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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Uns e outros

Alexandre Guerra, 20.03.13

 

George Osborne, esta Quarta-feira, antes de ir para a Câmara dos Comuns/Carl Court/AFP/Getty Images 

 

Ao contrário da penosa prestação de uns, há outros que, apesar de tudo, ainda lá vão apresentando alguns dados macroeconómicos minimamente animadores. Eis o que o chanceler britânico, George Osborne, apresentou hoje na Câmara dos Comuns a propósito da discussão do Orçamento de Estado 2013. 

 

*  The GDP growth in 2014 is forecast to be 1.8%, then 2.3% in 2015, 2.7% in 2016 and 2.8% in 2017, according to the Office for Budget Responsibility (OBR). In the short-term it predicts the UK will avoid a second quarter of negative growth and a triple-dip recession.

*  The deficit has been cut by a third from 11.2% of GDP in 2009/10 to a predicted 7.4% this year. It is expected to fall to 6.8% next year, 5.9% in 2014/15, then 5%, 3.4% and 2.2% by 2017/18.

*  The OBR forecasts higher employment, with 600,000 more jobs expected in 2013 than this time last year.

*  Borrowing predicted to fall from £108 billion next year to £97 billion in 2014/15, then £87 billion, £61 billion and £42 billion in following years. Meanwhile, the proportion of national income spent by the state has fallen from 47.4% three years ago to 43.6% today and is on course to reach 40.5% by the end of the period.

*  Public sector net debt to be 75.9% of GDP this year then 79.2%, 82.6%, 85.1%, 85.6% in following years before falling to 84.8% in 2017/18.

*  The Bank of England's Monetary Policy Committee keeps 2% inflation target.

 

À procura do paradigma energético mais equilibrado

Alexandre Guerra, 19.03.13

 

As sociedades actuais consomem cada vez mais energia, seja por lazer ou por necessidade. Não obstante a maior sensibilidade das pessoas para um consumo responsável e as novas tecnologias que permitem reduzir os gastos, a utilização de energia eléctrica tende a aumentar.

 

Os consumidores, sobretudo os das sociedades desenvolvidas, não abdicam dos seus níveis de conforto ou de necessidade. Como tal, os governos são confrontados perante o dilema da escalada de fornecimento de energia, mas a preços razoáveis e de forma sustentável. Com esta equação é impossível forjar um paradigma perfeito. 

 

Perante as actuais necessidades energéticas, nomeadamente no fornecimento de electricidade, os governos têm como desafio conceber paradigmas minimamente racionais, que consigam um equilíbrio aceitável entre as seguintes variáveis: "procura", "preço" e "sustentabilidade". Não existe qualquer fórmula mágica que permita dar uma resposta 100 por cento satisfatória, mas é possível criar um paradigma que permita uma gestão equilibrada daquelas variáveis.

 

Esse mesmo paradigma poderá e deverá variar de país para país, tendo em conta as suas necessidades e condicionantes. Por vezes, os governantes não conseguem fazer uma leitura racional e objectiva que lhes permita encontrar a solução mais equilibrada de todas. Portugal é um bom exemplo desta realidade, com a aprovação, há uns anos, de um plano nacional de barragens, com elevados custos financeiros, fortes impactos ambientais e pouco (para não dizer quase nulo) retorno na produção de electricidade.

 

Já o Governo britânico acabou de anunciar a construção da primeira central nuclear de uma nova geração daquele tipo de infraestrutura. Aqui, o Diplomata considera estar-se perante uma decisão acertada. Há muito que o Reino Unido assenta o seu paradigma energético na tecnologia nuclear, dando agora um novo estímulo a este programa. Como refere o Executivo londrino, esta nova geração de centrais "are needed to cut carbon and keep the lights on". 

 

Certamente que muitos se opõem a esta estratégia, no entanto, poucos estão dispostos a alterar os hábitos de consumo ou a abdicar do conforto que a electricidade lhes dá. E a verdade é que qualquer que seja a solução (e nenhuma delas é milagrosa) vai haver sempre pontos positivos e pontos negativos.

         

Como é possível tanta insensatez?

Alexandre Guerra, 17.03.13
  • Depositors with under 100,000 euros deposited must pay 6.75%
  • Those with more than 100,000 in their accounts must pay 9.9%
  • Depositors will be compensated with the equivalent amount in shares in their banks
  • The levy is a one-off measure

Medidas impostas (e anunciadas de surpresa) pela União Europeia e pelo FMI ao Chipre. Como é possível tanta insensatez?

 

É impossível não querer um "brinquedo" destes

Alexandre Guerra, 13.03.13

 

 

Para o Pentágono não existem dúvidas: o F-35 Joint Strike Fighter é o caça mais completo de sempre. Esta foi uma das certezas avançadas por Frank Kendall, principal negociador do Departamento de Defesa, durante uma conferência em que participou, numa tentativa assumida de proteger aquele programa contra eventuais cortes financeiros.

