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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O padre que se fez Santo dos apaixonados depois de ter desafiado o poder de Roma

Alexandre Guerra, 14.02.14

 

Santo Valentinus baptiza Santa Lúcia/Pintura de Jacopo Bassano de 1575/ A primeira representação conhecida do Santo Valentinus encontra-se na "Crónica de Nuremberg de 1493"

 

O Dia de São Valentim é hoje celebrado por milhares de namorados e de casais em todo o mundo, e enquanto os apaixonados e amantes vão trocando todo o tipo de mensagens, rosas, bombons, peluches (e sabe-se lá mais o quê), poucos saberão que na origem destes rituais está uma história de poder, que acabou em decapitação e na martirização de um padre.

 

Apesar de não haver uma certeza absoluta sobre quem era o Santo que  se celebra neste Dia, seria provável que fosse um padre cristão romano, de nome Valentinus (latim), que desafiou o poder instituído de Roma, personificado no imperador de Cláudio II.

 

Embora se possam encontrar pelo menos outros dois Santos Valentinus associados ao dia 14 de Fevereiro, um bispo de Interamna (moderna Terni) e um outro que terá morrido em África em difíceis condições, foi sem dúvida o padre de Roma que se tornou no mártir mais famoso e celebrado, até porque os arqueólogos descobriram uma catacumba e uma antiga igreja dedicada ao Santo Valentinus precisamente naquela cidade.

 

Além disso, no ano de 1493, na Crónica de Nuremberg, é pela primeira vez feita referência ao Santo Valentinus, como padre romano martirizado durante o reinado de Cláudio II. O padre Valentinus, tal como aconteceu com outros cristãos, desafiou a lei do Império, que proibia a prática do cristianismo, assim como o auxílio a quem praticasse esta religião.

 

Valentinus não só era um homem de fé cristã como casava em segredo os casais cristãos e auxiliava todos aqueles que eram perseguidos pelas autoridades. Supostamente também ajudava a libertar os cristãos enclausurados sujeitos a torturas.

 

O padre acabou por ser detido e, segundo consta, terá tentado converter o Imperador ao cristianismo. Um erro capital. Valentinus acabou por ser espancado e, finalmente, morto. Decapitado. No dia 14 de Fevereiro (instituído formalmente pelo Papa Gelásio em 496) do provável ano de 269.

 

Rezam as crónicas que, durante o seu cativeiro, a filha do seu carcereiro se terá apaixonado pelo padre, com quem chegou a encontrar-se.

 

Apaixonada e cega, a jovem terá recuperado a visão depois daquele encontro. Um autêntico milagre. Diz ainda a lenda que na noite anterior à sua execução o padre terá feito chegar uma carta à jovem apaixonado, na qual exprime o seu amor cristão, despedindo-se com um “do seu Valentinus”.

 

Temas fracturantes

Alexandre Guerra, 11.02.14

 

 

Desde Domingo até esta Terça-feira à noite, Portugal debateu-se com um tema fracturante que agitou a sociedade portuguesa: a cobertura do Estádio da Luz. Alimentou paixões, inflamou ânimos e suscitou debates do mais alto nível protagonizados pela "intelligentia" deste País. Os portugueses, orientados por uma classe jornalística cada vez mais pobre e inculta, exprimiram, mais uma vez e de forma inequívoca, as suas prioridades no que concerne aos temas fracturantes para o futuro do País.

 

Também nas últimas 48 horas, um outro país europeu, supostamente mais evoluído e civilizado, mergulhou num debate intenso sobre um tema fracturante: a eutanásia...de uma girafa. Pois é verdade, na Dinamarca não se tem discutido outra coisa, desde que o Jardim Zoológico de Copenhaga abateu a girafa Marius para evitar a consaguinidade na comunidade daquela espécie no zoo da capital dinamarquesa. O próprio director científico daquele estabelecimento veio justificar a sua decisão ao abrigo do "programa internacional de procriação", que exige o cumprimento de várias regras, nomeadamente, na gestão do excedente de exemplares daquela espécie.

 

Quem não aceitou estas justificações foram pelo menos as 30 mil pessoas que assinaram uma petição para salvar a Marius. Entretanto, parte da sociedade dinamarquesa exige a demissão do director científico zoo e até já houve mesmo ameaças a alguns dos seus funcionários. 

 

A conclusão de tudo isto parece óbvia: Pouca gente terá dúvidas sobre as diferenças abismais entre Portugal e Dinamarca relativas aos estádios de desenvolvimento social, mas quando chega a hora do debate de temas fracturantes, parece que a irracionalidade é um vírus que tanto afecta o Sul como o Norte da Europa. 

 

Momentos com história

Alexandre Guerra, 11.02.14

 

Foto:icpress.cn

 

Apesar de não haver uma agenda oficial, realiza-se esta Terça-feira, em Nanjing (província chinesa Jiangsu), o primeiro encontro ao mais alto nível entre representantes da China e de Taiwan, Zhang Zhijun e Wang Yu-chi, respectivamente. Trata-se de uma visita de quatro dias de Yu-chi à China e é a primeira vez que se realiza um encontro deste nível desde 1949, ano em que terminou a guerra civil chinesa e que os derrotados nacionalistas (KMT) fugiram para Taiwan. Desde então que aquela ilha seguiu os seus próprios desígnios políticios, embora Pequim nunca tenha reconhecido a autonomia ou a independência de Taiwan. O Governo chinê-se ficou-se pelo célebre modelo "um país, dois sistemas", solução encontrada para Hong Kong e que poderia também ser aplicada a Taiwan.

 

Entretanto, desde 2008, com a eleição do Presidente de Taiwan,  Ma Ying-jeou, assistiu-se a um aliviar de tensão entre os dois lados do Estreito da Formosa. O encontro destes últimos dias entre Zhang Zhijun e Wang Yu-chi é o corolário dessa dinâmica. 

 

Na foto, Wang Yu-chi, chefe do Taiwan's Mainland Affairs Council (esq.), estende a mão a Zhang Zhijun, director do China's Taiwan Affairs Office, (dir.), esta manhã, antes da sua reunião em Nanjing, no Leste da China na província de Jiangsu.

 

As lágrimas (de alegria) vertidas em Moscovo

Alexandre Guerra, 07.02.14

 

 

No dia em que começam os já muito polémicos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, cidade russa localizada na costa do Mar Negro, a BBC News relembra que em 1975, o então secretário-geral da Partido Comunista Soviético, Leonid Brezhnev, escrevera a um colega no Politburo, alertando para os eventuais avultados custos financeiros e possíveis escândalos que surgiriam caso a União Soviética acolhesse os Olímpicos de 1980. E Brezhnev terá ido ainda mais longe, sugerindo que seria possível à URSS desistir do projecto, submetendo-se apenas a uma pequena multa.

 

Os Jogos Olímpicos de 1980 acabaram por realizar-se em Moscovo, embora sob um dos maiores boicotes de sempre liderado pelos Estados Unidos. Apesar disso, aqueles JO foram marcanres e ficaram simbolizados no Misha, a primeira mascote que se celebrizou à escala global. Para a História e na memória de quem viu, ficaram as lágrimas do Misha vertidas na cerimónia de encerramento.  

 

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