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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Registos

Alexandre Guerra, 21.03.11

 

A BBC News fez um levantamento muito interessante dos principais aviões de guerra que estão ou podem vir a ser utilizadas pelas forças aliadas na campanha que está a ser levada a cabo na Líbia.

 

Os primeiros ataques dos aliados na Líbia vistos através da lente de Goran Tomasevic

Alexandre Guerra, 20.03.11

 

O fotógrafo da Reuters, Goran Tomasevic, é um dos poucos que está no cenário de conflito da Líbia, registando as primeiras horas de ataques das forças aliadas.

 

O rebentamento de uma bomba lançada pela aviação aliada numa autoestrada perto de Benghazi este Domingo.

 

Rebeldes assistem à destruição de veículos das forças governamentais.

 

Ataque aéreos das forças aliadas sobre forças governamentais este Domingo a sul de Benghazi.

 

Estrada com camiões e veículos em chamas.

 

Rebeldes festejam um ataque aéreo das forças aliadas.

 

Warren Christopher, antigo secretário de Estado norte-americano, morre aos 85 anos

Alexandre Guerra, 19.03.11

 

Warren Christopher em Washington, 2008/ Foto:Charles Dharapak/Associated Press

 

O antigo secretário de Estado norte-americano, Warren Christopher, e homem com longa experiência na diplomacia internacional, morreu ontem à noite em Los Angeles, com 85 anos. O New York Times recorda o seu percurso político.

 

Ainda sobre a inspiração dos líderes...

Alexandre Guerra, 19.03.11

 

 

 

Dorothy Gale ansiava pela descoberta de novos mundos, em busca dos seus sonhos, acreditando que existia um sítio, algures, onde se concretizariam e tudo seria possível.

 

Na política, tal como na vida, é importante haver momentos inspiradores, para que os povos possam ter esperança no futuro, e lutar pela materialização dos seus projectos e sonhos.

 

Na história recente, homens como Winston Churchill, Nelson Mandela ou João Paulo II inspiraram milhões de pessoas, para ultrapassarem desafios e encararem o futuro com confiança e determinação, fosse durante a II GM na bombardeada Inglaterra, durante o regime de apartheid na África do Sul ou durante o comunismo na Polónia.

 

Portugal vive hoje um dos momentos mais complicados desde o 25 de Abril, mas, longe de ser uma barreira inultrapassável. Talvez a maior agonia para um português ou portuguesa, seja mesmo a falta de líderes inspiradores, que possam fazer perspectivar o arco-íris.  

 

Enquanto esses líderes não surgem, o Diplomata deixa aqui o magistral Over The Rainbow, interpretado por Judy Garland em O Feiticeiro de Oz (1939). Inspirador...

 

Leituras

Alexandre Guerra, 16.03.11

 

Tal como o Presidente Barack Obama, também Niall Ferguson gosta do conceito de "revoluções orgânicas", sem qualquer espécie de aditivos externos. Ironia à parte, Ferguson explana esta questão em How to Get Gaddafi, na Newsweek, no âmbito do conflito interno que se vive na Líbia.

 

Música dos anos 80 é mais actual no Portugal de hoje do que na Inglaterra de Thatcher

Alexandre Guerra, 14.03.11

 

 

Ainda a propósito das manifestações de Sábado nalgumas cidades em Portugal e da actual conjuntura político-económica, o Diplomata recupera a música Don't Give Up de Peter Gabriel, interpretada em dueto com Kate Bush, que apesar de já ter 25 anos, encaixa-se perfeitamente enquanto banda sonora dos tempos que se vivem.

 

A letra conta o desespero de um homem que se sente frustrado, isolado da sociedade e derrotado pelo sistema capitalista, prestes a cair no abismo, sem esperança no seu futuro. Numa das passagens lê-se: "For every job, so many men. So many men no-one needs".

 

Estariam os tempos nos anos 80 no Reino Unido assim tão maus para Gabriel escrever uma letra deste género? Talvez, eventualmente nas classes mais operários e fabris, fortemente afectadas pelas políticas liberais de Margaret Thatcher, que conduziram à privatização de inúmeros sectores de actividade. Seja como for, a maioria dos britânicos apoiou a Dama de Ferro, mantendo-a mais de uma década à frente dos desígnios britânicos. 

