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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Presseurop: um site para os europeus interessados no que se passa na Europa

Alexandre Guerra, 30.07.10

 

Diplomata desconhecia, mas esta tarde foi-lhe "apresentado" o  Presseurop, um projecto europeu noticioso que diariamente publica artigos relevantes de meios de comunicação social de diferentes países, versando vários temas e editados por jornalistas em Portugal e em França.

 

Trata-se de um projecto com apoio da Comissão Europeia e que tem a vantagem de ter uma versão em português, coordenada por jornalistas do Expresso, que fazem uma análise atenta aos muitos artigos dos jornais europeus reunidos através da redacção central em França, para posterior publicação no site nacional.

 

O Presseurop tem edições em vários países europeus, igualmente coordenadas por jornalistas locais.

   

Washington e Islamabad obrigados a admitir uma realidade que há muito conheciam

Alexandre Guerra, 29.07.10

 

Kevin Frayer/Associated Press

 

Como dizia esta semana o repórter Nic Robertson da CNN, é nas pequenas histórias e nos pormenores dispersos entre os milhares de documentos “classificados”, postos a circular pelo Wikileaks no passado Domingo sobre a guerra no Afeganistão, que se encontra a verdadeira “notícia”.

 

Tal como o Presidente Barack Obama referiu, a ideia genérica retirada da maior parte da informação divulgada já era do conhecimento público, tendo sido amplamente debatida. Uma posição partilhada também pelos analistas e pelas autoridades de Islamabad, que trataram de desvalorizar algumas das informações contidas nos relatórios.

 

Porém, os acontecimentos do quotidiano militar no Afeganistão e os detalhes tácticos que nunca vieram a público e que agora se encontram perdidos entre as milhares de páginas à espera de serem lidas, acentuam os contornos dramáticos do conflito e clarificam as implicações políticas do mesmo.

 

Estes apontamentos são muito importantes porque reflectem de forma crua e objectiva o que se passa no terreno e materializam, de certa maneira, o debate que se tem feito sobre as grandes problemáticas estratégicas inerentes à guerra no Afeganistão.

 

Porque se é verdade que este assunto tem sido amplamente discutido nos gabinetes ministeriais e na imprensa internacional, é também certo que, por vezes, este discurso se abstrai do “terreno” e fica-se pela componente mais estratégica e política, distanciando-se dos factos sangrentos e comprometedores que o suportam.

 

Talvez um dos melhores exemplos prende-se com o “papel” que o Paquistão tem desempenhado no conflito. Muito se tem falado sobre o carácter dúbio da actuação das forças paquistanesas no combate ao terrorismo, um tema que o próprio Diplomata já fez referência por diversas ocasiões.

 

Embora nunca tenha havido um reconhecimento formal por parte de Washington, a verdade é que nos corredores se tem admitido que o Paquistão deveria ser mais convicto nos esforços de guerra. Há quem tenha mesmo adiantado que existe uma certa cumplicidade entre diferentes sectores da estrutura militar e dos serviços de “intelligence” paquistaneses (ISI) com a causa taliban.

 

Ora, para quem conheça minimamente a complexa realidade paquistanesa no que diz respeito às suas forças de segurança e à sua forma destas se relacionarem com o poder político, e para quem tenha acompanhado de perto os desenvolvimentos no terreno nos últimos anos, facilmente chegará à conclusão que a vontade veemente manifestada pela liderança política em Islamabad de apoio a Washington nem sempre se traduziu em actos efectivos por parte de alguns sectores militares ou de “intelligence”.

 

Embora já há muito tempo se constate esta realidade, a “fuga” do Wikileaks parece agora confirmar através de actos concretos o tal papel “dúbio” do Paquistão no combate ao terrorismo. De acordo com os documentos, os serviços secretos militares paquistaneses terão prestado auxílio aos taliban na sua estratégia de insurreição. Também o Exército paquistanês terá agido, por um lado, como aliado dos Estados Unidos, por outro, como inimigo.

