Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

A entrevista pouco diplomática de Juncker

Alexandre Guerra, 22.07.15

 

Numa altura em que a diplomacia internacional se orientava por certos códigos de conduta e regras, era normal que aquilo que era dito pelos líderes à volta de uma mesa de negociações ficasse entre quatro paredes. Talvez um dia, anos mais tarde, se pudesse vir a ler numa biografia ou num outro texto histórico sobre o que lá tinha acontecido. Ou então não, e essa informação ficaria para sempre confinada è memória dos seus intervenientes ou às actas escondidas num qualquer arquivo.

 

O problema é que nos dias que correm, os ecos das negociações em reuniões à "porta fechada", e que por vezes podem ter momentos de grande intensidade, rapidamente chegam à opinião pública e, na maior parte dos casos, pela boca dos próprios intervenientes. Ora, este comportamento de alguns líderes políticos mina qualquer clima de confiança que se pretende que exista numa conversação reservada.

 

O que aconteceu nas reuniões entre os responsáveis da Zona Euro/Comissão e os membros do Governo grego é exemplar desse desvario de comentários e observações -- muitas vezes quase em tempo real via Twitter -- e que em nada contribuíram para a construção de um clima de confiança. Pelo contrário, à medida que mais informação ia passando cá para "fora", mais as condições negociais se deterioravam.

 

Hoje, e num claro exemplo de falta de solidariedade institucional entre parceiros europeus e numa tentativa de sair de toda esta história com uma imagem de "conciliador", Jean-Claude Juncker revela numa entrevista ao Le Soir parte do conteúdo de uma dessas muitas reuniões que se realizaram nas últimas semanas, relativamente à suposta recusa dos chefes de Governo de Portugal, Espanha e Irlanda de um agendamento de uma discussão sobre o possível alívio da dívida grega antes das eleições legislativas de Outubro (Portugal e Espanha). Embora, o primeiro-ministro Passos Coelho já tenha vindo dizer que Juncker deve ter feito alguma "confusão", neste caso em concreto, pouco importa a posição daqueles governantes, já que é legítima à luz daquilo para que foram mandatados. 

 

O que é condenável é a forma como Juncker, presidente de um órgão europeu responsável pela aplicação dos tratados, viole princípios que são elementares no âmbito da teoria da negociação internacional. É igualmente preocupante a forma como Juncker trai a confiança dos seus parceiros europeus para "limpar" a sua própria imagem, num filme em que ninguém saiu bem.

 

O despacho...

Alexandre Guerra, 21.07.15

 

"Em casa, nós éramos três irmãos e, quando nós lutávamos, o meu pai dizia sempre que o mais forte devia recuar."

 

É curioso que o temível ministro alemão das Finanças tenha proferido esta frase numa entrevista à Der Spiegel, e hoje publicada pelo DN, quando na verdade, não parece ter seguido os ensinamentos do seu pai na forma como negociou com a Grécia. Wolfgang Schäuble em tempo algum recuou ou cedeu perante os intentos de Atenas. Agora, só o tempo dirá se Schäuble fez bem em não seguir o conselho do seu pai.

 

O despacho...

Alexandre Guerra, 16.07.15

 

"Já nada me choca hoje em dia -- a zona euro é um lugar muito hostil para as pessoas decentes."

 

Foi esta a resposta que o super mediático Yanis Varoufakis deu numa entrevista à New Statesman, à pergunta se ficaria chocado com uma possível demissão de Alexis Tsipras. O DN reproduz hoje essa conversa entre o jornalista Harry Lambert e o ex-ministro grego das Finanças. Deve ser lida com muita atenção, porque mostra um Varoufakis mais moderado e racional e muito objectivo em relação ao que se passou no interior do Eurogrupo.

