"Existen enormes resentimientos entre unas naciones y otras: los griegos contra los alemanes y los alemanes contra los griegos; los europeos del norte contra los del sur; los británicos contra casi todos y casi todos contra los británicos. Existe una crisis general de confianza en el proyecto europeo. Y existe un escepticismo e incluso cinismo generalizado sobre los políticos, tanto nacionales como europeos."
Timothy Garton Ash, professor na Universidade de Oxford e investigador na Universidade de Stanford, em artigo de opinião no El País.
Nos filmes, sobretudo naqueles de Hollywood, as forças especiais norte-americanas palmilham os quatro cantos do mundo em operações “cover", para resgatar concidadãos que estejam nas mãos de bandos de malfeitores, de terroristas ou de outras companhias pouco recomendáveis.
As missões são normalmente secretas e acontecem em terreno hostil e quase sempre são precedidas de um aviso ao estilo Missão Impossível, de que o Governo americano negará qualquer ligação ou envolvimento com um operacional ou agente detido em acção pelo inimigo.
Na vida real as coisas não seguem um argumento cinematográfico, mas nem por isso deixam de acontecer e ser tão emocionantes como nos filmes.
Basta ver a operação secreta levada a cabo em Maio último pelos Navy Seals americanos, numa localidade poucos quilómetros a norte de Islamabad, e que culminou na morte de Osama Bin Laden.
Ou se recuar mais no tempo, são inúmeras as espectaculares operações da Mossad na caça a ex-criminosos da II GM ou a terroristas palestinianos.
Soube-se esta Quarta-feira de manhã que os Navy Seals americanos desencadearam uma operação cirúrgica na Somália na noite anterior, para libertar dois reféns que estavam em cativeiro há mais de três meses nas mãos de criminosos.
Tratou-se de uma operação furtiva nocturna, tendo os militares americanos sido lançados de páraquedas nas imediações do complexo onde estavam detidos os reféns, a 40 quilómetros da cidade de Adado.
Houve troca de tiros na aproximação dos “seals” ao complexo e morreram alguns dos criminosos (talvez oito ou nove), embora não tenha havido baixas do lado americano.
A operação durou cerca de uma hora, tendo os “seals” e os reféns sido recolhidos no local de helicóptero e transportados para o Djibuti, território de apoio à presença militar americana na região do Corno de África.
A americana Jessica Buchanan, 32, e o dinamarquês Paul Tiste, 60, foram libertados em segurança, depois de no passado dia 25 de Outubro terem sido capturados nas proximidades da cidade de Galkayo, no norte da Somália, enquanto estavam a trabalhar para uma ONG dinamarquesa.
Há algum tempo que o Danish Refugee Council tentava negociar a libertação de Jessica e Paul, mas sem grande sucesso.
As autoridades americanas informaram que os raptores não tinham qualquer ligação ao movimento islâmico al-Shabab, próximo da al Qaeda.
Neste momento, há mais três casos de reféns na Somália, um turista britânico e dois médicos espanhóis.
Esta operação foi seguida com atenção pelo Presidente Barack Obama, o qual terá chegado a dizer ao seu Secretário de Defesa, Leon Panetta, já no Congresso, momentos antes do início do discurso do Estado da União, proferido esta madrugada: “Leon. Good job tonight. God job tonight”.
Numa nota de imprensa publicada pela Casa Branca informa-se que o Presidente deu autorização para a operação na Segunda-feira e que os Estados Unidos não irão tolerar que os seus cidadãos sejam raptados, sendo esta acção uma “mensagem” de que a América irá “manter-se firme contra qualquer tipo de ameaças” ao seu povo.
Efectivamente, além do sucesso militar da operação, Obama já compreendeu que este tipo de acção cirúrgica é fundamental no tipo de posicionamento que os Estados Unidos pretendem assumir neste sistema internacional complexo, multipolar, de ameaças difusas e de assimetrias.
Numa época em que fenómenos como a pirataria, a criminalidade internacional ou o terrorismo desafiam, como nunca, os conceitos clássicos de segurança e defesa, de Washington têm vindo alguns sinais no sentido de se tentar adaptar a um novo paradigma.
Por outro lado, a administração americana envia um sinal claro de força, de que não pretende deixar ao abandono os seus cidadãos que se encontrem em cativeiro, demonstrando que o seu poder militar imenso é também eficaz em acções cirúrgicas.
Porque, na actual lógica de sociedades globalizadas e com uma opinião pública cada vez menos tolerante para com os seus governantes, de pouco serve a um Estado ter capacidade para invadir um País quando não consegue salvar um seu cidadão das garras do inimigo.
Foto: Khaled Elfiqi/Agence France Press - Getty Images (Pool)
A abertura da legislatura no parlamento egípcio, esta Segunda-feira no Cairo, resultante das primeiras eleições livres realizadas naquele País em mais de seis décadas, foi bastante turbulenta. Numa câmara dominada por deputados de partidos islamistas (73 por cento), o ambiente que se viveu foi de caos e anarquia, tendo sido necessário os membros da Irmandade Muçulmana (a força política mais representada com 235 assentos do total de 503) fazer valer o seu estatuto para pôr alguma ordem na casa, de modo a proceder-se à eleição do "speaker" daquela assembleia, Saad el Katani. Também na parte de fora do parlamento a confusão estava instalada, provocada pelas manifestações daqueles que celebravam o dia histórico e dos outros que denunciavam a manutenção da influência do Exército na vida política do País.
Um relatório elaborado por um grupo de especialistas alemães nomeados pelo Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), e apresentado esta Segunda-feira, concluiu que na Alemanha se assiste à propagação de um forte sentimento anti-semita, uma realidade que atinge níveis ainda mais elevados em países como a Polónia, a Hungria e, surpreendentemente, Portugal.
O grupo de especialistas, criado em 2009, debruçou-se com particular incidência na Alemanha, onde verificou que as novas tecnologias de comunicação têm ajudado a disseminar mensagens e ideias anti-semitas e xenófobas.
E o mais preocupante, segundo o relatório, é que estas mesmas mensagens e ideias começam a ser aceites pelo público “mainstream”, extravasando as comunidades de extrema direita.