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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Uma iniciativa louvável

Alexandre Guerra, 08.07.10

 

Há algum tempo que o Diplomata queria aqui fazer referência à iniciativa de Rui Tavares levada a cabo para assinalar o seu primeiro ano como eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda há pouco mais de um ano. Num gesto inédito em Portugal, Rui Tavares, com quem o autor destas linhas não tem qualquer relação pessoal ou profissional, conhecendo-o apenas das leituras e da sua intervenção pública, fez algo que é surpreendente, apesar do pouco destaque que lhe foi dado.

 

O eurodeputado que, daquilo que este autor conhece, não é detentor de qualquer fortuna ou de uma fonte de rendimento extraordinária, decidiu retirar 1500 euros do seu vencimento mensal de eurodeputado para destinar a bolsas para diversos fins.

 

Como o próprio admitiu, não é uma grande quantia, tendo por isso apelado a outras entidades que se juntassem a ele nesta iniciativa. Para o Diplomata, este gesto é gigantesco e, na verdade, representa um esforço financeiro considerável, já que 1500 euros acaba por ser um valor significativo mesmo num vencimento de eurodeputado.

 

E o mais louvável desta iniciativa assenta na genuidade com que Rui Tavares a lançou, unicamente interessado na criação de oportunidades para aqueles que interesse em projectos específicos.

 

O autor destas linhas tem a ideia de que Rui Tavares é um académico competente, um estudioso apaixonado e um entusiasta pela política que acredita na “causa pública”. Em conversa recente, alguém que conhece pessoalmente o eurodeputado reforçava precisamente esta ideia ao Diplomata.

 

A iniciativa de Rui Tavares assume particular relevância numa conjuntura de dificuldades económicas e num país pouco habituada a gestos altruístas vindos da sociedade civil.

 

Doravante será um excelente “farol” para todos aqueles que, com ou sem razão, têm na crítica aos políticos a nota dominante no seu discurso. Porque, a verdade é que poucas pessoas abdicariam parte do seu ordenado, por muito pouco que fosse, para ajudar o próximo.