 

Algumas notas sobre o acordo com o Irão

Alexandre Guerra, 15.07.15

 

Ao fim de 12 anos, com avanços e recuos, momentos de muita tensão, foi finalmente alcançado um acordo entre o Irão e as seis potências mundiais envolvidas (Reino Unido, França, Rússia, EUA e a Alemanha). É de facto um acordo histórico, uma grande vitória política para o Presidente americano, Barack Obama, e um grande mérito para o secretário de Estado, John Kerry. Depois da reconciliação histórica com Cuba, os EUA aproximam-se do Irão, algo que vem inflectir toda a dinâmica nas relações entre os dois países desde a revolução dos ayatollas, em 1979. É nesta dimensão política que este acordo deve ser visto, ou seja, muito além da questão nuclear. E é, precisamente, por essa dimensão política que já há quem o compare aos acordos de Camp David, de 1978, entre Israel e o Egipto, ou à reconciliação entre os Estados Unidos e a China, em 1972.

 

A importância deste acordo não é tanto pelas questões técnicas que norteiam o dossier nuclear (também importantes), mas sobretudo pelas possibilidades que abre para a reconfiguração geopolítica daquela região. 

 

Seja como for, em termos concretos, este acordo tenta evitar que o Irão consiga obter uma bomba nuclear nos próximos dez anos. Mas, é preciso sublinhar que este acordo é temporário, já que não proíbe o Irão de ter acesso à tecnologia nuclear. Condiciona, sim, a sua capacidade para enriquecer urânio, ao reduzir em dois terços o número de centrifugadoras existentes actualmente no país, assim como o obriga a abdicar de 98% de todo o urânio enriquecido que tem em stock (para produzir electricidade não é preciso urânio enriquecido). Como contrapartida, são levantadas as sanções. Mas, volta-se a sublinhar, a questão principal são as potencialidades político-diplomáticas que este acordo proporciona entre Washington e Teerão. Para começar, no combate ao Estado Islâmico.

 

Mas há aqui um problema que é preciso ter em conta: este acordo vem de certa forma legitimar o Irão como Estado nuclear (algo que nunca aconteceu com o Paquistão e a Índia) e isto pode ser visto como um incentivo para países sunitas, como a Arábia Saudita. Além do mais, é importante sublinhar que se trata de um acordo político e não de um tratado e, como tal, estará sujeito às vontades políticas de futuros dirigentes.

 

A música de um desconhecido nos EUA que se transformou num hino contra o apartheid

Alexandre Guerra, 13.07.15

 

 

Aclamado pela crítica e vencedor do Óscar para melhor Documentário em 2013, "À Procura de Sugar Man" vai à descoberta de Rodriguez, um músico obscuro de ascendência mexicana da década de 70, totalmente desconhecido nos Estados Unidos, onde permaneceu "desaparecido" durante longos anos (tendo sido mesmo dado como morto), mas que, por circunstâncias extraordinárias, teve uma forte influência cultural e social no movimento de emancipação e de contra-corrente ao regime de apartheid que se vivia na África do Sul. 

 

I Wonder, do álbum Cold Fact, transformou-se num hino para milhões de sul-africanos, que viram nas letras daquela música um autêntico grito de revolta.  

 

 

O despacho...

Alexandre Guerra, 10.07.15

 

"O Governo grego faz lembrar os adolescentes rebeldes que, no final do mês, metem a rebeldia ao saco e pedem a mesada aos pais."

 

João Pereira Coutinho ironizava, assim, esta Sexta-feria na sua coluna habitual no Correio da Manhã, com o comportamento errático do Governo de Alexis Tsipras que, afinal, parece agora estar a ceder em toda a linha às pretensões dos credores.

 

O estado do emprego nos países da OCDE

Alexandre Guerra, 09.07.15

 

Jobs outlook improving slowly but millions risk being trapped at bottom of economic ladder

9/7/2015 - The jobs recovery is slowly gathering pace, but employment will remain well below pre-crisis levels in many countries, especially in Europe, through to the end of 2016, according to a new OECD report.

The OECD Employment Outlook 2015 says that around 42 million people are currently without work across the OECD, down from 45 million in 2014 but still 10 million more than just before the crisis. 

Unemployment in the 34 OECD countries is projected to continue declining over the next 18 months to reach 6.5% in the last quarter of 2016. It will remain above 20% in Greece and Spain.

