O Estado e a classe média
Foto: Frank Martin / Getty Images
Reler alguns dos ensinamentos dos grandes filósofos da Antiguidade Clássica é sempre um exercício intelectual estimulante, ora porque se fazem novas descobertas, ora porque se relembram princípios escritos há mais de 2000 anos e que continuam a ser verdades sábias nos dias que correm.
Uma dessas reflexões, neste caso de Aristóteles (384 a.C - 322 a.C), falava na importância da classe média no modelo de organização da sociedade da Cidade, da polis. Dizia o filósofo de Estagira que a “sociedade civil mais perfeita é a que existe entre cidadãos que vivem numa condição média; e que não pode haver Estados bem administrados senão aí onde a classe média é numerosa, e a mais poderosa do que as outras duas [ricos e pobres]”.
Um pensamento óbvio, dirá, eventualmente, o leitor deste blogue e com razão. Mas, mesmo assim, não deixa de ser uma verdade que os líderes políticos devem ter presente todos os dias, atendendo ao enfraquecimento galopante dessa tal classe média resultante das graves dificuldades económicas e financeiras sistémicas que se vivem nalguns países, nomeadamente em Portugal.
Porque é importante não esquecer que um Estado composto por uma classe média forte “é o único que está isento de perdições e sedições. Pois deve haver muito poucas desordens dessas em toda a parte onde a classe média é numerosa”.