 

Os pormenores avançados pelos documentos e que sustentam as suspeições de há muito são a verdadeira “revelação”, tendo causado embaraço e irritação na cúpula política e militar paquistanesa e desconforto nas relações diplomáticas entre Islamabad e Washington. Porque, apesar de ser uma realidade que todos conheciam, só agora foi possível confrontar aqueles dois governos com a realidade crua dos factos no terreno.

 

O Diplomata sugere uma incursão pelos 13 livros finalistas do Man Booker Prize 2010

Alexandre Guerra, 27.07.10

 

E porque o Verão convida à leitura, o Diplomata sugere uma incursão pelos 13 livros anunciados hoje como candidatos finalistas ao Man Booker Prize 2010, o principal prémio literário para autores de língua inglesa. Do total de 138 obras, o júri reduziu a lista a "treze livros excepcionais", sendo o vencedor anunciado a 12 de Outubro. O The Guardian fez uma síntese das obras finalistas e dos respectivos autores.

 

Uma das maiores "fugas" de informação da História

Alexandre Guerra, 26.07.10

 

Já é considerada uma das maiores “fugas” de informação da História. São 90 mil páginas de relatórios “classificados” das forças armadas americanas sobre as acções levadas a cabo na guerra no Afeganistão entre Janeiro de 2004 e Dezembro de 2009.

 

Julian Assange, director do site Wikileaks que avançou com todo o material, disse que todos estes documentos são a “história da guerra [do Afeganistão] desde 2004”.

 

O Pentágono faz outra leitura e classifica esta iniciativa de “irresponsável” e que pode ameaçar a “segurança nacional”, afirmando mesmo tratar-se de um “acto criminoso”. No entanto, vão demorar ainda algumas semanas até se apurar todas as consequências da divulgação desta informação.

 

O Wikileaks disponibilizou ainda este material ao New York Times, ao The Guardian e ao Der Spiegel, que hoje deram destaque ao assunto.

 

O Diplomata voltará a este assunto para analisar algumas das informações agora reveladas.

 

Polvo com ar de "Lula" faz escolha previsível para as presidenciais no Brasil

Alexandre Guerra, 22.07.10

 

 

Através do It's PR Stupid, o Diplomata constatou que na antevisão das eleições presidenciais no Brasil, este polvo, com mais ar de "Lula", escolheu a candidata do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff, em preterimento de José Serra, ou não fosse aquela a sucessora do actual Presidente Lula da Silva.

 

O "jogo" de palavras já começou

Alexandre Guerra, 22.07.10

 

No seguimento do post anterior, relativo aos "jogos de guerra" que os Estados Unidos e a Coreia do Sul vão realizar a partir do próximo Domingo no Mar do Japão, Pyongyang, tal como se esperava, já veio dizer hoje que aquela iniciativa representa uma ameaça à segurança da região.

 

As manobras militares ainda não começaram, mas o "jogo" de palavras já, com a tensão entre as partes a agudizar-se.

 

Jogos de guerra ao largo da Península da Coreia vão deixar o mundo em suspenso

Alexandre Guerra, 20.07.10

 

Os preparativos para a recepção de Biden e Clinton em Seul/Foto:Truth Leem,Reuters

 

Quando no próximo dia 25 de Julho forem mobilizados para o Mar do Japão 20 navios de guerra e submarinos, 200 aviões militares e 8 mil soldados, o mundo viverá, certamente, um dos dias mais tensos do ano, ou não fosse este um exercício militar conjunto entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul com o objectivo de enviar uma mensagem forte e clara ao regime de Pyongyang.

 

Durante quatro dias, forças daqueles dois países aliados estarão envolvidas em manobras de dissuasão contra a Coreia do Norte e que pretendem ser uma resposta directa ao afundamento da embarcação militar sul coreana, Cheonan, alegadamente atingida no dia 26 de Março por um torpedo norte-coreano e que vitimou 46 marinheiros.

