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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Leituras

Alexandre Guerra, 30.04.10

 

A BBC News tem sido uma das “aliados” de Portugal no que diz respeito ao distanciamento da imagem da conjuntura portuguesa bastante negativa que tem sido veiculada pela generalidade de imprensa internacional. Depois de um artigo positivo na Quarta-feira, hoje foi a vez de Alison Roberts, correspondente daquela televisão em Lisboa, ter publicado Portugal buffeted by Greek budget storm.

 

Diplomacia e resolução de conflitos no Model United Nations na Universidade do Porto

Alexandre Guerra, 30.04.10

 

 

Imagine o leitor que durante dois dias assumiria o papel de estadista ou de representante governamental do Haiti, e junto do Conselho Económico e Social (ECOSOC) das Nações Unidas (ONU) teria que utilizar toda a sua influência e destreza diplomática, para que aquele órgão adoptasse uma resolução que pudesse dar resposta ao problema dos desalojados provocados pela recente tragédia naquele país caribenho.

 

Ou, imagine o leitor que, na qualidade de membro não permanente do Conselho de Segurança em representação do Gana, pretende pressionar os seus pares naquele órgão para que adoptem uma resolução com vista a impor sanções a todos os países que não se comprometam num combate efectivo ao tráfico de crianças.

 

Estes são alguns dos exercícios de simulação que o Model United Nations (UPMUN 2010) pode proporcionar nos próximos dias 21 e 22 de Maio na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

 

Esta iniciativa está a ser organizada por um grupo de alunos de Relações Internacionais e a associação de estudantes daquela Universidade, e “consistirá numa simulação da actividade da Organização das Nações Unidas (ONU), nomeadamente do Conselho Económico e Social (ECOSOC) e Conselho de Segurança, com o intuito de proporcionar aos participantes a oportunidade de desenvolverem competências em termos de negociação e de resolução de problemas e de conflitos, bem como as suas capacidades de argumentação e o seu espírito crítico”.

 

Trata-se sem dúvida de um modelo original e muito interessante, que permite aos participantes terem uma experiência concreta com os mecanismos diplomáticos de resolução de conflitos, de entendimento político e de cooperação internacional. Terão também a oportunidade de  ouvir e, certamente, falar com os oradores convidados.

 

Para quem estiver interessado em participar nesta iniciativa, as inscrições estão abertas até ao próximo dia 8.

 

Diplomata terá todo o gosto em publicar a informação que os organizadores do UPMUN considerem relevante para os leitores deste espaço.

 

Do estrangeiro nem tudo são más notícias

Alexandre Guerra, 28.04.10

 

Uma das virtudes do encontro desta Quarta-feira entre o primeiro-ministro José Sócrates e o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, realizado debaixo de uma autêntica tempestade especulativa, foi ter dado sinais para o exterior de convergência entre o Governo e a oposição na tentativa de se implementar medidas económicas e financeiras de maior austeridade.

 

A julgar pela notícia da BBC News desta noite, fica-se claramente com a ideia de que Portugal está a envidar todos os esforços para dar resposta à crise dos mercados, podendo ler-se que o Sócrates “anunciou planos para restaurar a confiança económica e financeira do País”.

 

A mesma notícia refere que a situação dos países ibéricos está muito longe daquilo que se passa na Grécia, reforçando esta ideia com uma citação do ministro das Finanças francês, Francois Baroin: “A situação de Portugal não é a mesma que a da Grécia O nível da dívida é importante, mas Portugal não mentiu [em relação às suas finanças].”

 

Também Jonathan Loynes, economista chefe para a Europa da Capital Management em Londres, referiu que Portugal não sofre do mesmo problema de “credibilidade do défice” que a Grécia.

 

Leituras

Alexandre Guerra, 26.04.10

 

O casamento homossexual veio novamente para a agenda mediática este fim-de-semana, depois de ter sido avançado por algumas fontes que o Presidente Cavaco Silva poderia estar a preparar-se para vetar o diploma, embora o acórdão do Tribunal Constitucional ainda não tenha sido publicado. Ora, isto para dizer que o New York Times publicou há uns dias um excelente e divertido artigo sobre a presença "gay" no mundo dos heróis dos "comics". Em Out of the closet and Up, Up and Away é interessante ver a influência que alguns destes heróis tiveram em determinados círculos da sociedade americana, e constatar como esses personagens reflectiam, por vezes de forma dissimulada, a afirmação das orientações sexuais dos seus próprios criadores.

  

Afinal quem lançou o “rocket” que atingiu a Jordânia?

Alexandre Guerra, 23.04.10

 

Por incrível que pareça, ninguém se acusa ou parece saber quem foi o responsável pelo lançamento do “rocket” que atingiu ontem Aqaba, cidade costeira da Jordânia banhada pelo Mar Vermelho. Os destroços do “misterioso” míssil, como lhe chama a BBC News, foram recolhidos pelas autoridades jordanas, tendo o primeiro-ministro, Samir Rifai, afastado a hipótese do lançamento ter sido efectuado do interior do país com o objectivo de atingir o Estado vizinho de Israel.

 

Pelo contrário, a Jordânia diz que Aqaba é que era o alvo, rejeitando, assim, a teoria de tratar-se de um possível lançamento falhado perpetrado por algum grupo terrorista a operar no seu território contra Israel.

 

No entanto, os israelitas não perderam tempo em descartarem-se de qualquer responsabilidade sobre o sucedido, tendo antes acusado os egípcios de serem os autores do lançamento, eventualmente, com o objectivo de atingir Eliat, mas que terá caído acidentalmente Aqaba. Claro está que o Cairo rejeitou esta teoria.