 

Supõe-se então que os tempos não estariam assim tão maus, pelo menos para a maioria dos ingleses. Mas, hoje, é quase certo que para a maioria das portugueses, a música Don't Give Up faça mais sentido, tal como terá feito há 25 anos para os tais operários e trabalhadores fabris britânicos.

 

*O Peter Gabriel fez duas versões de teledisco para esta música, sendo que aquela aqui apresentada é posterior à original e a menos conhecida.

 

O Diplomata descreve o que viu e ouviu numa visita rara ao interior de uma central nuclear

Alexandre Guerra, 14.03.11

 

Ainda no âmbito do acidente nuclear de Fukushima e no seguimento dos dois posts anteriores, o Diplomata recupera um texto seu publicado originalmente na edição de Maio-Julho de 2007 da revista Segurança&Defesa, reportando aquilo que viu e ouviu no interior da central búlgara de Kozloduy.

 

A visita foi realizada em Maio de 2006, num grupo restrito de jornalistas internacionais, tendo o autor destas linhas sido uma das primeiras pessoas a ter o privilégio de vislumbrar as entranhas de um silo com os reactores e as respectivas salas de comando.

 

Actualmente, os reactores 5 e 6 continuam em funcionamento e ainda há poucos dias o Governo búlgaro anunciou um plano para prolongar a vida daquelas unidades. 

 

 

Texto publicado em Maio-Julho de 2007 na revista Segurança&Defesa

 

Que fazer com os reactores nucleares dos tempos soviéticos?

 

Por Alexandre Guerra

 

Sala de comando de dois reactores em Kozloduy/Fotos AG

 

Durante anos, as centrais nucleares dos países do antigo Bloco de Leste permaneceram longe dos olhares indiscretos, desconhecendo-se a forma como operavam ou o estado de conservação do seu equipamento. O acidente de Chernobyl, há sensivelmente 21 anos, alimentou os receios do Ocidente face à segurança das estruturas que albergavam (e albergam) dezenas de reactores nucleares.
 
Com a implosão da União Soviética, no início da década de 90, técnicos europeus e norte-americanos começaram a vistoriar as instalações nucleares das nações que tinham acabado de se libertar do jugo de Moscovo. O processo continua em curso, com os governos empenhados em aplicar as recomendações que lhes são sujeitas. Mas, volvidos mais de 15 anos sobre as primeiras inspecções, alguns Executivos consideram que preencheram todos os requisitos exigidos, não havendo justificação para se continuar com o encerramento de algumas unidades, nem com as constantes críticas de que são alvo.  
 
Precisamente numa altura em que a energia nuclear parece voltar a estar na “moda”, vários são os países da Europa de Leste que tentam demonstrar as virtudes de tal tecnologia e os progressos alcançados na sua modernização, envidando todos os esforços para que as suas unidades continuem a fornecer energia aos seus cidadãos. É esse o caso da central nuclear de Kozloduy, uma pequena localidade situada no noroeste da Bulgária, nas margens do rio Danúbio.
 
Interior dos silos, com capacidade para aguentar o embate de um avião, com dois reactores desactivados com a respectiva cápsula, mas ainda radioactivos
 
Com seis reactores – dois a funcionar e quatro desactivados (embora sob apertada vigilância por causa do arrefecimento dos respectivos núcleos e do combustível) –, a central de Kozloduy teve que passar por processos de encerramento e modernização nas suas infra-estruturas e componentes, sendo assim um bom modelo de referência para outros complexos de fabrico soviético espalhados por alguns países do Leste europeu. 
 
Num gesto raro e de “charme”, os responsáveis daquela central começaram, desde o ano passado, a “abrir as portas” das instalações a jornalistas e especialistas. Numa das primeiras visitas ao local realizada há uns meses, a Segurança & Defesa pôde constatar os progressos e as fragilidades de um complexo que começou a ser construído em 1970.
 
O controlo de entrada é rigoroso, “como se de uma fronteira tratasse”. Os passaportes são inspeccionados e nada é deixado ao acaso. Com um nível de radiação de 0,16 na zona exterior do complexo (perfeitamente normal), os portões abrem-se, dando acesso a uma estrada verdejante que conduz ao interior da central, uma das maiores do mundo e que tanto orgulha os búlgaros.
 
