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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Think tank apela a "contrato social" para o desenvolvimento de Portugal

Alexandre Guerra, 27.05.10

 

 

Comissão Executiva do Projecto Farol reunida com o Presidente Cavaco Silva/Foto: Presidência da República

 

Cidadania, Economia Empresarial e relação entre Estado e Cidadão são os três pilares definidos pelo Projecto Farol, um think tank criado sob a iniciativa da consultora Deloitte, e sobre os quais deve assentar um guia de desenvolvimento para Portugal até 2020.

 

Numa altura em que Portugal atravessa um dos momentos mais complexos desde o 25 de Abril, a sociedade civil deve e tem que assumir um papel mais activo nos desígnios do país. Iniciativas como o Projecto Farol podem concretizar essa necessidade, ao reunir nomes proeminentes, pensantes e mobilizadores como Daniel Proença de Carvalho, Belmiro de Azevedo, José Maria Brandão de Brito, Jorge Marrão e António Pinho Cardão.

 

Os think tanks têm uma forte tradição na cultura anglo-saxónica, sendo fóruns de excelência onde se discutem ideias e fomentam projectos de vanguarda, mas têm também capacidade de influência junto dos decisores e de contribuir para a elaboração de políticas.

 

É esta a função e a missão dos thinks tanks, no entanto, em Portugal ainda não existe essa cultura. Os últimos anos têm sido pródigos em projectos cheios de boas intenções, mas que acabam em nada. O Compromisso Portugal será, talvez, o melhor exemplo de uma iniciativa inócua que pouco mais fez do que alimentar o ego de alguns altos gestores nacionais.

 

Espera-se que o Projecto Farol possa ir um pouco mais além das boas intenções, tendo para já apresentado 12 propostas preliminares para serem debatidas.

 

Um dos aspectos curiosos deste think tank, e que chamou a atenção do Diplomata, é que remete para um “contrato social”, entre o “cidadão” e o “governante”. Este “contrato” tem a virtude de responsabilizar todas as partes, numa lógica filosófica dos autores “contratualistas”.

 

Apelar a este “contrato social” poderá nos dias hoje voltar a fazer sentido, sobretudo em sociedades com uma fraca noção de cidadania. Portugal é um desses casos, em que existe um divórcio entre o cidadão e o governante, e ambos se desresponsabilizam tacitamente em relação ao outro.

 

É por isso que a visão para Portugal 2020 proposta por este think thank não se destaca tanto pelas medidas apresentadas e que não representam qualquer novidade, tais como “um reforço da iniciativa privada”, a “capacidade de empreendedora à escala Global”, “um aumento do papel das estratégias privadas e da concorrência”, a “construção de um território policêntrico como forma de compatibilizar crescimento e coesão” e a “consolidação de um Estado inteligente, exemplo de eficácia e serviço.

 

O grande ensinamento a retirar até ao momento deste think tank é o factor da premência da educação (a que este autor juntaria a palavra sensibilização) para uma noção e percepção de globalização, na qual todos devem ser responsabilizados. E será a partir daqui que se desenvolverá uma ideia motriz que motivará cidadãos e governantes a implementarem medidas e políticas que permitam “guiar” o desenvolvimento de Portugal até 2010.