Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Duas notas breves

Alexandre Guerra, 27.09.13

 

 

O Diplomata deixa aqui duas notas breves sobre acontecimentos importantes nas relações internacionais ocorridos nos últimos dias. 

 

A vitória expressiva de Angela Merkel na Alemanha, que conseguiu o melhor resultado para a CDU desde 1990, é reveladora daquilo que os cidadãos das sociedades ocidentais querem: bem estar social, uma economia forte que proporcione empregos e bons ordenados e um sistema de "homeland security" que transmita a sensação de segurança aos eleitores. Qualquer governante que consiga reunir estes ingredientes tem assegurada a vitória.

 

Os discursos de Barack Obama e de Hassan Rouhani na Assembleia Geral das Nações Unidas marcam, claramente, o início de um período de "desanuviamento" nas relações diplomáticas entre os Estados Unidos e o Irão. Um trabalho que, provavelmente, já vinha sendo desenvolvido nos "bastidores" desde (ou até antes) a eleição de Rouhani.

 

Leituras

Alexandre Guerra, 24.09.13

 

Com a "City Hall" de Nova Iorque em disputa no próximo mês de Novembro, os democratas já têm o seu candidato: Biil de Blasio. O New York Times publicou ontem um incómodo artigo biográfico daquele candidato. A Mayoral Hopeful Now, Blasio Was Once a Young Leftist revela que dos propósitos humanitários de Blasio, enquanto esteve na Nicarágua nos anos 80, se gerou uma simpatia política pelos sandinistas.

 

A al-Shabab surpreende com ataque terrorista no Quénia

Alexandre Guerra, 23.09.13

 

Quase 70 mortos e mais de 170 feridos é o balanço, até ao momento, de um ataque terrorista feita no Sábado e que ainda se prolonga com reféns num centro comercial em Nairobi. De acordo com a informação disponível, o movimento somali al-Shabab estará por detrás do ataque, justificado como retaliação à intervenção do Quénia na Somália.

 

Caso se confirmem estas notícias, é a primeira vez que a al-Shabab actua fora da Somália com uma operação deste género, com reféns e durante vários dias. Para os intentos do movimento, este ataque assume particular importância, numa altura em que a al-Shabab vinha perdendo terreno na Somália.

 

Translatlantic Trends 2013

Alexandre Guerra, 19.09.13

 

O German Marshall Fund (GMF) já divulgou o Transtlantic Trends 2013, o mais completo estudo de opinião transatlântico com vista a obter as percepções das opiniões públicas europeia e americana sobre variados assuntos, que podem ir desde a liderança política, às questões de guerra e da paz, passando pelas políticas adoptadas pelos líderes. 

 

Esta sondagem (EUA, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Itália, Holanda, Portugal, Eslováquia, Suécia, Polónia, Roménia e a Turquia) não podia passar ao lado da actual crise política na Europa. Um estudo para consultar aqui

 

Oxfam alerta para o aumento das desigualdades na Europa

Alexandre Guerra, 12.09.13

 

Muito a propósito do texto que o Diplomata aqui ontem escreveu, a Oxfam divulgou esta Quinta-feira um relatório em que alerta para o aumento das desigualdades em alguns países europeus, provocado pelas medidas de austeridade em curso. Portugal, Grécia, Irlanda, Itália e o Reino Unido podem rapidamente ser os países mais desiguais da Europa, caso as políticas não sejam alteradas.

 

O relatório "A Cautionary Tale: The true cost of austerity and inequality in Europe" refere ainda que as actuais políticas de austeridade podem colocar em risco de pobreza mais 15 a 25 milhões de cidadãos europeus em 2025. Segundo este estudo, só os 10 por cento dos europeus mais ricos estão a beneficiar com as medidas de austeridade. 

 

Disparidades salariais

Alexandre Guerra, 11.09.13

 

A disparidade salarial entre classes sociais é um tema que tem vindo a ganhar protagonismo no debate das sociedades ocidentais, nomeadamente nos Estados Unidos. Não tanto pelo facto de existirem diferentes níveis de rendimento entre pessoas, mas sim, por causa do fosso cada vez maior entre o "um por cento" da população mais rica americana e os restantes estratos sociais.

 

A revista Fortune revelava num editorial recente que, em média, o rendimento das famílias americanas aumentou 62 por cento entre 1979 e 2007. Porém, o grupo restrito dos "um por cento" mais ricos viu os seus rendimentos aumentarem 275 por cento. Enquanto os 20 por cento mais pobres ficaram-se por um aumento de rendimentos na casa dos 18 por cento.

 

Vários factores ajudam a explicar esta disparidade, os quais não são objecto de análise neste texto. O importante aqui a realçar é o facto destas disparidades começaram a atingir um ponto em que prejudicam o acesso equitativo às oportunidades na sociedade americana. E este princípio tem sido basilar no "american way of life".