Uma das salas de comando em Kozloduy
 
Kozloduy é composta por três silos, imponentes estruturas de betão armado que, segundo disseram os técnicos, têm um duplo revestimento capaz de aguentar o impacto de um avião comercial. Sob cada silo encontram-se dois reactores. Actualmente, a central produz 2000 MW de energia, o que equivale ao fornecimento de 42 por cento da electricidade consumida na Bulgária.
 
500 milhões de euros para modernizar
 
No seu interior, o silêncio reina e o asseio impera. “Tudo é muito limpo”, disse uma intérprete, quase que obsessiva por sublinhar tal facto. Parece um ambiente emocionalmente estéril, relembrando aqueles que alimentam as utopias negativas, onde tudo tem uma lógica de funcionamento autoritário em prol de um bem comum, não havendo espaço para o improviso.
 
Apesar deste complexo albergar 4500 trabalhadores, fica-se com a sensação de que a gigantesca central nuclear funciona apenas com meia dúzia de pessoas. Não se vê ninguém, ou quase ninguém. A “máquina” parece controlar tudo. A comparação com os cenários cinematográficos da ficção científica é inevitável.
 
Interior da central
 
A componente humana dissemina-se discretamente pelas salas de comando dos reactores. A responsabilidade é enorme e todos têm o seu papel atribuído, o qual é seguido à risca. Ali, cada funcionário tem uma tarefa e cumpre-a com elevado grau de responsabilidade, seguindo as ordens da hierarquia. E nada mais. Todos estão cientes de que um pequeno erro pode atingir proporções dramáticas. Não é por isso de estranhar que os técnicos de monitorização aos reactores trabalhem três dias e folguem dois, à semelhança do que acontece com os controladores aéreos. A formação dura entre 5 a 7 anos.
 
A sua missão consiste em observar atentamente os monitores e os inúmeros painéis luminosos que se espalham por cada sala de comando. Em Kozloduy são três (uma para cada dois reactores), trabalhando em cada uma delas quatro técnicos em turnos de 8 horas. Depois de uma descida ao piso menos cinco chega-se à sala de comando dos reactores 5 e 6 (ambos de 1000 MW cada, do tipo PWR-WWER), os únicos operacionais. O ambiente parece desanuviado, ouvindo-se um jazz de fundo, interrompido de vez em quando por um toque arcaico de telefone, lembrando outros tempos. A visita dos jornalistas – algo raro naquelas paragens após tantos anos de secretismo em redor deste tipo de instalações – quebrou a rotina, mas nem por isso desconcentrou os técnicos.
 
O engenheiro chefe destas unidades, Dimitar Angelov, que trabalha há 29 em Kozloduy, relembra que no piso abaixo (- 6) existe uma sala de comando de emergência… que se espera nunca vir a ser utilizada. Com orgulho, Angelov fala no processo de modernização dos reactores imposto no princípio dos anos 90 pela comunidade internacional, especialmente pela União Europeia e pelo G7.
 
Núcleo de um dos reactores em actividade
 
Ao todo são cerca de 491 milhões de euros de investimento para a implementação de 212 medidas de modernização dos reactores 5 e 6. Desde 2001 que foram adoptadas 155 medidas, devendo o processo estar concluído este ano.   
 
Programa nuclear é motivo de orgulho para os búlgaros
 
Uma das particularidades da central de Kozloduy, a única naquele país, é que aglomera seis reactores, algo que não é comum nas outras estruturas do género. Mas, actualmente só estão a funcionar duas unidades, depois do encerramento das restantes quatro (de 440 MW cada).
 
Os reactores 3 e 4 foram desactivados no passado dia 31 de Dezembro, após uma longa “batalha” que opôs o Governo de Sófia e Bruxelas. No entanto, perante a pressão da União Europeia e face ao interesse que a Bulgária tinha em aderir a 1 de Janeiro deste ano, o seu Executivo teve que ceder.
 
Indicador de radiação à entrada da central
 
As autoridades búlgaras empenharam-se até ao último momento para evitar o encerramento das unidades 3 e 4 por considerarem que aquelas foram devidamente modernizadas e que preenchiam os requisitos impostos pela AIEA e pela União Europeia. “Admito que no início dos anos 90 as condições de segurança não eram as melhores e, por isso, encerrámos os reactores 1 e 2”, observou Ivan Grizanov, deputado búlgaro. “Acho que não deixámos uma boa impressão na União Europeia.” Mas, volvidos alguns anos, Grizanov afirma que foi alcançado um “nível muito aceitável de segurança” na central de Kozloduy, “mas isso não passa para a opinião pública europeia”.
 
