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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A Finlândia de Sibelius contra o império russo

Alexandre Guerra, 10.04.11

 

O famoso quadro de Edvard Isto que simboliza a resistência finlandesa no final século XIX, princípio do século XX, face à tentativa do império russo pôr fim à autonomia do Grande Ducado da Finlândia. A águia de duas cabeças é o símbolo da casa imperial russa, que a todo o custo tenta usurpar o livro da lei finlandesa./Museu Nacional da Finlândia

 

Ao longo da História das nações e dos povos têm sido vários os artistas que se entregam às causas nacionalistas. Uns mais do que outros, seja através da literatura, da música, da pintura, do cinema ou de qualquer outra forma de expressão artística.

 

O século XIX, que assistiu à efervescência dos nacionalismos, foi particularmente pródigo em colocar a arte, mais concretamente a música, ao serviço das causas patrióticas. Assim de repente, vem à memória do Diplomata nomes como Richard Wagner, Richard Strauss, Antonin Dvorak ou Isaac Albéniz.

 

Mas, este texto é para falar de um outro homem, Jean Sibelius (1865-1957). Compositor finlandês de música erudita que exortou o seu espírito nacionalista contra o poder do império czar russo nos finais do século XIX e princípios do século XX.

 

Sibelius enalteceu na sua obra as raízes e os valores nacionalistas da Finlândia, como forma de afirmação do país perante as tentativas de influência e de opressão estrangeira. Uma das suas fontes de inspiração foi o famoso poema épico Kalevala, uma obra que reúne várias cantigas populares antigas finlandesas, que foram passando de geração em geração e que contam os feitos ancestrais de heróis míticos daquele povo.

 

Uma espécie de Lusíadas, embora a autora do Kalevala, Elias Lönrot (1802-1884), tenha tido um trabalho sobretudo de compilação das cantigas populares e de criação de uma narrativa coerente e consistente, o que veio a conseguir.

 

 

Sibelius compôs vários poemas sinfónicos de pendor nacionalista inspirados no Kalevala, no entanto, foi a sua obra Finlândia que se viria a tornar no grande símbolo do nacionalismo finlandês.

 

A Finlândia é um poema sinfónico que foi escrito em 1899 para acompanhar as celebrações do Dia da Imprensa, um evento que tinha como objectivo criticar a influência crescente do império russo nos assuntos internos do então autónomo Grande Ducado da Finlândia.

 

Esta obra tornou-se um hino não oficial da Finlândia e um exemplo de patriotismo, tendo Sibelius ascendido à condição de herói. Quem tiver a oportunidade de ir a Helsínquia, pode apreciar um belo monumento de homenagem a Sibelius.

 

Historicamente, desde o século XII, a Finlândia sempre fez parte do grande reino da Suécia, tendo conseguido a sua autonomia enquanto Grande Ducado a partir de 1809, embora dentro do império russo, que se impôs pela força das armas do czar Alexandre I. Só em 1917 viria a obter total independência da Rússia, mas nem por isso deixaria de continuar a sofrer a tentativa de influência de Moscovo, nomeadamente durante a Guerra Fria.

 

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