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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Se o Diplomata tivesse que eleger o local mais anárquico da Terra... Simples, Mogadishu

Alexandre Guerra, 04.06.10

 

 

A esquecida e infernal cidade de Mogadishu vive mais um dia "normal" de combates ferozes nas suas ruas, fazendo desta vez 28 mortos e cerca de 60 feridos. Dificilmente haverá na terra local mais anárquico que Mogadishu, onde diariamente se digladiam diferentes facções.

 

Desta vez, e seguindo a lógica dos últimos tempos, os confrontos foram entre as forças governamentais e o movimento islâmico al-Shabab, uma espécie de “franchisado” da al-Qaeda na Somália, que tem vindo a ganhar influência naquela região.

 

As fontes são pouco claras quanto à origem destes mais recentes confrontos, mas, basicamente, a fonte do problema reside no facto da Somália ser o melhor exemplo de um “Estado falhado”, um país que parece uma manta de retalhos, sem Governo central efectivo desde 1991, e com várias parcelas do seu território a serem controladas por diferentes “senhores da guerra”.

 

O movimento al-Shabab tem vindo a ganhar o controlo de muitas zonas da Somália, sobretudo a Sul, impondo a “sharia” e, certamente, preocupando Washington pelas possíveis implicações terroristas que podem advir desta situação. A Somália tem todas as condições para se tornar um vespeiro de terroristas, tendo as forças de segurança norte-americanas começado a prestar mais atenção a esta região depois do 11 de Setembro.

 

Não é por isso de estranhar que os Estados Unidos, juntamente com os Estados vizinhos da Etiópia e do Uganda, estejam empenhados em providenciar ao Governo do Presidente Sheikh Sharif Ahmed o apoio necessário para garantir o mínimo de estabilidade, para que o Executivo se possa instalar em segurança na capital somali. No entanto, e tendo em conta a trágica experiência americana naquela região, são os soldados etíopes e ugandeses que mais se fazem sentir no território, criando um factor acrescido de conflito com os militantes islâmicos, que vêem naqueles soldados forças invasoras.