Uma ideia partilhada por Ivan Ivanov, director executivo da central, que frisou o facto do complexo de Kozloduy “ser um dos mais vigiados do mundo” e que, apesar de ser de fabrico soviético, tendo o primeiro reactor sido inaugurado em 1974, em nada se assemelha à central de Chernobyl. Tudo é diferente, desde o tipo de reactores aos sistemas de segurança. “No debate do nuclear, Chernobyl não é uma boa referência”, frisou Miko Kovachev, antigo ministro da Energia e presidente do comité búlgaro para o Conselho Mundial de Energia. “A tecnologia que estão a usar (em Kozloduy) não é uma tecnologia de Chernobyl.”
 
Central eléctica acoplada à central nuclear
 
Esta é uma ideia que as autoridades búlgaras têm tentado fazer passar para a opinião pública europeia, sobretudo numa altura em que aquele país acabou de se juntar à União Europeia. No entanto, Bruxelas não voltou atrás na sua decisão sobre o encerramento dos reactores 3 e 4, num gesto que o Governo considerou ser impelido por interesses económicos de modo a beneficiar determinadas empresas do sector, nomeadamente francesas e inglesas. “Assumo que existam interesses económicos por detrás da imposição da União Europeia para o encerramento de alguns reactores nos países do antigo bloco de leste”, de modo a beneficiar determinadas empresas do sector, revelou Ivanov.
 
“Uma das centrais mais vigiadas do mundo”
 
Quanto ao encerramento dos reactores 1 e 2, o processo foi menos conturbado, apesar de ter sido igualmente imposto pela União Europeia. Estes foram desactivadas a 31 Dezembro de 2002, uma data de contornos fúnebres para a população de Kozloduy (cerca de 11 mil pessoas), que directa ou indirectamente está ligada àquele central.
 
À entrada da sala de comando dos “defuntos” reactores 1 e 2 encontram-se dois quadros a assinalarem literalmente sua morte. Nem a cruz falta. A referência a este facto é feita com saudosismo e nostalgia. Mais do que uma questão energética, o programa nuclear é um factor de orgulho nacional. “Muitos búlgaros encaram o nuclear como se fosse o seu projecto nacional. Não têm um programa espacial, mas têm um programa nuclear”, tinha observado Ilin Stanen, um jornalista búlgaro. De facto, o programa nuclear tem taxas de aprovação nacional na ordem dos 75 por cento, subindo esse número para os 90 em Kozloduy. 
 
Uma das salas de comando dos reactores desactivados
 
Vladimir Uruchev, então engenheiro chefe dos reactores 1 a 4, manifestou desânimo ao falar nas unidades 1 e 2, estando em consonância com o ambiente que se vive na respectiva sala de comando, que continua a servir de base aos técnicos para vigiarem a temperatura dos núcleos dos reactores desactivados e o estado do combustível nuclear que ainda se encontra no local. Este é um processo que pode demorar anos, e é por isso que o impacto laboral do encerramento daqueles reactores não foi significativo, tendo em conta o acompanhamento que é preciso fazer.
 
“O calor residual tem que ser removido do núcleo”, informou Uruchev. “O fuel está armazenado numa piscina ao lado do núcleo, suficientemente afastado para não provocar uma reacção nuclear”, acrescentou. Quando inquirido sobre o que fazer a este combustível, Uruchev limitou-se a encolher os ombros, sem dar uma resposta conclusiva.  
 
Sala de comando
 
Depois de alguns minutos à conversa com os técnicos, Uruchev conduziu o grupo através de uma porta estanque que dá acesso a umas escadas ladeadas por paredes de betão com vários metros de espessura. Em poucos segundos, está-se no interior do silo, num posto de observação devidamente isolado com vidro, com vista privilegiada para os reactores 1 e 2. Note-se que caso estes estivessem a funcionar, a visita não teria passado da sala de comando, dado que nessas condições ninguém pode entrar num silo, a não ser em momentos de manutenção, nos quais os técnicos vão devidamente equipados com fatos anti-radiação, revezando-se em períodos de dois minutos. Cobertos com duas cúpulas de ferro, o reactor número dois estava apenas a sensivelmente 10 metros dos visitantes, enquanto que o outro se situava um pouco mais distante. Uma visão rara que até então nunca era captada por câmaras estranhas.
 
