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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Leituras

Alexandre Guerra, 15.04.15

 

O El País, no editorial La voz de Francisco, refere que o Vaticano se tornou num actor influente na política internacional e que tal se deve ao Papa Francisco que, desde que assumiu o lugar de Sumo Pontífide, em Março de 2013, já conseguiu alguns feitos diplomáticos consideráveis.

 

Apontamentos históricos

Alexandre Guerra, 15.04.15

 

"A aparição do termo 'negritude' verificou-se à volta de 1935, e foi criado por Aimé Césaire (nasceu em 25 de Junho de 1913) e por Lépold Sédar Senghor (nasceu em 9 de Outubro de 1906), para designar uma personalidade africana, que Senghor assim definiu: 'o que faz a negritude de um poema, é menos o tema do que o estilo, o calor emocional que dá vida às palavras, que transmuda a palavra em verbo'. É, portanto, com estas duas personalidades que a tese da negritude começa a esboçar-se, prcurando definir e assentar as infra e as super-estruturas. Mas há-de ser, contudo, a publicação do ensaio esclarecedoramente intitulado 'Orphée noir', de Jean-Paul Sartre, que virá dar possibilidades de sistematização aos dados até então dispersos pelas obras daqueles pensadores e de outros escritores negros, crioulos e malgaches de expressão francesa. [...] Aimé Césaire e Senghor forneceram, contudo, as primeiras bases para esta incursão no plano do irracional. O primeiro, num poema célebre, fala-nos em

 

'aqueles que não inventaram nem a pólvora nem [a bússola 

aqueles que nunca souberam domar o vapor nem [a electricidade

aqueles que nunca exploraram nem os mares nem [o céu

mas aqueles sem os quais a terra não seria a terra',

 

enquanto Senghor, num campo menos dúbio de interpretação do que a poesia, encontrava uma fórmula para explicar o que poderia haver de dicotómico, de frontalmente oposto, entre os valores ocidentais europeus e os que pertenceriam à África negra: 'a emoção é negra como a razão é helena', que mais tarde, havia de explicar mais miudamente, escrevendo: 'tem-se dito com muita frequência que o negro é o homem da natureza. Vive tradicionalmente da terra e com a terra, no e pelo cosmos.'

 

E a estas afirmações que Sartre vai beber directamente o fundmental da sua teoria da negritude, que coloca brancos e negros em posições antiéticas, que só forçadamente podem ser complementares, pois que, comentando os versos de Césaire, nos diz que esta reivindicação altiva da não tecnicidade inverte a situação de penúria, transformando-o num elemento positivo: 'o que podia passar por uma falha transformar-se em fonte positiva de riqueza. A relação técnica com a Natureza revela-a como quantidade pura, inércia, exterioridade: ela morre. Pela sua recusa altiva de ser homo-faber, o negro devolve-lhe a vida.'"

 

in "Negritude e humanismo" de Alfredo Margarido (Edição da Casa dos Estudantes do Império, Lisboa, 1964)

 

Estoril Conferences: apresentadas esta Quarta-feira

Alexandre Guerra, 13.04.15

 

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Nota à imprensa

“Geopolítica: Novos Paradigmas de Segurança” (EUA/UE versus Rússia), “Religião e o Diálogo entre Civilizações” (Estado Islâmico) e “Lições a retirar da Crise Grega” são alguns dos temas que vão ser debatidos por grandes figuras internacionais na 4ª edição das Conferências do Estoril que se realizam já em Maio, cujos nomes e restantes temas serão revelados em conferência de imprensa no dia 15 de Abril, pelas 10h00, no Palacete Henrique de Mendonça, Universidade Nova SBE, em Lisboa.

 

As Conferências do Estoril são um grande fórum internacional sobre questões e desafios referentes à Globalização. Ao longo de quatro dias o diálogo entre Chefes de Estado, políticos, economistas, investigadores, jornalistas e empresários será incentivado a fim de promover a reflexão sobre o tema principal da conferência: "Desafios Globais, Respostas Locais".

