Moderados e conservadores preparam-se para infligir derrota política a Ahmadinejad
Aquilo que poderia ser interpretado como um gesto político astuto por parte do recém eleito Presidente Mahmoud Ahmadinejad para atenuar as críticas dos sectores mais progressistas da sociedade iraniana, poderá acabar por criar-lhe um problema vindo da ala mais conservadora.
A decisão inédita desde a Revolução Iraniana de nomear três mulheres para o novo Governo até poderá ir de encontro às expectativas de milhares de pessoas que durante dias se manifestaram nas ruas de Teerão exigindo uma "abertura" no regime, mas, uma coisa é certa, a iniciativa de Ahmadinejad é rejeitada em absoluto pelos clérigos mais conservadores do Irão.
Estes já assumiram publicamente o seu descontentamento com a decisão do Presidente, tendo Mohammad Taghi Rahbar, um dos deputados da "linha dura", sido peremptório:"There are religious doubts over the abilities of women when it comes to management".
Segundo Rahbar, esta posição é defendida pela ala dos clérigos no parlamento, ou seja, é o mesmo que dizer pela maioria daquela câmara. Caberá a este órgão votar no final do mês de Agosto os 21 nomes propostos por Ahmadinejad para ocupar as pastas do Executivo.
Perante este cenário, adivinha-se um combate interessante entre o Presidente e o parlamento, podendo Ahmadinejad sofrer a primeira derrota política do seu mandato já nos próximos dias.
Uma derrota que poderá ser dupla, já que também os moderados do parlamento dificilmente validarão o novo Executivo, por considerarem que carece de legitimidade democrática.