o ferimento de outros dois é um sinal de alerta para a comunidade internacional de que o que se passa na Líbia é mesmo a sério, e que se está entrar num processo de escalada que começa a ter contornos muito preocupantes.
Tim Hetherington, colaborador britânico da revista Vanity Fair, tendo também trabalhado com a CNN, e o americano Chris Hondros, da agência Getty, foram atingidos na terça-feira por tiros de morteiro no centro de Misrata, cidade do oeste líbio.
Ambos tinham uma vasta experiência em cenários de conflito. Hetherington cobriu numerosos conflitos nos últimos dez anos e recebeu muitos prêmios, entre eles o World Press Photo Award, em 2007, pelas suas fotos de soldados americanos no Afeganistão. Foi também neste país que, em parceria com o colega de profissão Sebastian Junger, produziu o documentário "Restrepo", premiado no Festival Sundance em 2010 e nomeado para o Óscar. O documentário foi filmado durante dez meses no vale afegão de Korengal, um feudo talibã próximo da fronteira com o Paquistão.
O jornal i traz hoje um artigo interessante sobre Hetherington, citando umas declarações suas após as filmagens do Restrepo em que dizia que já não queria voltar a cobrir conflitos. Mas, a verdade é que não resistiu à tentação de mais uma guerra.
Chris Hondros cobriu os conflitos de Kosovo, Angola, Serra Leoa, Afeganistão e Iraque. Ganhou em 2006 a medalha de ouro Robert Capa pela sua "coragem e iniciativa excepcionais" no Iraque.
Guy Martin, da agência Panos, e Michael Brown, freelancer, foram os outros dois fotojornalistas que ficaram feridos.