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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Uma oportunidade para impor políticas ambientais no meio da crise financeira

Alexandre Guerra, 08.10.08





Uma das consequências negativas que a actual crise internacional pode provocar nas instituições financeiras ou empresariais é a alteração do seu comportamento relativo à responsabilidade social e ambiental. De facto, a escassez de liquidez e o cenário de recessão económica aliado à hecatombe de algumas entidades basilares do sistema internacional poderá provocar o abrandamento e, até mesmo, o congelamento da tendência que, a pouco e pouco, se ia fazendo sentir na consciência das empresas e instituições.



Sobretudo nos países mais avançados, as empresas e instituições têm vindo a estar cada vez mais sensibilizadas para a problemática da sustentabilidade ambiental, sendo umas mais activas e interventivas do que outras. Seja como for, é inegável que nos últimos anos tem, pelo menos, havido uma preocupação crescente em termos de responsabilidade social e ambiental. Essa aliás tem sido uma estratégia que algumas empresas e instituições têm dado prioridade, mobilizando vastos recursos financeiros para esse fim.



Mas, à luz dos recentes acontecimentos, essa prioridade poderá ser posta em causa. É pelo menos uma potencial consequência da crise financeira que se alastra ao mundo inteiro. A falência de empresas ou de instituições financeiras e a escassez de liquidez pode obrigar a um reajuste estratégico por parte destas entidades, comprometendo enventualmente os esforços futuros na prossecução de soluções social e ambientalmente mais sustentáveis para o mundo. 



É nesta lógica que Kevin Smith escreve um artigo interessante no Guardian, sublinhando que o actual momento poderá ser uma oportunidade única para os Governos imporem políticas de cariz ambiental no sector da banca. A crise financeira fragilizou de tal forma os bancos e instituições financeiras que estas estão a precisar da ajuda do Estado. Algo impensável há uns tempos.



Com o sector da banca literalmente aos "pés" dos Governos, Smith escreve que qualquer plano de salvação ou de resgate financeiro deverá ter incluído um rigoroso pacote de contrapartidas nas políticas futuras de responsabilidade social dos bancos e das instituições financeiras, para que não se voltem a repetir casos de financiamento a obras e projectos altamente prejudiciais ao meio ambiente. Alexandre Guerra