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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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O Natal é para todos

Alexandre Guerra, 30.11.15

 

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A tradicional árvore de Natal no centro de Belém, Palestina, com a Basílica da Natividade e a Igreja de Santa Catarina em plano de fundo. 

 

Com as sociedades ocidentais a viverem sob modelos sociais, culturais e religiosos cada vez mais assépticos, têm surgido algumas notícias que dão conta da proibição de actos natalícios em escolas ou locais públicos, supostamente em nome da integração de todos. Ora, o que muitos esquecem é que integrar pressupõe precisamente o contrário, ou seja, o respeito pelas tradições existentes, sejam elas quais forem e em que circunstâncias for. Aliás, relembro que em Belém (não em Lisboa, mas na Cisjordânia), cidade onde vive a maior comunidade católica da Palestina, o Natal é comemorado efusivamente, com a tradicional árvore de Natal e as ruas devidamente engalanadas. Tudo isto acontece no meio de uma região predominantemente muçulmana e, como se não bastasse, com vizinhos judaicos. E não é por isso que o Natal em Belém deixou de ser comemorado. Pelo contrário, foi algo que as próprias autoridades daquela cidade sempre encorajaram, até porque se tornou uma importante fonte de receita para os comerciantes. Para a história, ficam as célebres imagens de todos os anos do antigo líder palestiniano, Yasser Arafat, a assistir à Missa do Galo na noite de 24 de Dezembro na Igreja de Santa Catarina. 

 

Apontamentos históricos

Alexandre Guerra, 25.11.15

 

"The friction between the two groups [al Qaeda e Estado Islâmico] goes back years. But the relationship did not reach a breaking point until April 2013, when Abu Bakr al-Baghdadi, the leader of ISIS, expanded his group into Syria and attempted to subordinate the local al Qaeda branch, Jabhat al-Nusra (JN), to his own authority. JN rejected Baghdadi’s leadership, and Ayman al-Zawahiri, al Qaeda’s chief, tried to calm the dispute by announcing that JN would remain responsible for jihad in the Syrian arena and ISIS would keep to Iraq. ISIS refused to accept Zawahiri’s decision and continued its expansion into Syria."

 

Excertos do artigo "Collateral Damage in Iraq" de Barak Mendelsohn/Foreign Affairs (15 de Junho de 2014)

 

Apontamentos históricos

Alexandre Guerra, 24.11.15

 

"In 1924, Turkish leader Kemal Ataturk officially abolished the Ottoman caliphate. Today, most Western discussions of the Islamic State of Iraq and al-Sham (ISIS), the extremist group that has declared a caliphate across much of Iraq and Syria, begin by referencing this event as if it were a profound turning point in Islamic history. [...] The caliphate’s more recent history under the Ottomans shows why the institution might be better thought of as a political fantasy—a blank slate just as nebulous as the “dictatorship of the proletariat”—that contemporary Islamists are largely making up as they go along. [...] It would be a mistake to think that twenty-first-century Islamist movements trying to revive the caliphate are doing so in the name of a clear, well-defined Islamic mandate. Rather, they are just other players in a centuries-long debate about a concept that has only occasionally taken on widespread relevance in the Islamic world."

 

Excertos do artigo "The Myth of the Caliphate - The Political History of an Idea" de Nick Danforth/Foreign Affairs (19 de Novembro de 2014) 

 

Saber estar em política...

Alexandre Guerra, 23.11.15

 

No filme Cleópatra (1963) há uma cena em que Júlio César chega à cidade de Alexandria e vê da sua galé que é dia de mercado semanal junto ao porto, apercebendo-se que o Rei egípcio Ptolomeu não lhe providenciou qualquer guarda de honra de boas vindas, na esperança de que os populares se revoltassem contra o líder de Roma assim que este tentasse abrir caminho com os seus próprios soldados. Perspicaz, César abdicou da sua escolta pessoal e aparato imperial, dizendo simplesmente aos seus generais: "Vamos às compras!"

 

Interpretações

Alexandre Guerra, 09.11.15

 

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Deputados do PP, esta manhã no Parlamento catalão, ostentando as bandeiras da Espanha e da Catalunha, em sinal de união/Foto: M.Minocri/El País 

 

Lá, como cá, o Junts pel Sí e o CUP fizeram a sua própria interpretação dos resultado das eleições autonómicas de 27 de Setembro, para os auto-legitimar a votarem no Parlamento catalão uma resolução que iniciasse o processo de declaração de independência da Catalunha. É importante relembrar que aquelas duas formações tinham encarado as últimas eleições como um autêntico plebiscito ao seu plano soberanista, defendido acerrimamente pelo líder catalão, Artur Mas (Junts pel SÍ). O problema é que, apesar de terem conseguido obter a maioria dos assentos no Parlamento, politicamente, os resultados não foram aquilo que Mas esperava, ou seja, um "sim" expressivo aos seus intentos. Efectivamente, a coligação Junts pel Sí e CUP não obteve a maioria dos votos populares, não passando dos 48 por cento, enquanto um pouco mais de 52 por cento dos eleitores se manifestou nas urnas contra essa via secessionista. Na verdade, e foi essa a leitura que quase todos os analistas fizeram na altura, as eleições na Catalunha demonstraram uma maior moderação do seu povo em relação àquilo que muitos e o próprio Mas esperariam.

