Goodluck formaliza presidência da Nigéria e potencia tensão entre muçulmanos e cristãos
O Diplomata dava conta neste espaço em Março de um golpe palaciano que estava a decorrer na Nigéria, embora num registo bastante tranquilo e devidamente validado pela Assembleia Nacional. Aproveitando a ausência do então Presidente de jure Umaru Yar'Adua, devido a doença, Goodluck Jonathan tinha assumido a presidência de facto do país a 9 de Fevereiro, tendo um mês depois dissolvido o Governo, para colocar homens da sua confiança nas posições ministeriais.
Hoje, Goodluck foi empossado formalmente Presidente da Nigéria depois da morte de Umaru Yar’Adua ontem à noite, garantindo que se manterá em funções até às eleições presidenciais do próximo ano. Entretanto, as suas principais mensagens foram de comprometimento numa reforma eleitoral e no combate à corrupção.
Apesar das suas intenções aparentemente saudadas pela população, os analistas acreditam que Goodluck Jonathan irá criar todas as condições para que possa ser eleito Presidente nas eleições de 2011.
No entanto, caso isto venha a acontecer, pressupõe uma alteração nos estatutos do Partido Popular Democrático, ao qual Goodluck pertence assim como os últimos presidentes da Nigéria. A tradição do partido impõe que se vá alternando a religião de cada candidato presidencial, por modo a criar um equilíbrio entre as várias sensibilidades religiosas da Nigéria.
Aliás, o afastamento em Março dos ministros de Umaru Yar'Adua e a forma como Goodluck se impôs no poder está a gerar muita tensão entre os apoioantes do Presidente falecido, muçulmanos do Norte, e os seguidores do novo chefe de Estado, cristãos do Sul.
De acordo com a lógica do Partido, o próximo candidato deverá ser muçulmano, o que teoricamente afasta qualquer hipótese de Goodluck, mas certamente que este não irá aceitar passivamente este princípio.