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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

A rede Haqqani terá contabilizado mais um atentado terrorista para a sua conta

Alexandre Guerra, 31.10.11

 

Há uns dias, o Diplomata dedicou alguma atenção à rede Haqqani que, segundo fontes do Governo afegão, pode ter estado por detrás do atentado suicida a um comboio da NATO no passado Sábado, em Cabul, provocando 17 mortos, entre os quais nove americanos, dois cidadãos britânicos e um soldado canadiano.

 

Churchill e a "special relationship" entre os EUA e o Reino Unido

Alexandre Guerra, 31.10.11

 

 

 

João Carlos Espada esteve na 28ª Conferência Internacional do Churchill Centre e aproveitou o momento para desenvolver a sua crónica habitual no Público. Neste texto, com apontamentos muito interessantes, o Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa tenta explicar porque razão Winston Churchill acreditava de forma tão veemente na "special relationship" entre o Reino Unido e os Estados Unidos.

 

Registos

Alexandre Guerra, 31.10.11

 

Ontem, ao rever o acutilante filme de Stanley Kubrick, Full Metal Jacket, sobre a temática da guerra do Vietname, o Diplomata relembrou a cronologia daquele conflito e os seus contornos políticos. Foram muitos anos de escalada política e militar, que só terminou em Abril de 1975 com a queda de Saigão às mãos dos "vietcongs" e com a fuga à pressa dos últimos americanos no Vietname. 

 

Trinta e cinco anos depois, os Estados Unidos meteram em curso outra retirada militar massiva, mas desta vez no Iraque e em circunstâncias, naturalmente, diferentes. O Diplomata relembra aqui a cronologia deste conflito.

  

Já em 2000 os Rage Against The Machine queriam que Wall Street fechasse "portas"

Alexandre Guerra, 29.10.11

 

 

Os Rage Against The Machine são das bandas mais intervencionistas na cena política norte-americana. Desde o início dos anos 90, com o seu bombástico álbum homónimo de estreia, que a banda de Zack de la Rocha e de Tom Morello se tornou numa das vozes mais activas do descontentamento e, até mesmo, da revolta de uma significativa faixa urbana de pessoas que não se revê nas políticas de Washington nem no actual modelo de sociedade.

 

Fortes opositores às duas administrações de George W. Bush e críticos àquilo que consideram ser o capitalismo desenfreado e o imperialismo cultural dos Estados Unidos, os Rage Against The Machine há já alguns anos que tinham chamado à atenção para a forma descontrolada e gananciosa com que poder financeiro ia acumulando lucros.

 

Falaram muito tempo antes dos doutos comentadores e analistas que agora se propagam nas televisões e nos jornais para emitirem as suas opiniões, apesar de nada terem previsto ou antecipado. O vídeo da música Sleep Now In The Fire, do álbum The Battle of Los Angeles (1999), realizado em Janeiro de 2000 por Michael Moore, é exemplo disso.

    

"Drones" voltam a atacar nas zonas tribais do Paquistão

Alexandre Guerra, 27.10.11

 

 

Apesar do seu enquadramento legal ser duvidoso, a verdade é que os veículos militares americanos não tripulados continuam a fazer baixas no Paquistão. Hoje, um "drone" do Exército americano eliminou cinco comandantes talibans pertencentes à facção de Maulvi Nazir (incluindo o próprio) nas zonas tribais do Paquistão.

  

Da Primavera de Damasco ao Inverno sombrio e prolongado

Alexandre Guerra, 26.10.11

 

Foto: EPA

 

Falar em desilusão nas relações internacionais pressupõe a criação de expectativas sobre determinado líder com capacidade para influenciar os desígnios de um povo, de uma região ou, até mesmo, do mundo.

 

Como nestas coisas da política internacional o pragmatismo e o realismo imperam (talvez por deformação académica e profissional), é raro o autor destas linhas ser confrontado com o sentimento da desilusão quando olha para o trabalho de um líder.

 

Até porque a desilusão implica que a montante haja uma certa dose de ilusão. E quem no seu perfeito juízo tem hoje ilusões quanto aos líderes?

 

Isto não quer dizer que de tempos a tempos não surja um homem em determinado contexto que, à partida, até terá reunido um conjunto de circunstâncias e condições para trilhar um caminho que possa contribuir para uma estabilização sistémica regional e, consequentemente, mundial.

 

Quando em Julho de 2000 Bashar al-Assad assumia a liderança da Síria, após três décadas de regime liderado pelo seu pai, Hafez al-Assad, havia razões válidas para se pensar que o Médio Oriente estaria perante um rosto de mudança.

 

O jovem líder, de apenas 34 anos, oftalmologista, tendo concluído os seus estudos de pós-graduação em Londres, com o seu ar ocidental, nunca dispensando a gravata, era visto como um modernizador e uma força de mudança face ao legado do seu pai.

 

E também era visto pelas chancelarias ocidentais como um possível influenciador junto dos regimes xiitas, nomeadamente o Irão, já que o partido governante Baath é dominado pelo alauitas (xiitas), apesar de representarem apenas entre 5 a 10 por cento da população num país predominantemente sunita.

 

Bashar al-Assad começou bem, ao implementar algumas reformas, tendo, inclusive, libertado centenas de prisioneiros políticos e aligeirado as restrições à imprensa.

 

Mas, como refere a BBC News, “o ritmo da mudança foi abrandando, se não mesmo regredindo”. Aquilo que era então visto como uma “Primavera de Damasco”, transformou-se num Inverno sombrio e prolongado.