 

Esta versão dos acontecimento foi corroborada por um relatório realizado por uma equipa de peritos internacionais, apesar de Pyongyang o ter considerado uma afronta, rejeitando as acusações de que é alvo. Também as Nações Unidas condenaram o incidente, mas não se pronunciaram quanto à identificação do responsável.

 

Seja como for, Washington está convicto da culpabilidade da Coreia do Norte no afundamento do Cheonan, tendo deste então manifestado total apoio a Seul. De tal forma, que se encontram no país o vice-Presidente americano, Joe Biden, e a Secretária de Estado, Hillary Clinton, que esta Quarta-feira vão visitar a Zona Desmilitarizada (DMZ) que separa as duas Coreias desde o fim da Guerra de 1950-53.

 

Como se já não bastasse ser uma região historicamente tensa e bastante militarizada, porque além dos vectores de lançamento da Coreia do Norte esta tem igualmente um Exército gigantescto (embora pouco equipado e motivado), a partir do próximo dia 25 vão juntar-se ao largo da Península da Coreia, entre outras embarcações, o porta-aviões nuclear americano George Washington, assim como mais três contratorpedeiros.

 

Apesar de ser um exercício militar, as manobras no Mar do Japão durante quatro dias deixarão o mundo em suspenso, numa altura em que as relações entre as duas coreias atravessam um dos piores momentos dos últimos anos.

 

Qualquer incidente ou acto mais provocatório poderá desencadear uma reacção de consequências imprevisíveis. Num comunicado conjunto, Seul e Washington foram peremptórios ao afirmar que este exercício foi concebido para “enviar uma mensagem clara à Coreia do Norte de que o seu comportamento agressivo tem que parar”.

 

Ora, o regime de Pyongyang tem tido ao longo dos últimos anos vários actos provocatórios, nomeadamente ao nível de testes com mísseis, no entanto, tem conseguido gerir as vozes críticas da comunidade internacional, evitando sofrer consequências militares. Mas, depois do afundamento do Cheonan, a paciência de Seul e de Washington parece estar a esgotar-se, sendo quase certo que perante um incidente daquela natureza durante o exercício militar, Pyongyang arriscar-se-á a sofrer uma retaliação militar.

 

Top Secret America

Alexandre Guerra, 19.07.10

 

Top Secret America, uma extensa e exaustiva investigação realizada pelo Washington Post sobre os serviços de "intelligence" americanos e publicada hoje no site daquele jornal americano. Trata-se de um trabalho de grande dimensão, com diferentes ângulos e abordagens.

 

Com uma forte componente gráfica e reunindo o testemunho de centenas de pessoas, o Top Secret America merece ser estudado minuciosamente, porque traça um perfil muito interessante do estado da comunidade de "intelligence" dos Estados Unidos. A BBC News já avançou com uma primeira análise.

 

Prenúncio de uma terceira guerra entre Israel e o Hezbollah no Sul do Líbano

Alexandre Guerra, 18.07.10

 

 

A aparente tranquilidade que se vive na zona fronteiriça entre o Norte de Israel e o Sul do Líbano poderá esconder uma situação potencialmente explosiva, pelos menos se se tiver em conta alguns indícios que têm surgido nas últimas semanas, perspectivando uma Terceira Guerra Israelo-Libanesa.

 

Um relatório de Daniel C. Kurtzer do Center for Preventive Action do think tank Council on Foreign Relations, publicado este mês de Julho, alerta para a possibilidade de eclodir nos próximos 12/18 meses um conflito entre Israel e o Hezbollah no Líbano. Se tal acontecer será o terceiro na história do Médio Oriente entra aquelas partes, tendo o último ocorrido no Verão de 2006, provocando a morte de mais de 1000 civis e o desalojamento de cerca de um milhão de pessoas em território libanês, assim como o abandono temporário de milhares de judeus no Norte de

 

Israel. Na sequência deste conflito o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 1701.