 

Kendall e alguns responsáveis militares do Pentágono receiam que as restrições orçamentais possam afectar o mais caro programa da história militar americana. O projecto F-35, desenvolvido pela Lockheed Martin, deverá chegar aos 400 mil milhões de dólares, 70 por cento acima do custo inicialmente estimado. Além disso, o programa já vai com sete anos de atraso.

 

Kendall disse sem rodeios que irá tentar "proteger" o F-35, porque os Estados Unidos precisam das suas capacidades, que permitirão àquele caça "dominar os céus" durante as próximas décadas. O Diplomata já tinha feito referência a esta maravilha tecnológica em 2009 e em 2011

 

Neste momento, a Lockheed Martin está a desenvolver três modelos do F-35 para os diferentes ramos das Forças Armadas e conta com oito países parceiros. Em 2011 foram entregues 11 aparelhos e no ano passado 30.

 

Benjamin Netanyahu "liberta-se" dos ultra-ortodoxos

Alexandre Guerra, 12.03.13

 

 

Uma das consequências do espinhoso processo de formação de Governo em Israel actualmente em curso é o afastamento das formações partidárias ultra-ortodoxas do espectro político executivo que, de uma maneira ou de outra, têm marcado presença ou influência nos governos de direita desde a fundação do Estado hebraico em 1948.

 

Benjamin Netanyahu, vencedor das últimas eleições, deverá optar por alianças com partidos mais moderados, libertando-se, assim, dos constrangimentos impostos pelos ultra-ortodoxos. Porque, o problema que se tem colocado ao longo dos anos na coabitação com aquelas formações não é apenas político. É sobretudo um choque permanente entre diferentes modelos de sociedade. Nem "falcões" como Netanyahu se identificam com o paradigma apregoado pelos ultra-ortodoxos. 

 

Além disso, a classe política e a opinião pública em geral começam a demonstrar uma insatisfação crescente perante aquilo que consideram ser a imposição moral e religiosa de um grupo privilegiado de pessoas que vivem à margem da sociedade e que, sob o pretexto do ensino dos valores basilares da Torah, vão obtendo regalias. Financiamentos governamentais ou a excusa de serviço militar obrigatório são apenas alguns exemplos dos benefícios da comunidade ultra-ortodoxa.

 

Actualmente, cerca de 10 por cento dos israelitas são ultra-ortodoxos, um número que deverá aumentar para 15 por cento em 2025. É uma questão sensível, já que a lógica de ensino ultra-ortodoxo assenta quase exclusivamente no estudo da Torah, excluindo áreas de saber como Matemática, Inglês ou ciências. A par desta realidade, os mais velhos continuam a estudar a tempo inteiro graças aos apoios estatais. 

 

Com a comunidade ultra-ortodoxa "fechada" ao resto da sociedade e virada para si mesma, a consequência natural é um maior desemprego e uma taxa de pobreza mais elevada comparativamente ao resto da sociedade.

 

Mas, talvez o principal desafio para os governantes nos próximos tempos seja gerir a fricção crescente entre a comunidade ultra-ortodoxa e o resto da sociedade israelita (já para não falar dos palestinianos).

 

Recentemente, os activistas ultra-ortodoxos defenderam algumas medidas consideradas radicais e que estão a gerar desconforto entre os israelitas, nomeadamente a tentativa de incutir alguns costumes restritivos na indumentária das mulheres judaicas.

 

Ainda mais preocupante e polémica é a medida que prevê práticas consideradas segregacionistas, tal como a utilização de autocarros e passeios exclusivamente para ultra-ortodoxos, estando os palestinianos proibidos de coabitarem naqueles espaços.

 

Netanyahu, talvez já com pouca paciência para os ensinamentos dos ultra-ortodoxos e antecipando futuros problemas, está a tentar libertar o seu novo Governo das amarras dos radicais da Torah, o que também poderá ser visto com alguma esperança pela sociedade israelita mais "mainstream".  

 

Texto publicado originalmente no Forte Apache.


Mais uma vez a economia americana surpreende (pela positiva) analistas

Alexandre Guerra, 10.03.13

 

Ao contrário do tom pessimista e, por vezes, depressivo com que os analistas caracterizam a conjuntura económica da Europa, os Estados Unidos vão dando lições ao Velho Continente de que como se recupera de uma crise. Os dados mais recentes referentes à actividade económica americana de Fevereiro confirmam uma tendência crescente de criação de emprego nos últimos três meses.

 

No passado mês foram criados nos Estados Unidos 236 mil empregos, um valor muito acima daquilo que os analistas esperavam, colocando a taxa de desemprego nuns aceitáveis 7,7 por cento, o valor mais baixo desde Dezembro de 2008. Já em Janeiro a economia americana tinha criado 157 mil postos de trabalho e, também nessa altura, os analistas foram apanhados de surpresa.

