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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Jimmy Carter, o Presidente que a História conotou como um pacifista ingénuo

Alexandre Guerra, 24.10.10

 

  

Jimmy Carter, o 39º Presidente dos Estados Unidos, entre 1977 e 1981, continua a ser visto por muitos americanos como um dos homens menos relevantes e entusiasmantes que passaram pela Casa Branca. Não entusiasmou sequer os democratas, apesar de algumas da suas posições serem inovadoras em relação a temas como a dependência energética, o ambiente, a educação, os direitos humanos ou o conflito israelo-palestiniano.

 

Não será arriscado afirmar-se que a História tem sido um pouco injusta na apreciação que faz ao mandato de Carter, já que este foi premonitório nalguns princípios que defendia e conseguiu feitos interessantes, nomeadamente ao nível da política internacional, promovendo a assinatura dos Acordos de Camp David, em 1978, que permitiram normalizar as relações diplomáticas entre Israel e o Egipto.

 

A verdade é que Carter não conseguiu ser eleito para um segundo mandato, e ficou conotado como uma imagem de pacifista ingénuo, numa altura em que o mundo ocidental exigia uma liderança realista na cruzada contra o “império do mal”.

 

Exemplo disso foi o papel “fantoche” desempenhado por Carter na “Operação Livro Aberto”, como mais tarde o seu conselheiro de Segurança Nacional, Zhigniew Brzezinski, viria a constatar nas suas memórias.

 

Como se pode ser no livro a "A Santa Aliança" de Eric Fratitini, quando em 1980 os Estados Unidos e o Vaticano aprofundaram relações ao mais alto nível, no âmbito do apoio ao movimento Solidariedade na Polónia, João Paulo II assumiu a liderança da estratégia anti-comunista a ser implementada do outro lado da Cortina de Ferro.

 

A “Operação Livro Aberto” tinha como objectivo colocar naqueles países milhares de livros e propaganda anticomunista, seria coordenada pela CIA e pela Santa Aliança (serviços secretos do Vaticano) e implementado no terreno por padres que estariam nessas zonas.

 

Em todo o processo negocial e de preparação entre Washington e o Vaticano, João Paulo II demonstrou muito mais empenho e entusiasmo do que Carter, que levantava algumas objecções à “Operação Livro Aberto”. Brzezinski chegou mesmo a escrever nas suas memórias que “era claro que João Paulo II é que devia ter sido eleito Presidente do Estados Unidos e Jimmy Carter escolhido como Sumo Pontífice”.