![]()
O bilionário Warren Buffet admitiu pagar poucos impostos e defendeu um aumento da carga fiscal para os mais ricos
A Associated Press, em parceria com a empresa GFK, divulgou esta Sexta-feira uma sondagem muito interessante, por ser um reflexo daquilo que é uma certa forma dos americanos estarem em sociedade.
Basicamente, a sondagem reforça a ideia de que os americanos não nutrem uma particular animosidade pela riqueza nem pelos ricos, ao contrário da tradição europeia, alinhada por um paradigma mais social ou, se o leitor preferir, de inspiração “socialista”.
Numa sociedade assente no princípio da meritocracia (queira-se ou não, esta é a verdade), onde o “sonho” alimenta as esperanças de qualquer cidadão, os americanos aceitam natural e tranquilamente a existência dos seus milionários, convivendo bem com o fosso enorme que separa a vasta classe média da elite rica.
Mas, é importante fazer uma nota. A classe média americana é forte, com elevado poder de compra. Ainda há umas semanas, o autor destas linhas falava com um amigo que está a trabalhar no Texas, que referia precisamente esse facto.
Historicamente, a América foi criada e construída na senda do enriquecimento individual. A corrida ao Oeste, a exploração do ouro, a criação de gado, a indústria automóvel, o mercado imobiliário, os mercados financeiros de Wallstreet, Sillicon Valley e a bolha tecnológica…
Não é por isso de estranhar que a sondagem da AP-GFK constate que, para equilibrar o orçamento federal, os americanos prefiram que a Administração acentue o corte nos custos do Estado em vez de aumentar a carga fiscal sobre a riqueza.
Embora esta sondagem demonstre que a proposta do Presidente Barack Obama para aumentar a carga fiscal sobre as pessoas que ganham pelo menos um milhão por ano colhe um largo apoio da população (65 por cento), a verdade é que os americanos continuam a privilegiar os cortes nos gastos federais e uma melhor gestão no orçamento.
Seja como for, dificilmente a “Buffet rule” (nome dado a esta proposta por causa das declarações do bilionário Warren Buffet, que referiu há uns tempos que não pagava impostos suficientemente altos, dando o exemplo do seu secretário que era mais taxado do que ele) passará nos próximos tempos no Congresso, já que em ano de eleições o debate tenderá a extremar-se.
Apesar disso, é interessante ver na sondagem que a proposta de Obama consegue, ao nível do eleitorado, o apoio de quase dois terços de independentes, de 4 em 10 republicanos, de 6 em 10 brancos e de metade dos conservadores. Como seria de esperar, 9 em 10 democratas apoio o plano.