 

Apesar de o relatório de Kurtzer constatar que a situação na fronteira entre Israel e o Líbano vive o período de maior acalmia da última década e que os militantes do Hezbollah têm tido uma atitude bastante passiva em relação a algumas manobras militares das forças de segurança israelitas (IDF), nomeadamente os voos de reconhecimento dos caças israelitas, a verdade é que existem indícios de que um conflito pode estar iminente entre as duas partes.

 

Kurtze não tem dúvidas ao referir no seu relatório que aquele movimento está mais forte militarmente quando comparado com 2006, violando, assim, a Resolução 1701.

 

Tal como aconteceu há quatro anos, tudo pode começar com incidentes bélicos de pequena escala, com “objectivos limitados” mas que rapidamente poderão extravasar para um conflito de grande intensidade. Por exemplo, o Hezbollah pode decidir atacar alvos específicos judaicos junto à fronteira, argumentando que está a “responder” aos voos israelitas ou à eventual morte de militantes seus devido a ataques de soldados do Exército hebraico.

 

Caso o rastilho seja aceso pelo Hezbollah, tal pode ficar a dever-se a duas razões, diz Kurtzer.

 

A primeira tem a ver com a morte recente do inspirador religioso xiita, Muhammad Hussein Fadl’Allah. O Hezbollah poderá querer dar novamente um ímpeto ao seu movimento, através da união dos xiitas libaneses, sendo que para cumprir tal objectivo nada melhor do que criar um clima de animosidade contra o histórico inimigo: Israel.

 

Este cenário é possível e, certamente, bem observado, no entanto, o Diplomata considera que dificilmente seja uma estratégia a seguir pelo Hezbollah.

 

Mais realista e previsível é a segunda razão apontada por Kurtzer. É importante sublinhar que quatro anos depois da Segunda Guerra Israelo-Libanesa, surge um factor novo e que tem sido um dos motivos de maior preocupação para a comunidade internacional e para Israel: o programa nuclear iraniano. Aqui, poderia ser o próprio regime de Teerão a “forçar” um conflito entre o Hezbollah e Israel, como forma de desviar as atenções da questão nuclear.

 

No entanto, e ironicamente, talvez seja Israel quem mais teria a ganhar com esta situação, já que poderia aproveitar um conflito com o Hezbollah para alargar o campo de batalha ao Irão, com o argumento de que este estaria a apoiar aquele movimento. Com um conflito regional instalado, Israel tinha o caminho aberto para levar a cabo os tão ambicionados ataques às instalações nucleares iranianas. Esta lógica é extensível à Síria.

 

Ainda sobre os prenúncios da Terceira Guerra Israelo-Libanesa, no início do mês, o secretário-geral Ban Ki-moon alertou para o perigo do “recomeço das hostilidades” entre Israel e o Hezbollah. Este receio surge na sequência do mais recente relatório da força da ONU no terreno, a UNIFIL, que apesar de referir que existem apenas suspeitas de estarem a ser transferidas armas para aquele movimento, verifica-se um aumento da tensão entre as duas partes no Sul do Líbano.

 

De acordo com alguns testemunhos, neste momento a situação não é crítica, mas sente-se um clima de tensão e de alguma violência de baixa intensidade na região do Sul do Líbano.

 

Para já, Ban Ki-moon informa que não existem provas concretas de transferência ilegal de armas para aquele movimento xiita, no entanto, em Abril último, já o Presidente israelita Shimon Peres, tinha acusado a Síria de estar a fornecer mísseis Scud ao Hezbollah. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse ainda que militantes do Hezbollah estariam a receber treino na Síria para aprenderem a operar aqueles mísseis.

 

Washington apoiou estas acusações, embora nenhuma delas tenha sido provada, tendo Damasco rejeitado também qualquer envolvimento nesta questão.

 

O relatório de Kurtzer fala também na possível aquisição por parte do Hezbollah de mísseis terra-ar S-300, que poderiam colocar em risco a aviação israelita.

 

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