 

Uma coisa é certa, a região israelita de Eliat, muito próxima de Aqaba, é um alvo potencial para os grupos radicais islâmicos que se movimentam no sul da Jordânia e no deserto do Sinai egípcio, tendo no passado já perpetrado vários ataques contra aquela cidade turística judaica.

 

As autoridades jordanas, inclusive, detiveram em 2001 na zona de Aqaba terroristas do Hezbollah vindos do Líbano, que se preparavam para lançar “rockets” Katyusha sobre Eliat.

 

De acordo com as autoridades jordanas, o “misterioso” míssil é um Grad, de fabrico russo com alcance máximo de 40 quilómetros. Além deste “rocket” houve um outro que também terá sido lançado, mas caído no mar. 

 

A sociedade vista com humor no World Press Cartoon, mas com o objectivo de fazer pensar

Alexandre Guerra, 18.04.10

 

  

Observar a política internacional ou os temas da sociedade em geral através de um cartoon ou de uma caricatura é um exercício que merece sempre muita atenção, porque é no exagero das suas formas e contornos que se revela o mais elementar das problemáticas abordadas. O cartoon e a caricatura têm a virtude de mostrar aquilo que, por vezes, pode estar escondido ou camuflado.

 

Ao visitar este Domingo de manhã a recém inaugurada World Press Cartoon 2010 no Sintra Museu de Arte Moderna, o autor destas linhas constatou que Berlusconi, Barack Obama, Cimeira de Copenhaga, Irão, crise financeira, Michael Jackson, Gripe A, escassez de água, foram alguns dos temas que inspiraram as 400 obras em exposição e que podem ser vistas até 4 de Julho.

 

Simultaneamente ao World Press Cartoon 2010 pode também ser vista uma excelente exposição de desenhos humorísticos e de cartoons assinados por Leal da Câmara (1876-1948), tendo no regime monárquico português parte da sua inspiração, mas debruçando-se igualmente sobre importantes acontecimentos internacionais.

 

Talvez um dos trabalhos mais fascinantes seja um tríptico em que retrata o sistema internacional à beira da II GM, no qual se pode ver um português descansadamente na sesta à sombra de uma oliveira.

 

As duas exposições aqui referidas são uma importante fonte de informação para melhor se compreender o mundo de então e o dos dias de hoje, porque, como dizia o próprio Leal da Câmara, um desenho humorístico não serve apenas para fazer rir, deve servir também para fazer pensar.

 

O irresistível brilho azul

Alexandre Guerra, 12.04.10

 

 

Núcleo do reactor civil de investigação do MIT/Yakov Ostrovsky

 

Washington acolhe até esta Terça-feira uma cimeira internacional sobre segurança nuclear. Um dos principais receios do Presidente norte-americano, Barack Obama, está relacionado com o urânio e o plutónio disponível em dezenas de reactores nucleares civis de investigação espalhados pelo mundo e que, na maioria dos casos, estão desguarnecidos de medidas de alta segurança.

 

Só nos Estados Unidos existem 130 reactores nucleares para investigação, sendo o do MIT (na foto) um deles. De acordo com os especialistas, a quantidade de combustível nuclear disponível em todas aquelas instalações daria para construir centenas de ogivas nucleares.

 

Apesar de todos estes potenciais perigos e desafios, a verdade é que o brilho azul que emana "24 sobre 24" dos núcleos dos reactores parece ter um efeito hipnótico nos lideres mundiais, já que são poucos aqueles que não gostariam de deter tal tecnologia nos seus países.

 

As trágicas coincidências da História

Alexandre Guerra, 10.04.10

 

Oficial russo guarda os destroços do Tupolev 154 na floresta próxima de Katyn/Sergei Karpukhin/Reuters

 

A História está cheia de coincidências trágicas. Não são mais do que um desafio ousado às estatísticas das probabilidades, mas nem por isso deixam de provocar interpretações transcendentais ou sentimentos de crença sustentados no irracional.

 

As circunstâncias em que ocorreu o acidente aéreo desta amanhã, perto de Katyn, e que vitimou o Presidente Lech Kaczynski, a cúpula do Estado Maior polaco, assim como outras figuras relevantes políticas e intelectuais, cruzam-se com os horrores de acontecimentos passados precisamente na mesma região.

 

Durante a II GM, o massacre de Katyn foi um dos episódios mais marcantes da violência perpetrada pelo Exército Vermelho aquando da invasão da Polónia, tendo Moscovo ordenado o massacre de milhares de soldados e oficiais, de elites políticas e intelectuais polacas nas florestas próximas de Katyn, em 1940.

 

A cicatriz de Katyn nunca foi sarada, simbolizando durante décadas o domínio russo sobre o povo polaco, e era precisamente para assinalar o 70º aniversário desse trágico acontecimento que uma delegação de alto nível partiu esta manhã de Varsóvia com destino ao aeroporto de Smolensk, capital da região russa com o mesmo nome, e cidade próxima da vila de Katyn.

 

Ao tentar aproximar-se à pista, pela quarta vez e sob forte nevoeiro, o Tupolev 154 terá embatido no topo das árvores e despenhado. As mais de pessoas que iam a bordo morreram.

 

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse tratar-se do evento mais trágico desde o pós II GM, tendo o antigo Presidente polaco, Aleksander Kwasniewski, afirmado que “Katyn” é um “lugar amaldiçoado”.

 

Tal como há 70 anos, a tragédia deste Sábado ocorreu na mesma floresta da região russa de Smolensk. “It sends shivers down my spine. First the flower of the Second Polish Republic is murdered in the forests around Smolensk, now the intellectual elite of the Third Polish Republic die in this tragic plane crash when approaching Smolensk airport”, disse Kwasniewski. 

 

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