Alex Brandon/Associated Press
O "atentado falhado" no interior do avião da Delta Airlines que fazia a ligação entre Amesterdão e Detroit na passada Sexta-feira fez soar várias campainhas de alarme nos Estados Unidos. O Presidente Barack Obama afirmou que este foi um "sério aviso" para que todos se relembrem dos perigos que a América continua a enfrentar.
Mas foi acima de tudo um sério aviso às autoridades americanas e europeias que, desde os ataques do 11 de Setembro, têm implementado várias medidas anti-terrorismo, mas continuam a demonstrar fragilidades preocupantes.
Embora se desconheça o verdadeiro perigo potencial do engenho explosivo que Umar Farouk Abdulmutallab transportava, já que os relatos têm sido vagos e pouco consistentes, é impossível minimizar o facto de que houve um passageiro que estava identificado pelas autoridades americanas e que conseguiu "furar" o esquema de segurança.
Foi precisamente este facto que o comunicado divulgado pelo ramo da al-Qaeda na Arábia Saudita fez questão de sublinhar, ao enfatizar o sucesso do nigeriano por ter conseguido transpor as barreiras de segurança com tecnologia de explosivos de fabrico próprio.
Trata-se sem dúvida de uma forma inédita de introduzir engenhos explosivos num avião, no entanto, talvez não seja este dado o mais preocupante.
A principal conclusão ou lição que se pode retirar deste incidente é o facto de persisistirem falhas graves no edifício de segurança americano e europeu, nomeadamente, ao nível da comunicação e da análise da ameaça. Estas falhas foram postas a descoberto nos atentados do 11 de Setembro, chegando-se, posteriormente, à conclusão que os mesmos não foram evitados não por falta de informação, mas antes porque a mesma não foi devidamente tratada nem trocada.
Muitos dos terroristas do 11 de Setembro e dos seus movimentos já estavam perfeitamente identificados, mas uma incorrecta avaliação de riscos, uma sucessiva desresponsabilização de competências e uma ausência de canais de comunicação entre as diferentes autoridades policiais do mundo impossibilitaram qualquer previsão do que estava para acontecer.
Um cenário que pelos vistos voltou a repetir-se, em circunstâncias menos dramáticas, é certo, mas com contornos muito preocupantes e confrangedores para as agências federais americanas responsáveis pela segurança do país. Mas não só para estas, já que os britânicos têm igualmente responsabilidades partilhadas por não terem feito uma vigilância mais apertada a Umar Farouk Abdulmutallab. Já nem vale a pena falar na Interpol ou na Europol, cujas limitações de investigação são mais que muitas.
Porém, sem dúvida que este assunto é particularmente embaraçoso para Washington já que foi o próprio pai de Umar Farouk Abdulmutallab, um reputado banqueiro nigeriano, a alertar a embaixada americana em Abuja no passado mês de Outubro para as preocupações que estava a ter com as visões radicais do seu filho.
Seja como for, Umar Farouk Abdulmutallab tinha um visto americano válido até 2010, apesar de estar numa lista de 550 mil nomes suspeitos de terem ligações terroristas. Apesar disto, o seu nome não constava na lista de pessoas interditas de voar e como tal pôde comprar o seu bilhete de avião sem qualquer dificuldade.
Janet Napolitano, Secretária do Departamento de Segurança Interna, teve de admitir o erro, num gesto claramente incómodo para si e para a administração de Barack Obama.