Uma selecção que continua à procura de um Estado
Jogadores de Itália e da Palestina no Gazan Football “World Cup”
“Uma selecção em busca de um Estado”. Foi o título de um artigo que o autor destas linhas fez para o jornal A Bola em 2001, aquando de uma das suas passagens pelo Médio Oriente. Na altura, os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza viviam momentos de grande violência e de tensão, com a intifada de al-Aqsa a fervilhar pelas ruas de cidades como Ramalhah e Hebron (Cisjordânia), ou Gaza e Rafah (Faixa de Gaza). Também em Israel não havia semana em que não se registasse um atentado em Jerusalém ou Telavive.
Entre as muitas histórias, houve uma que captou a atenção do Diplomata e que tinha a ver com a selecção nacional palestiniana de futebol. Ora, na verdade, a notícia era o simples facto de existir uma selecção nacional palestiniana.
Em princípio uma selecção nacional pressupõe a existência de um país. Um país sem uma selecção para o representar poderá ser raro, mas natural nalgumas circunstâncias. Agora, já mais estranho é haver uma selecção sem um Estado para representar.
E foi precisamente este prisma que atraiu o autor destas linhas para se debruçar sobre as motivações que levaram jogadores e técnicos a mobilizarem-se numa equipa “nacional”. A demanda por um Estado foi a principal razão, aliada a uma paixão pelo jogo.
Um esforço que continua bem vivo, com a selecção da Palestina a participar no Gazan Football “World Cup”, um torneio que começou ontem naquele enclave com 16 países, e que durante duas semanas vai permitir aos palestinianos verem a sua selecção a participar no seu “Campeonato do Mundo”.
Durante anos, a situação política no Médio Oriente não permitiu condições para a existência de uma selecção nacional palestiniana, tendo apenas se estreado nas fases de qualificação para o Mundial de 2002.