Por mais que custe admiti-lo, o Estado Islâmico (ISIS) tem sido muito eficaz na propagação do terror, ou melhor dizendo, na propagação de uma sensação de terror a uma orla cada vez mais distendida e que já se aproxima, perigosamente, da costa do sul da Europa. E o problema é que basta um atentado para que o ISIS coloque em causa um dos bens mais preciosos de países como a Tunísia: a sua relativa estabilidade de segurança. De facto, a Tunísia, no conjunto dos países do Magreb, sempre foi aquele que melhores condições de segurança apresentou, um vector essencial para a dinamização do turismo e que, aliás, cativou ao longo dos últimos anos muitos portugueses. Ali, com um voo de pouco mais de duas horas entre Lisboa e Tunis, já podiam encontrar um "cheirinho" da cultura árabe, boas praias, bons hotéis, costumes relativamente ocidentalizados e...segurança. Até ontem.
Essa estabilidade de que a Tunísia gozava até ontem (excepto durante aquele período mais conturbado da fantasiosa "Primavera Árabe" e de um atetntado mais recente) é hoje uma miragem, não necessariamente em termos objectivos e de segurança, mas naquilo que é a percepção das pessoas. Na verdade, a Tunísia será nos próximos dias um dos países mais vigiados e seguros do mundo, mas não é por isso que milhares de turistas cancelaram as suas férias e tentam regressar a casa.
Este ataque na Tunísia deve alertar as consciências dos líderes políticos de Portugal, Espanha e França, cujas suas costas do sul são fortes atractivos turísticos e, nalguns casos, estão a relativos poucos quilómetros do norte de África. Porque, qualquer estratego do ISIS saberá que um atentando numa praia do Algarve, da Costa do Sol ou da Côte d'Azur é o suficiente para, além das consequências humanas directas, inflingir danos douradouros na imagem de tranquilidade e calmaria que estes locais hoje em dia representam para milhares de turistas. E como foi dito acima, bastava um atentado, mesmo sem vítimas, para que os objectivos do ISIS se revelassem cumpridos. A percepção mudaria...