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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

A influência dos "doutores" da Igreja no “cálculo moral” de Obama

Alexandre Guerra, 29.05.12

 

 

Num extenso artigo publicado esta Terça-feira no New York Times ficou-se a saber que todas as semanas cerca de 100 elementos das várias agências de segurança e de “intelligence” norte-americanas se reúnem através de videoconferência, propondo e recomendando ao Presidente Barack Obama várias biografias de possíveis alvos terroristas a abater.

 

Destas reuniões, organizadas pela Pentágono, saem as “nomeações” daqueles que irã estar, eventualmente, na mira dos drones, algures no Iémen, no Paquistão, na Somália ou no Afeganistão. Diz aquele jornal que este processo selectivo é uma “invenção” da administração Obama, que tem demonstrado um apetite voraz para os assassinatos selectivos através de aviões não tripulados. Assassinatos, esses, que aumentaram consideravelmente em relação às administrações do antigo Presidente George W. Bush.

 

Antes de qualquer acção militar secreta, os “nomeados” ainda terão que passar pela aprovação final da Casa Branca, nomeadamente, de Obama.

 

Neste processo cirúrgico, o Presidente conta com a ajuda de John O. Brennan, o seu principal conselheiro em contraterrorismo, para fazer aquilo que o próprio New York Times chama de um “cálculo moral”.

 

Um exercício que Obama assume como um desígnio moral e uma responsabilidade intransigente, sempre guiado pelo conceito da “guerra justa”. E o mais interessante, segundo alguns conselheiros do Presidente citados pelo New York Times, é que isto se deve a vários factores, nomeadamente, à influência do estudo do fenómeno da guerra nas obras de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.

 

Texto publicado originalmente no Forte Apache.


O despacho...

Alexandre Guerra, 29.05.12

 

"I've never been really quite sure about summits. I think, in the end, the really important things are decided on national interest, rather on whether Fred gets on with Joe."

 

Frase dita por Lord Carrington, antigo secretário geral da NATO e chefe da diplomacia britânica, a Jonathan Powell, ex-chefe de Gabinete de Tony Blair, entre 1995 e 2007. Powell relembrou estas declarações a propósito de um texto de sua autoria em que fala sobre a importância dos costumes mais triviais nas cimeiras de alto nível. Apesar de não serem determinantes, Powell acha que factores como aquilo que os líderes comem, a fome que têm, onde se sentam ou com quem fala, podem ser elementos influenciadores no ambiente da hora das grandes decisões.  


Maçãs podres

Alexandre Guerra, 27.05.12

 

Pat Bagley / Salt Lake Tribune 

 

Diz-se, pelo menos a julgar pelas palavras de Maureen Dowd no New York Times deste Domingo, que as deslocações dos Serviços Secretos americanos (não confundir com a CIA) são descritas pelos próprios membros da organização como “Secret Circus”. Uma forma jucosa de descrever o aparato envolvido em cada missão de acompanhamento ao Presidente dos Estados Unidos.

 

Uma logística que ficou bem patente nos cerca de 200 agentes que acompanharam Obama na polémica viagem à Colômbia no mês passado para participar na Cimeira das Américas.

 

Esta viagem teria sido mais uma a juntar-se a tantas outras, não fossem 12 desses 200 agentes terem-se dedicado a actividades nocturnas impróprias em Cartagena, com a contratação de alguns serviços especializados na indústria do prazer carnal. O escândalo rebentou e quando mete sexo pelo meio já não há nada a fazer, sendo a própria opinião pública americana a exigir o apuramento de responsabilidades e consequências rápidas.

 

Mark Sullivan, director dos Serviços Secretos, esteve no passado dia 23 numa comissão do Congresso. Daquelas à séria e não apenas um folclore mediático completamente inócuo.

 

Na Comissão de Segurança Interna do Senado, Sullivan fez o seu papel ao tentar defender a sua instituição o mais possível, embora não tendo desvalorizado o que se passou na Colômbia. Do outro lado, os senadores fizeram também o que lhes competia, encostando Sullivan às “cordas” e relembrando alguns casos do passado, mas não pedindo, para já, a sua cabeça. Pediram, sim, foi ao Departamento de Segurança Interno que fizesse uma investigação interna.

 

Entretanto, das 12 “maçãs podres”, como referiu o próprio Sullivan, e apenas num espaço de um mês, nove agentes já foram corridos dos Serviços Secretos: seis demitiram-se, dois foram despedidos e um reformou-se.