 

A Human Rights Watch referia em 2009 que a situação dos direitos humanos no país se tinha deteriorado desde então. E, agora mais recentemente, de acordo com as Nações Unidas, nos últimos setes meses terão morrido 3000 pessoas na Síria fruto da violência que aquele país vive. Também a Amnistia Internacional divulgou ontem um relatório a dar conta de casos de tortura em quatro hospitais públicos.

 

Entretanto, Bashar al-Assad vai surgindo como sempre surgiu, com a sua imagem ocidental, supostamente conciliatória e modernizadora, mas nas ruas o sangue vai sendo derramado, sob as ordens do seu líder.

 

Como diria um diplomata citado pela al Jazeera, a “Síria tornou-se numa ditadura sem um ditador”.

 

Leituras

Alexandre Guerra, 24.10.11

 

João Marques de Almeida escreve hoje um artigo interessante no Diário Económico. Mais Atlântico analisa a interdependência real entre os Estados Unidos e a Europa e relembra, através de dados factuais, a importância do eixo económico transatlântico que, por vezes, parece ser subestimada ou esquecida.

 

O apelo às massas e a ruptura dos paradigmas de sociedade

Alexandre Guerra, 23.10.11

 

 

Hoje, muitos são aqueles que, desiludidos, chocados ou revoltados com o paradigma de sociedade vigente, apregoam uma revolução (ou revoluções). Na maioria dos casos não se percebe muito bem o que move estas vozes de descontentamento: se é uma convicção ideológica, desespero, irreverência ou, simplesmente, a resposta ao apelo irreflectido para a contestação de “rua”.

 

Uma coisa é certa, as massas têm se feito ouvir de forma ruidosa e, nalguns casos, estrondosa, como a Grécia ilustra bem. Mas, por mais que se tente ouvir as pessoas, a falta de sofisticação ideológica (leia-se ideias) no suporte ao seu discurso torna difícil qualquer leitura coerente que permita a construção de um modelo de pensamento que possa servir de referência para as gerações vindouras.

 

Perante isto, poder-se-á dizer que o apelo à revolta (das ideias) é desprovido de consistência intelectual e de profundidade quanto ao seu alcance? Provavelmente, sim.

 

A ausência de pensamento e de reflexão em cada uma das pessoas que faz ouvir a sua voz cinge o seu protesto a um acto de descontentamento pelo seu quotidiano, provocado apenas pelo desconforto material (leia-se, falta de dinheiro) das suas vidas.

 

E já não é pouco, dirão muitos leitores (e com razão), mas não o suficiente para se proceder à tal revolução de paradigma mais abrangente. Porque, essa tem que ir além da “crise” dos mercados e da falta de emprego. Aqui, as pessoas terão que, obrigatoriamente, reflectir sobre elas próprias, sobre o seu papel enquanto “animal” inserido numa sociedade.

 

O problema é que este exercício torna-se de difícil execução, porque pressupõe racionalidade, intelecto, autocrítica, humildade (outros adjectivos haveria).

 

 

Quantas das milhares de pessoas que ainda recentemente desfilaram nas ruas de algumas cidades portuguesas ou estrangeiras chegariam à conclusão que, talvez, a sua forma de estar em sociedade possa já não estar adequada aos novos desafios que se impõem no sistema internacional e na realidade nacional?

 

Por isso, antes de erguerem a sua voz na crítica inócua, talvez fosse importante, primeiro, pensarem sobre a forma como educam os seus filhos, como abordam o seu trabalho, o que fazem para serem pessoas informadas, o que fazem para enriquecer intelectualmente, o que contribuem para a sustentabilidade do planeta, o que partilham com o próximo, e por aí diante.

 

E, desculpe o leitor, mas não há revolução de paradigma de sociedade que se faça sem um reflexão profunda sobre estas e outras questões, porque a “crise” da dívida e do desemprego são problemas sociais graves mas, apesar de tudo, circunscritos em termos de paradigma.

 

Ainda há uns dias, quando o autor destas linhas via o filme Simpathy For The Devil, de Jean-Luc Godard, de 1968, pensava sobre a grande diferença dos tempos contestatários de hoje e aqueles que se viveram nos anos 60, uma década de pensamento e de ideologia que alterou o modelo de se estar em sociedade no Ocidente.

 

E uma das conclusões a que chegou tem a ver com as motivações e os ideais que “chamaram” as pessoas para as ruas naquela altura. Partindo de fracturas concretas com que as sociedades se deparavam (guerra, discriminação, direitos cívicos, etc), o apelo à revolta das ideias foi sofisticado e consistente. O resultado: dinâmica com forte base ideológica (ideias), grupos organizados e focados, movimentos sociais poderosos, entre outros fenómenos consequentes (para o bem e para o mal).

 

Quando Godard decide centrar o seu filme na gravação em estúdio da música Simpathy For The Devil dos Rolling Stones, acaba por reforçar ainda mais esse apelo à revolta.

 

Além das várias citações de textos revolucionários, das referências ao marxismo, aos Black Panthers e às contradições de uma sociedade que precisava de mudança, que se podem ver ao longo do filme (espelhando o carácter activista e politicamente interventivo de Godard), a música Simpathy for the Devil dá um toque de sofisticação ao chamamento revolucionário.

 

As referências às guerras religiosas da Europa, à violência da Revolução Russa ou à morte dos Kennedy, que se podem ouvir na letra de Simpathy For The Devil fizeram desta música um tónico artístico ao apelo de Godard.

 

Texto publicado originalmente no Forte Apache.

 

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