 

Pelas Conferências do Estoril já passaram mais de 121 oradores de renome mundial como Tony Blair, Fernando Henrique Cardoso, José Maria Aznar, Herman van Rompuy, Viktor Orbán, Frederik de Klerk, Dominique de Villepin, Mohamed ElBaradei, SAR a Princesa Laurentien,   François Pérol, Joseph Stiglitz, Nouriel Roubini, Francis Fukuyama, Christopher Pissarides, Larry King, Anthony Giddens, só para citar alguns.

 

Salientamos ainda a relação estabelecida com as principais instituições académicas nacionais e internacionais que se tornaram nossos parceiros: Universidade Católica de Portugal, Universidade de Aarhus, Universidade Erasmus, Fundação Getúlio Vargas, Universidade de Georgetown, Universidade Hebraica de Jerusalém e, mais recentemente, Universidade da Cidade do Cabo.

 

E assim vai o terrorismo...

Alexandre Guerra, 08.04.15

 

Quando se fala hoje em dia de terrorismo islâmico é importante perceber a suas diferentes nuances, já que não se está a falar exactamente da mesma coisa. Na verdade, existem diferentes realidades em diferentes contextos e que devem ter abordagens interpretativas diferentes. Por exemplo, o fenómeno do terrorismo internacional da al Qaeda não deve ser confundido com o terrorismo que durante anos foi praticado por movimentos ligados à libertação palestiniana. Tal como o terrorismo uigure (muçulmano), na região de Xiangxiang na China, ou aquilo que o PKK fez durante anos na Turquia (e não só), não deve ser comparado com os actos praticados pelo Estado Islâmico. É preciso perceber que por detrás destes diferentes movimentos, existem diferentes motivações e objectivos. 
 
Actualmente, é importante notar que dentro do terrorismo islâmico existem interesses contrários e que estão em confronto em locais como no Iraque ou no Iémen. Basicamente, estes dois confrontos espelham uma rivalidade crónica entre sunitas e xiitas. O Estado Islâmico no Iraque, maioritariamente sunita radical, tem estado a ser combatido por xiitas (apoio do Irão) ou sunitas moderados (iraquianos, sauditas, etc).
 
Já no Iémen, os terroristas Houthi são xiitas radicais e estão a ser apoiados pelo Irão no combate ao Governo de Sanaa. Ao mesmo tempo, o movimento da al Qaeda na Península Arábica,sunita radical e apoiado pela al Qaeda, combate os Houthis e o Governo. Entretanto, o Estado Islâmico também se está a imiscuir no Iémen para enfraquecer a filial da al Qaeda. De notar que estes dois movimentos transnacionais, sunitas, são rivais.     
 
Na Somália, o movimento terrorista al Shabab tem provocado a desestabilização nos últimos anos, levando mesmo à queda do seu Governo. As acções daquele movimento têm igualmente se estendido ao Quénia, país que em 2011 enviou um contingente militar para intervir na Somália, precisamente para combater a al Shabab. Este movimento, ao contrário de outros, não tem ligações fortes nem alinhamentos com polos de poder sunitas (Arábia Saudita) ou xiitas (Irão), já que se trata de um grupo de cariz sobretudo criminoso, assente na pirataria. No entanto, desde 2012 que estabeleceu alguns laços com a al Qaeda, assim como com alguns movimentos africanos, tais como o Boko Haram. 
 

Coisa rara...

Alexandre Guerra, 01.04.15

 

Quem diria que da Nigéria,um país com 170 milhões de habitantes, retalhado em dezenas de etnias, dividido entre cristãos e muçulmanos, e com mais de 500 línguas e dialectos, nos chegassem boas notícias quanto ao desfecho de umas eleições presidenciais. Então não é que o ainda presidente Goodluck Jonathan, reconheceu de imediato a derrota, merecendo os elogios do seu adversário e vitorioso Muhammadu Buhari. Eis uma transição pacífica de poder em África. Coisa rara...

 

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