Os espiões sabem que os seus países não têm "amigos"
Por definição, nas Relações Internacionais não há países amigos, apenas aliados ou inimigos. Não é por isso de estranhar que mesmo as relações entre agências de "intelligence" de países aliados sejam marcadas por alguma desconfiança e opacidade. Por exemplo, são muitas as histórias de engano e de dissimulação entre a CIA e a ISI (serviços secretos paquistaneses) e vice-versa. O mesmo se pode dizer na dinâmica comunicacional entre a Mossad e a CIA (e vice-versa).
Há um caso dos tempos da Guerra Fria bem demonstrativo da desconfiança instalada entre as secretas americanas e israelitas. A determinada altura, Washington queixa-se que os seus colegas espiões israelitas não estariam a passar a informação necessária sobre um determinado assunto e, como tal, exigiram uma maior cooperação. Os homens da Mossad não querendo, por um lado, desrespeitar o pedido da CIA e, por outro, abrir o "jogo" todo com os seus homólogos americanos, optaram por uma solução cínica, mas engenhosa: passaram a enviar montantes gigantescos de informação, atulhando de tal forma os analistas da CIA que os impossibilitava de se focarem com atenção em áreas sensíveis para Israel.