 

Não foram precisos meses de investigações da Procuradoria e de inquéritos judiciais e muito menos o avolumar de milhares de páginas de processos em tribunais. Esta é uma das virtudes da democracia americana, em que, por vezes, bastam os mecanismos internos das instituições e a vontade política para que a justiça (no sentido mais poético) seja consequente e as tais “maçãs podres” sejam deitadas para o lixo.

 

Texto publicado originalmente no Forte Apache.


Líderes com declarações de circunstância perante 32 crianças mortas na Síria

Alexandre Guerra, 26.05.12

 

Shaam News Network, via Reuters

 

Este Sábado soube-se que foram descobertos mais 92 civis mortos, entre os quais 32 crianças com menos de dez anos, numa aldeia síria perto da cidade fustigada de Homs, fruto do conflito civil que se vive naquele país. Uma tragédia perante a qual as chancelarias internacionais não podem continuar com meras declarações de intenções, como aconteceu hoje.

 

As Nações Unidas, através de um comunicado conjunto do seu Secretário Geral, Ban Ki-moon, e do seu antecessor a agora enviado à Síria, Kofi Annan, limitaram-se condenar os actos e a dizer que os culpados por este massacre têm que ser responsabilizados, embora nunca se dirigindo directamente ao regime de Damasco.

 

Também as intervenções de Paris e de Londres revelam-se inconsequentes, com o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, a dizer que vai reunir os 80 membros da organização "Amigos da Síria". Perante este tom ameaçador, certamente que o Presidente Bashar al-Assad já estará por esta altura a recear pelo seu futuro.

 

Mas as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, também não se ficam atrás, já que recorreu ao expediente do costume e anunciou que pretende convocar uma reunião "urgente" no Conselho de Segurança das Nações, repare-se, nos "próximos dias". O que leva a concluir que, afinal, talvez, não seja assim tão "urgente".   

  

Obama começa a usar artilharia pesada contra Romney

Alexandre Guerra, 24.05.12

 

Barack Obama começou esta semana a utilizar artilharia pesada, eleitoralmente falando, recorrendo a uma estratégia mais agressiva, com o lançamento de alguns vídeos, adaptados a spots televisivos, em que é denunciado o lado capitalista mais impiedoso de Mitt Romney.

 

No primeiro vídeo ouvem-se vários testemunhos de habitantes de Kansas City que trabalhavam, com orgulho, numa fábrica de barras de aço com 105 anos, até 1993, quando Romney e alguns sócios se apoderaram da empresa. A partir daqui a fábrica entrou num processo de declínio até à sua falência. Os trabalhadores perderam os seus postos de trabalho e ficaram sem acesso às suas pensões e seguros de saúde.

 

No segundo vídeo é dado mais um exemplo de uma pequena empresa que conhecia dias felizes até ser tomada por Romney e seus sócios. Acabou por falir não sem antes, ouve-se no vídeo, os donos terem tirado 100 milhões para eles. 

 

 

Leituras

Alexandre Guerra, 23.05.12

 

Tech world cools to President Obama é um interesante artigo do Politico que disseca a relação de Barack Obama e de Mitt Romney com as comunidades da tecnologia e da inovação e que demonstra a forma como os candidatos presidenciais estão a capitalizar apoios junto daqueles intervenientes, nomeadamente em termos de angariação de fundos.

 

Novo Presidente sérvio diz-se moderado... Para o bem dos Balcãs assim se espera

Alexandre Guerra, 22.05.12

 

Tomislav Nikolic, eleito Presidente da Sérvia este domingo

 

Contra as sondagens e previsões de analistas, o candidato nacionalista Tomislav Nikolic, do Partido Progressita, venceu a segunda volta das presidenciais na Sérvia contra o Presidente cessante, Boris Tadic, do Partido Democrático.

 

Com este resultado, que não é assim tão surpreendente como agora se quer fazer crer, a Sérvia volta a ser conduzida por um nacionalista que noutros tempos já se assumiu contra a NATO e contra a União Europeia. Um político que noutros tempos acalentou a ideia da Grande Sérvia, defendendo uma intervenção no Kosovo.

 

Hoje, Nikolic diz-se um político mais moderado, tendo deixado para trás as suas teses radicais. Para o bem dos Balcãs, assim o Diplomata o espera.

 

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