 

Alan Krueger, antigo conselheiro económico do Presidente Barack Obama, acredita que esta situação representa uma ameaça ao crescimento económico. Neste sentido, diz a Fortune que "grandes disparidades de rendimentos conduzem a uma fragmentação da sociedade". E qual então a solução?

 

É na resposta a esta pergunta que a Fortune surpreende, ao sugerir medidas que se esperariam vindas de qualquer orgão de comunicação social europeu, mas nunca de uma revista americana, ainda por cima especializada em economia. Andy Serwer, Managing Director da publicação, deixa a receita: acentuar a carga fiscal sobre os cidadãos mais ricos, elevar a taxação sobre os ganhos financeiros e aumentar o ordenado mínimo. 

 

Aquilo que Serwer escreve parece ter tanto de óbvio como de racional e lógico, mas mesmo assim é considerado uma heresia por uma parte considerável da elite política e social americana e por muitos cidadãos comuns do campo republicano.

 

Sem dramas nem crises políticas

Alexandre Guerra, 10.09.13

 

A Noruega acabou de entregar o poder ao centro-direita, após oito anos de governação de Jens Stoltenberg do Partido Trabalhista. Curiosamente, este até foi o partido mais votado, conquistando 55 assentos num parlamento de 169, no entanto, a coligação de centro-esquerda não resistiu à subida dos vários partidos do centro-direita e de extrema-direita, nomeadamente do Partido Conservador, o segundo mais votado com 48 assentos parlamentares ganhos.


Perante este cenário -- e tal como também pode acontecer em Portugal --, seria pouco racional que fosse Stoltenberg (apesar de liderar o partido mais votado) a ser chamado a formar Governo, já que nunca consegueria obter uma coligação maioritária no parlamento.

 

Sem dramas ou crises políticas -- algo que numa situação deste género facilmente aconteceria em Portugal --, Stoltenberg assumiu de imediato a derrota na noite das eleições, enquanto Erna Solberg, líder do Partido Conservador, anunciou que iria iniciar conversações com as restantes formações políticas à direita para um Governo de coligação.

 

Washington circunscreve conflito da Síria a um dia e a 1429 mortos

Alexandre Guerra, 08.09.13

 

John Kerry, este Domingo, com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Liga Árabe, em Paris/Foto: Susan Walsh (pool)/NYT 

 

A diplomacia americana ficou a ganhar com a nomeação do experiente e sensato John Kerry para chefiar o Departamento de Estado. Foi um bom reforço para a administração liderada por Barack Obama, ao depositar a política externa numa pessoa prudente nas suas declarações políticas e nas abordagens diplomáticas.

 

No entanto, em relação ao processo sírio, Kerry parece estar a ser prudente demais, ao sublinhar repetidamente que a intervenção de Washington neste dossier se deve única e exclusivamente ao ataque com armas químicas do passado dia 21 de Agosto, supostamente levado a cabo pelo regime de Bashar al-Assad, que, segundo os Estados Unidos, terá morto 1429 pessoas.

 

Ainda este Domingo, em Paris, Kerry disse que Assad passou uma "linha vermelha global" ao ter usado armas químicas. E é por isso, e só por isso, que Washington pondera uma intervenção militar, embora limitada, sobre a Síria. Como diz Kerry: "O que nós queremos é a imposição dos padrões no que diz respeito ao uso de armas químicas."

 

Ora, este racional tem vindo a ser reforçado por Washington nos últimos dias, num claro distanciamento da administração americana do resto do conflito. Basicamente, Washington está a circunscrever o conflito ao dia 21 de Agosto. Ou seja, depreende-se desta posição que se não fosse o ataque de gás Sarin, os Estados Unidos não colocariam a Síria no topo da agenda nema a possibilidade de uma intervenção militar, apesar de já terem morrido mais de 100 mil pessoas.

 

Momentos com história

Alexandre Guerra, 06.09.13

 

Barack Obama reunido com o seu staff na noite de 30 de Agosto na Sala Oval da Casa Branca/Foto: Casa Branca/Pete Souza

 

O Presidente americano preside ao National Security Council (NSC)/Foto: Casa Branca/Pete Souza

 

Diz o New York Times que as fotografias tiradas por Pete Souza, fotógrafo oficial da Casa Branca, das reuniões que Barack Obama tem tido com os seus conselheiros a propósito da Síria, e que têm sido publicadas na site da Presidência, revelam diferentes expressões faciais dos seus intervenientes, indiciando alguma tensão entre os presentes.  


Onde andavam?

Alexandre Guerra, 03.09.13

 

É interessante ver como surgem agora comentadores, analistas e políticos a alertar para a situação dramática na Síria, quando nos últimos dois anos nem uma palavra disseram ou escreveram sobre o assunto. E motivos não faltaram, já que, segundo a ONU, o número de mortes já ascende a mais de 100 mil.