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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A Turquia fala em punição de Israel. Mas como e por quem?

Alexandre Guerra, 01.06.10

 

 

Primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan/Umit Bektas/Reuters

 

O assalto das comandos da Marinha israelita à frota turca composta por seis embarcações com fins humanitários em águas internacionais na madrugada de Segunda-feira, e que fez pelos menos 10 mortos e cerca de 30 feridos, é, infelizmente, apenas mais um trágico episódio no âmbito do conflito israelo-palestiniano, a juntar a tantos outros que se perpetuam ao longo dos anos, muitos dos quais em clara violação do Direito Internacional mas que ficaram sem explicações ou qualquer tipo de punição.

 

O Diplomata quase dá como certo que o mesmo vai acontecer neste caso, apesar das manifestações de repúdio por parte da comunidade internacional, com o Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, à cabeça, e das ameaças por parte das autoridades de Ancara. O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse mesmo que a acção militar dos comandos israelitas à frota turca foi um “ataque sangrento” e que Israel devia ser punido.

 

A grande questão é saber quem vai assumir esse acto punitivo. Erdogan diz que Israel não deve testar a paciência turca e, efectivamente, foi bastante duro nas palavras. Mas, apenas com palavras de ameaça e com deliberações inócuas do Conselho de Segurança, Israel tem poucos motivos para se preocupar.

 

Uma atitude bem evidente no comportamento do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que se limitou a pedir desculpas pela morte de alguns inocentes, mas defendendo a acção dos comandos da Marinha hebraica e argumentado que actuaram em auto-defesa.

 

Se é verdade que a Turquia tem ao seu dispor alguns meios de pressão sobre Israel, nomeadamente ao nível de parcerias militares, resta saber até onde é que Ancara está disposta a ir.

 

Por outro lado, já se percebeu que Washington pouco ou nada deverá fazer. Aliás, o silêncio do Presidente Barack Obama sobre esta matéria começa a ser constrangedor. Washington limitou-se a juntar a outras nações no pedido de uma investigação "transparente".

 

Quanto à União Europeia nem vale a pena falar, e o mesmo se aplica ao Quarteto, liderado por Tony Blair.

 

Um papel mais interessante poderá ter a NATO a desempenhar a médio prazo, já que a Turquia é membro da Aliança e um dos principais aliados dos Estados Unidos. O próprio Secretário Geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, já interveio e exortou Israel a libertar os navios e activistas.

 

Perante a escalada de críticas, a situação na Faixa de Gaza poderá tornar-se insustentável para Israel, podendo haver aqui uma janela de oportunidade para a NATO assumir um papel de vigilância naquelas zonas do Mediterrâneo, onde aliás tem uma vasta experiência.

 

Seria uma medida interessante para a comunidade internacional e que poderia igualmente proporcionar uma saída airosa para Ancara que, assim, evitava uma escalada político-diplomática com Telavive e, ao mesmo tempo, contribuía para a resolução de um problema que aflige constantemente Gaza: o direito de navegação nas suas águas e o acesso ao seu porto. Claro está que esta medida seria sempre bem vista pelos palestinianos, mas rejeitada à partida por Israel.

 

Haaretz "ataca" a acção da Marinha israelita em todas as frentes

Alexandre Guerra, 01.06.10

 

O Diplomata, enquanto leitor atento do Haaretz há vários anos, confessa que não se recorda de ver no site daquele jornal uma tão acentuada homogeneidade opinativa no tom e no conteúdo. Começa-se a ler o editorial The price of flawed policy , segue-se depois para o texto de Gideon Levy, Operation Mini Cast Lead, com uma paragem posterior nos artigos de Ari Shavit, Fiasco on the high seas ,  e de Reuven Pedatzur, A failure any way you slice it. Termina-se com o texto de Yossi Sarid que é aquele, na opinião do autor destas linhas, que apresenta o título mais sugestivo: Seven idiots in the cabinet.

 

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