A história de um livro que marcou a História
O livro “Mein Kampf – História de um livro”, editado recentemente pelas Publicações Europa-América e da autoria do jornalista e realizador de documentários, Antoine Vitkine, começa com uma informação que talvez poucos saibam: O líder nazi, Adolf Hitler, registava a sua profissão como “escritor” nos formulários dos impostos dirigidos à administração fiscal alemã.
Embora não se possa dizer que Hitler tenha sido um homem de literatura, ironicamente foi o autor de um dos livros mais conhecidos e vendidos de sempre.
A sua história (do “Mein Kampf”) começa em 1923 com a condenação de Hitler por tentativa de um golpe de Estado que o levou a passar alguns meses no forte de Landsberg.
O importante neste livro agora lançado pela Europa-América é proporcionar ao leitor toda a história de “Mein Kampf”, “repleta de zonas sombrias” e que são agora reveladas. Vitkine pretende também dar novas perspectivas sobre alguns aspectos do livro e que têm sido pouco referidos, tais como os contornos específicos em que foi escrito numa “cela modesta”, as suas implicações doutrinárias e políticas ou, por exemplo, a aceitação daquela obra no pós-45.
“Ainda antes da subida do seu autor ao poder, em 1933, ‘Mein Kampf’ foi adquirido por milhares de pessoas”, o que demonstra que o livro viveu por si próprio, não tendo o seu sucesso inicial se ficado a dever à notoriedade (inexistente) de Hitler.
Durante o III Reich foram impressos 12 milhões de exemplares do “Mein Kampf” e ainda hoje continua a ser um sucesso de vendas em muitos países. Segundo alguns dados disponibilizados no livro de Vitkine, só na versão inglesa são vendidos cerca de 20 mil exemplares por ano. Em França, apesar das restrições legais, a obra é igualmente distribuída por um editor, sempre no estrito cumprimento da lei. Na Turquia, por exemplo, o “Mein Kampf” chegou a vender 80 mil exemplares por ano, colocando-o no topo dos livros mais vendidos. Também em países como a Índia, a Rússia, o Egipto ou o Líbano se verifica uma procura substancial daquela obra.
Como refere Vitkine, “pode parecer inaceitável, mas é a mais pura das verdades: 80 anos após a sua escrita, passadas décadas da descoberta dos campos de concentração nazis, ‘Mein Kampf’ continua ainda a ter voz”.
Apenas uma curiosidade, o "Mein Kampf" chegou a ser impresso em braile.
Fica aqui mais uma sugestão do Diplomata, nesta nova rubrica de divulgação e de análise de livros lançados no mercado português que, de forma mais ou directa, possam estar relacionados com as temáticas abordadas neste espaço.