 

Certo é que a interpretação de Mas e seus correligionários da causa independentista foi diferente e hoje foi votada no Parlamento catalão a tal resolução que abre formalmente caminho ao processo de independência daquele estado. Os nove pontos da proposta obtiveram 72 votos a favor contra 63. Mais uma vez refira-se que a maioria parlamentar não corresponde à maioria de voto e isto é um dado muito importante quando o que está em causa é algo tão fundamental como o destino de uma região autonómica e de um Estado soberano. E, de facto, numa leitura política equilibrada e racional, conclui-se que os resultados eleitorais não foram suficientemente cabais para legitimar politicamente Artur Mas para esta importante demanda. Formalmente, está dentro dos seus plenos direitos ter levado aquela resolução ao Parlamento (embora, é muito provável que seja considerada inconstitucional), mas a questão que se coloca aqui é, sobretudo, política.

 

Seja como for, o processo está neste momento formalmente aberto, sendo agora necessário ver duas coisas: primeiro, como vai reagir a sociedade catalã, sobretudo a maioria que não se identifica com esta via; depois, é preciso perceber como o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, vai reagir, sabendo que poderá contar com o apoio do líder da oposição do PSEO, Pedro Sánchez, e também com o líder do Ciudadanos, Albert Rivera. Para já, Rajoy interpôs um recurso no Tribunal Constitucional. Vai ser também interessante ver o impacto que todas estas movimentações políticas terão nas eleições legislativas espanholas de 20 de Dezembro. Uma coisa é certa, Rivera, catalão, moderado e opositor à via de Mas, surge, cada vez mais, como uma figura de proa no sistema político espanhol.   

 

In Flanders Fields

Alexandre Guerra, 06.11.15

 

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Por esta altura do ano, o Diplomata costuma republicar este texto porque, como alguns dos leitores já terão notado, muitos britânicos, de políticos a outras personalidades da cultura ao desporto, passando pelos cidadãos comuns, ostentam religiosamente na lapela dos seus casacos uma papoila vermelha.

 

Esta prática não é exclusiva do Reino Unido, estendendo-se a vários países do mundo, com especial incidência aos que pertencem à Commonwealth.

 

É um gesto de homenagem aos soldados caídos durante a I Guerra Mundial e que está associado ao Dia da Lembrança, a 11 de Novembro, numa alusão ao 11 de Novembro de 1918, data em que foi assinado o Armistício que pôs fim às hostilidades.

 

A origem da tradição da papoila surgiu dois dias antes daquela importante data, quando a norte-americana Mona Michael, trabalhadora humanitária, inspirada pelo poema “In Flanders Fields”, da autoria do médico militar canadiano John McCrae, colocou no seu casaco uma papoila vermelha e distribuiu outras tantas por ex-combatentes na sede da YMCA em Nova Iorque, onde então trabalhava, em honra dos soldados mortos durante o conflito.

 

“In Flanders Fields”, considerado um dos poemas mais emblemáticos escritos durante a I GM, descreve a redescoberta da vida nos campos da Flandres com o nascer das papoilas entre as cruzes das campas.

 

Dois anos mais tarde, a papoila foi oficialmente adoptada pela Legião Americana durante uma conferência internacional, em que estava presente Madame E Guerin, que viu aqui uma oportunidade para angariar fundos de apoio aos órfãos e viúvas dos militares com a venda em massa deste símbolo.

 

Em 1921 seria a vez da Legião Britânica adoptar oficialmente a papoila nas suas comemorações de homenagem aos soldados mortos na I GM.

 

Números

Alexandre Guerra, 05.11.15

 

Os números não deixam margem para dúvidas: dos 160 mil (40 mil + 120 mil) refugiados que a UE decidiu distribuir por vários Estados-membro, apenas foram recolocados 116. Esta Quarta-feira saiu o primeiro avião da Grécia para o Luxemburgo com 30 refugiados. De Itália partiram 38 para a Suécia e outros 48 para a Finlândia. A este ritmo, vão ser precisos vários anos para resolver o problema, até porque, por exemplo, só no mês de Outubro, chegaram 210 mil refugiados à Grécia. Desde o início do ano, foram 610 mil.

 

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