“Time is running out to prevent the scars of the crisis becoming permanent, with millions of workers trapped at the bottom of the economic ladder,” said OECD Secretary-General Angel Gurría, launching the report in Paris. “If that happens, the long-run legacy of the crisis would be to ratchet inequality up yet another notch from levels that were already far too high. Governments need to act now to avoid a permanent increase in the number of workers stuck in chronic joblessness or moving between unemployment and low-paid precarious jobs.”

The Outlook finds that long-term unemployment remains unacceptably high. More than one in three jobseekers in the OECD have been out of work for 12 months or more, equivalent to 15.7 million people. This is an increase of 77.2% since the end of 2007. More than half of these people have been without work for two years or more, and their chances of finding work again are shrinking.

 

   

The high and persistent youth joblessness level also remains a major concern. While levels have peaked in the worst hit countries of Southern Europe, youth unemployment remains above pre-crisis level in nearly every OECD country. The share of young people neither employed nor in education or training, the so-called NEETs, is still higher than in 2007 in more than three quarters of OECD countries among 20-24 year-olds and nearly two thirds of countries among 25-29 year-olds.

 

Moreover, the Outlook finds evidence that a person’s long-term career prospects are largely determined in the first ten years of working life. This suggests that many of the youth who finished school during the crisis and have struggled to find work since may find their future career opportunities limited.

The jobs mix has also shifted towards more part-time work, says the report. The share of workers employed part-time has risen from 18.6% before the crisis to 20.6% currently. It is highest in The Netherlands (51.7%), Switzerland (36.8%) and is more than 25% in Austria, Belgium, Denmark, Germany, Norway, Sweden and the United Kingdom. In many countries, people have chosen to work part-time, but in countries, such as Greece, Italy and Spain, many part-timers are looking for full-time jobs.

At the same time, the share of temporary employment has changed little since the start of the crisis. It fell sharply in the recession but has increased again during the recovery when many employers prefer to expand their workforce through temporary contracts.

 

Wage growth has slowed, falling from an annual 1.8% between 2000 and 2007 to 0.5% since. Wage restraint helped limit job losses during the recession and encourage a rebound in employment after, but slower wage growth and real declines in some countries has also reduced the incomes of many households, further contributing to economic hardship.

Policy makers should scale up efforts to assist jobseekers and, in particular, get the long-term unemployed and youth back into work, says the OECD. In some countries, re-employment and retraining programmes have borne too large a share of fiscal consolidation and more resources are required. Real expenditure on active labour market programmes per unemployed person fell between 2007 and 2013 by more than 50% in Ireland, Italy, Spain and the United Kingdom, and by over 40% in Australia.

Effective and efficient labour market institutions and policies, including effective public-private partnerships in the placement and training of job seekers, are essential to help motivate job-seekers, especially the long-term unemployed, improve their employability and expand their opportunities to be placed and retained in appropriate jobs.

Evidence presented in the Outlook shows that, when set at an appropriate level, minimum wages tend to have only a small adverse effect on employment and help raise living standards for low-earners. But minimum wages should be closely coordinated with the tax/benefit system to ensure that it results in higher disposable income for those that need it most.

 

For more information or detailed country notes, see the report's publication page.

 

An embeddable version of the report is available, together with information about downloadable and print versions of the report.

Dispatches from Africa...

Alexandre Guerra, 08.07.15

 

The new African Peace Facility - Annual Report 2014 is out

Since 2003, the African Peace Facility (APF) has been a key instrument underpinning Africa-EU cooperation on Peace and Security, with EUR 1.3 billion paid out through the instrument by the end of 2014. The APF Annual Report 2014 presents the activities and performance of the APF throughout the year.

The overall objective of the Report is to inform key stakeholders about the APF and new developments in order to facilitate communication and information exchange as well as to enhance transparency and accountability.

The Report provides a general overview of the APF instrument, along with an update on the activities in the three main areas of action for the period of January-December. The Report annex contains updated facts and figures that give an overview of supported initiatives, in addition to budget information.

Read it here!

 

Pág. 1/2