 

A beleza deste e de outros mundos

Alexandre Guerra, 09.03.13

 

Foto de Collen Pinski (Peyton, CO)

 

Esta fotografia espectacular, tirada em Albuquerque, Novo México, durante o eclipse solar em Maio do ano passado, é uma das 50 finalistas no concurso anual smithsonian.com. Vale a pena ver as outras fotografias finalistas e, já agora, aproveite para votar na sua preferida.

 

Algo vai mesmo mal quando Portugal recebe lições de justiça do Afeganistão

Alexandre Guerra, 05.03.13

 

Kabul Bank em Cabul/Foto:Shah Marai/AFP/Getty

 

Por incrível que pareça, o Afeganistão deu esta Terça-feira uma lição de justiça a Portugal, ao condenar dois antigos responsáveis do Kabul Bank a cinco anos de cadeia, depois de terem sido acusados de uma fraude gigantesca naquela instituição, descoberta em finais de 2010. Os dois arguidos foram ainda condenados a multas pecuniárias. Um a quatro anos de prisão é o destino de outros 21 funcionários do banco. 

 

À semelhança do que aconteceu com outras instituições financeiras em vários países, nomeadamente em Portugal, com o escandaloso BPN, também o Kabul Bank foi alvo de uma massiva fraude, assente em empréstimos sem qualquer tipo de cobertura (bad loans), no valor de 900 milhões de dólares, canalizados sobretudo para a elite política e algumas empresas “amigas”. Um tema já abordado por este autor em Abril de 2011.

 

Mas ao contrário do que tem acontecido em Portugal, com o vergonhoso processo judicial BPN (e já agora o BPP), a justiça no Afeganistão foi célere, tendo criado um tribunal especial para este caso em Junho de 2012. Menos de um ano depois foram conhecidas as sentenças, com várias pessoas envolvidas a serem condenadas para a cadeia (uma pena que, a julgar pelos vários casos de “colarinho branco” que se vão observando em Portugal, não parece estar contemplada no Código de Processo Penal).

 

A ironia desta história é o facto de muitos observadores considerarem estas penas muito leves, quando comparadas, por exemplo, com o processo de Bernie Madoff, condenado a 150 anos e a uma multa de 65 mil milhões de dólares.

 

Seja como for, os casos não são comparáveis e, em abono da verdade, já teria sido muito saudável para Portugal se os responsaveis pelo fraude do BPN tivessem sido condenados a penas "leves" semelhantes àquelas que foram aplicadas no Afeganistão. 

 

Texto publicado originalmente no Forte Apache.

 

Obama não faz "bluff" em relação ao Irão, diz Biden

Alexandre Guerra, 04.03.13

 

Joe Biden, vice-Presidente dos Estados Unidos/Chip Somodevilla/Getty Images

 

Joe Biden falou esta Segunda-feira na conferência anual da Aipac, o maior lobby pro-israelita nos Estados Unidos, para dizer palavras que certamente agradaram à comunidade judaica naquele país. O vice-Presidente dos Estados disse que a ameaça de uso da força contra o Irão feita por Barack Obama não é um "bluff".

 

Biden deixou bem claro que a opção militar continua "em cima da mesa" perante a intransigência do Irão em cessar o seu programa nuclear, no entanto, sublinhou que Washington privilegiará sempre a via diplomática. 

 

Ora, mas é precisamente esta hesitação e inacção demonstrada pela Casa Branca em relação a Teerão que a comunidade judaica nos Estados Unidos não compreende. Para os sionistas e judeus mais radicais a solução defendida é uma acção militar preventiva, do estilo de um ataque nocturno às principais instalações nucleares iranianas.

 

É por esta solução que a comunidade judaica faz agora lobby junto de Obama. Resta saber até quando irá resistir o Presidente americano às pressões do lobby judaico, sobretudo se, entretanto, o Irão voltar a desafiar a comunidade internacional com o anúncio de mais etapas no seu programa nuclear. 

 

Momentos com história

Alexandre Guerra, 04.03.13

 

Algumas filas nas eleições desta Segunda-feira no Quénia chegaram a ter mais de um quilómetro/Reuters 

 

Observadores e analistas dizem que as eleições legislativas, presidenciais e locais que decorrem esta Segunda-feira no Quénia são das mais importantes na história daquele país. Milhares de quenianos têm passado horas nas filas para poderem exercer o seu direito, tendo já a comissão nacional de eleições anunciado que todos os que se encontram à espera poderão votar, mesmo depois do encerramento das urnas. 

 

Apesar de haver vários candidatos, a  presidência do Quénia está a ser disputada por Uhuru Kenyatta, filho do histórico Jomo Kenyatta, "pai" da independência daquele país, e por Raila Odinga, actual primeiro-ministro, e, segundo se diz, um parente afastado do Presidente Barack Obama.