Protestos que não abalam a equação "um país, dois sistemas"
Foto AFP/BBC NEWS
Para já, os protestos que se têm visto nas ruas de Hong Kong nos últimos dias dificilmente põem em causa o famoso modelo "um país, dois sistemas", uma equação de equilíbrio entre os interesses da China e a realidade contrastante de um território que regressava à soberania de Pequim, em 1997. Quase 20 anos passaram e as "liberdades" concedidas pelo regime chinês a Hong Kong parecem já não chegar para agradar a alguns dos seus cidadãos, sobretudo jovens, que exigem agora mais reformas pró-democracia, nomeadamente no que diz respeito à eleição dos seus líderes. Mas, o Diplomata não crê que este movimento consiga ter o impacto que outros do género tiveram noutros locais do mundo.
Pequim parece não querer ceder naquilo que ficou definido no acordo de 1984 com o Reino Unido, porque apesar de ter dito que iria permitir eleições directas em 2017 para a chefia do Governo de Hong Kong, acabou por introduzir em Agosto último uma nuance, ao informar que os eleitores só poderão escolher entre dois ou três candidatos que sejam previamente escolhidos por um comité definido por Pequim.
Para muitos cidadãos de Hong Kong esta questão é de menor importância e, por isso, não se identificam com os actuais protestos, já que aquele território goza de grande autonomia a vários níveis. Tratando-se de um debate muito político sobre um assunto que, de certa forma, é visto por muitos como pouco relevante para a dinâmica económica do território, é compreensível que as manifestações estejam a ser alimentadas, sobretudo, por uma massa de estudantes universitários. Aliás, muitos dos empresários estão contra estes protestos e um estudo recente realizado pela Universidade de Hong Kong referia que a maioria dos habitantes vêem a ligação à China de forma mais positiva do que negativa.