Esta “abertura” por parte das autoridades de Kozloduy é um sinal dos tempos e fruto da necessidade de alguns Governos manterem em actividade as suas centrais, vitais para o fornecimento de energia eléctrica a baixo custo para as suas populações. Devido à imposição da União Europeia e de organizações como a AIEA, o caso da central nuclear de Kozloduy é um bom exemplo das políticas que têm sido seguidas pelos países que herdaram este tipo de tecnologia do império soviético.
 

Níveis de radiação aumentam em Fukushima e a prioridade é arrefecer os reactores

Alexandre Guerra, 14.03.11

 

 

A explosão na central nuclear de Fukushima Daiichi (1), consequência do terramoto de Sexta-feira no Japão, o maior desde que há registo, e que afectou sobretudo o noroeste do País, fez acordar novamente os “fantasmas” sobre a problemática do nuclear.

 

Os receios, quase sempre adormecidos, despertam nestas alturas em que algo de anormal se passa numa central nuclear. Curiosamente, não há muito tempo, foi também no Japão que se verificaram alguns incidentes relativos a umas fugas de uma das outras centrais espalhadas naquele país.

 

Nestes momentos, são sempre recordados dois casos clássicos: Three Mile Island, Pensilvânia, em 1979, um acidente de nível 5, de acordo a escala da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), verificando-se a libertação limitada de material radioactivo; Já o trágico acidente de Chernobyl, Ucrânia, em 1986, é o pior desde que se começou a utilizar a fissão nuclear para produzir electricidade. Acidente de nível 7, com libertação de material radioactivo sem qualquer tipo de controlo.

 

 

Quando à explosão do reactor 1 da central de Fukushima Daiichi foi classificado pelas autoridades japonesas de nível 4, ou seja, “acidente com consequências locais”. Porém, convém referir que a explosão deu-se da parte fora do primeiro vaso de contenção, ou seja, não afectou o núcleo da unidade. Desta explosão resultaram quatro feridos.

 

A central de Fukushima Daiichi tem 6 reactores, três dos quais estão em “automatic shutdown”, incluindo o número 1, sendo que os restantes estavam parados, em trabalhos de manutenção. De acordo com o último comunicado da Nuclear and Industrial Safety Agency (NISA) japonesa, verifica-se um aumento dos níveis de radiações nas imediações do complexo de Fukushima Daiichi.

 

Neste momento, de acordo com as autoridades japonesas, está em curso o trabalho de arrefecimento dos três reactores em “automatic shutodwon”, através de diferentes sistemas, incluindo o bombeamento de água do mar.

 

Os quatro reactores (de 1100MW cada) da central de Fushima Daini (2) estão todos em “automatic shutdown”, com as autoridades a garantirem que o controlo da situação, à semelhança do que acontece com os restantes complexos nucleares do país.

 

Ainda chegou a ser dado o alerta na central nuclear de Onagawa, com os seus três reactores, devido aos níveis registados no exterior do complexo, mas as autoridades rapidamente afastaram qualquer perigo, visto tratar-se da radiação trazida pelos ventos de Fukushima Daiichi.

 

Actualmente, o Japão tem 17 centrais nucleares, com 55 reactores.

 

Apenas a título informativo, a International Nuclear and Radiological Scale (INES) da AIEA classifica de 0 a 7 o grau de gravidade dos acidentes nucleares. Até hoje, apenas Chernobyl ocupou o topo desta trágica tabela.

 

Leituras

Alexandre Guerra, 13.03.11

 

É uma dramática coincidência, o facto do acidente nuclear de Fukushima Daiichi ter ocorrido semanas antes de se assinalar o 25º aniversário dos trágicos acontecimentos de Chernobyl, na Ucrânia, a 26 de Abril de 1986. É precisamente no âmbito desta importante data que Mikhail Gorbachev, antigo Presidente da defunta União Soviética, escreveu um imperdível artigo, Chernobyl 25 years later: Many Lessons Learned, no Bulletin of the Atomic Scientists.