Ralf Dahrendorf era uma "síntese em si mesmo"
No obituário do El País lia-se que Ralf Dahrendorf, falecido na passada Quarta-feira aos 80 anos em Colónia, era uma "síntese em si mesmo", sendo uma das poucas pessoas que se conseguia definir ao mesmo tempo como alemão e como britânico.
Relembre-se que Dahrendorf era cidadão britânico e membro da Câmara dos Lordes desde 1988, mas nascera em Hamburgo, a 1 de Maio de1929. Em tempos perguntaram-lhe numa entrevista que cidade ele considerava a sua casa e a resposta foi clara: "Sou um londrino."
Dahrendorf combinou sempre o liberalismo político com uma visão social da economia. O sociólogo político, que entre 1974 e 84 foi presidente da London School of Economics and Political Science, era ainda um europeísta sincero ao mesmo tempo que via no eixo atlântico uma necessidade natural. Entre 1987 e 1997 foi warden da St. Antony's College da Universidade de Oxford.
Acima de tudo, Dahrendorf era um homem da democracia política, enquanto veículo para se alcançar a liberdade. Aliás, como refere Teresa de Sousa num artigo no Público, "o seu amor pela liberdade talvez o tenha aprendido nos anos da sua juventude, quando teve de conviver com dois totalitarismos. Disse muitas vezes que os dois anos mais importantes da sua vida tinham sido 1945 e 1989".
Antes de se dedicar à academia, já Dahrendorf era um político, muito por causa da influência do pai, um liberal que chegara a ser membro do Reichstag entre 1932 e 1933 pelos social democratas do SPD. Foi sobretudo a partir dos anos 60 que a carreira política de Dahrendorf se intensificou, ocupando alguns cargos federais na Alemanha, chegando mesmo a ser comissário da Comunidade Europeia.