A história sangrenta do minério desconhecido que todos querem (1)
Por razões que serão explicadas adiante, o Diplomata lembrou-se de uma conversa tida há uns anos com um engenheiro de minas angolano que estava então a trabalhar para a De Beers enquanto consultor de projectos na África do Sul. Na altura, esta pessoa alertava o autor destas linhas para as riquezas desconhecidas do grande público, depositadas no subsolo africano, que iam muito para além daquelas mais óbvias, tais como o petróleo, o ouro ou os diamantes.
Sem dúvida que estes recursos são extremamente valiosos e muito procurados, de tal forma que são capazes de sustentar governos corruptos, de forjar alianças nefastas, de inflamar conflitos, de provocar guerras civis atrozes.
Os “diamantes de sangue” são um bom exemplo da maldição que alguns países e povos africanos têm de carregar por causa dos seus subsolos terem sido abençoados com a abundância de minérios vorazmente consumidos sobretudo pelos países ocidentais e economias emergentes.
Países como a Serra Leoa e a Libéria demonstram como um recurso mineral, neste caso os diamantes, pode trazer tanta destruição e morte aos seus povos durante tantos com a complacência e a passividade da comunidade internacional.
Perante esta situação, a ONU procurou implementar um processo de certificação de origem das pedras que colmatasse algumas das falhas de controlo nos países exportadores. O “Processo Kimberley” está longe de ser eficaz, mas é uma importante ferramenta preventiva.
Seja como for, os “diamantes de sangue” passaram a ser demasiado incómodos em Amesterdão ou em Nova Iorque para continuarem a ser vendidos e comprados sem que a comunidade internacional se sentisse na obrigação de tentar “esvaziar” algumas das fontes dos conflitos africanos relacionados com este problemática.
Efectivamente, nos primeiros anos deste século o mundo começou a olhar com outra sensibilidade para a questão dos diamantes e, de uma maneira ou de outra, o controlo é hoje maior, nomeadamente na Serra Leoa. Também no Zimbabwe, várias organizações não governamentais parecem estar atentas à exploração mineira dos diamantes, porém, o Presidente Robert Mugabe continua a exercer um poder autoritário no país, dificultando a implementação de medidas de controlo.