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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Obama admite "falhanço sistémico", confirmando tese avançada pelo Diplomata

Alexandre Guerra, 30.12.09

 

No seguimento do texto publicado neste espaço na Segunda-feira, o Diplomata sublinha a confirmação feita ontem pelo Presidente Barack Obama no Havai de que se verificou um "falhanço sistémico" na forma como as autoridades americanas lidaram com o processo do nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, responsável por um "atentado falhado" num voo da Delta Airlines no dia de Natal.

 

A imprensa internacional está a destacar o facto de Obama ter admitido que as autoridades americanas tinham informação suficiente para suspeitaram de que estava a ser preparado um atentado terrorista, no entanto, mais uma vez, não foi accionado qualquer mecanismo de segurança.

 

Obama prometeu que vai apurar as responsabilidades por este falhanço.

 

"Atentado falhado" expõe mesmos erros do 11 de Setembro e embaraça administração

Alexandre Guerra, 28.12.09

 

Alex Brandon/Associated Press

 

O "atentado falhado" no interior do avião da Delta Airlines que fazia a ligação entre Amesterdão e Detroit na passada Sexta-feira fez soar várias campainhas de alarme nos Estados Unidos. O Presidente Barack Obama afirmou que este foi um "sério aviso" para que todos se relembrem dos perigos que a América continua a enfrentar. 

 

Mas foi acima de tudo um sério aviso às autoridades americanas e europeias que, desde os ataques do 11 de Setembro, têm implementado várias medidas anti-terrorismo, mas continuam a demonstrar fragilidades preocupantes.

 

Embora se desconheça o verdadeiro perigo potencial do engenho explosivo que Umar Farouk Abdulmutallab transportava, já que os relatos têm sido vagos e pouco consistentes, é impossível minimizar o facto de que houve um passageiro que estava identificado pelas autoridades americanas e que conseguiu "furar" o esquema de segurança.  

 

Foi precisamente este facto que o comunicado divulgado pelo ramo da al-Qaeda na Arábia Saudita fez questão de sublinhar, ao enfatizar o sucesso do nigeriano por ter conseguido transpor as barreiras de segurança com tecnologia de explosivos de fabrico próprio.  

 

Trata-se sem dúvida de uma forma inédita de introduzir engenhos explosivos num avião, no entanto, talvez não seja este dado o mais preocupante.

  

A principal conclusão ou lição que se pode retirar deste incidente é o facto de persisistirem falhas graves no edifício de segurança americano e europeu, nomeadamente, ao nível da comunicação e da análise da ameaça. Estas falhas foram postas a descoberto nos atentados do 11 de Setembro, chegando-se, posteriormente, à conclusão que os mesmos não foram evitados não por falta de informação, mas antes porque a mesma não foi devidamente tratada nem trocada.

 

Muitos dos terroristas do 11 de Setembro e dos seus movimentos já estavam perfeitamente identificados, mas uma incorrecta avaliação de riscos, uma sucessiva desresponsabilização de competências e uma ausência de canais de comunicação entre as diferentes autoridades policiais do mundo impossibilitaram qualquer previsão do que estava para acontecer.

 

Um cenário que pelos vistos voltou a repetir-se, em circunstâncias menos dramáticas, é certo, mas com contornos muito preocupantes e confrangedores para as agências federais americanas responsáveis pela segurança do país. Mas não só para estas, já que os britânicos têm igualmente responsabilidades partilhadas por não terem feito uma vigilância mais apertada a Umar Farouk Abdulmutallab. Já nem vale a pena falar na Interpol ou na Europol, cujas limitações de investigação são mais que muitas. 

 

Porém, sem dúvida que este assunto é particularmente embaraçoso para Washington já que foi o próprio pai de Umar Farouk Abdulmutallab, um reputado banqueiro nigeriano, a alertar a embaixada americana em Abuja no passado mês de Outubro para as preocupações que estava a ter com as visões radicais do seu filho.

 

Seja como for, Umar Farouk Abdulmutallab tinha um visto americano válido até 2010, apesar de estar numa lista de 550 mil nomes suspeitos de terem ligações terroristas. Apesar disto, o seu nome não constava na lista de pessoas interditas de voar e como tal pôde comprar o seu bilhete de avião sem qualquer dificuldade. 

 

Janet Napolitano, Secretária do Departamento de Segurança Interna, teve de admitir o erro, num gesto claramente incómodo para si e para a administração de Barack Obama.

  

Leituras

Alexandre Guerra, 25.12.09

 

Obstinação, pragmatismo e vontade, são as palavras que A. Caño, correspondente do El País em Washington, utiliza para descrever Barack Obama no exercício das suas funções. Em El estilo del presidente pode ler-se uma análise à governação do Presidente americano e às conquistas que tem feito cumprindo, assim, as suas promessas eleitorais.

  

Senado mete seguro de saúde no "sapatinho" de Obama e de 30 milhões de americanos

Alexandre Guerra, 24.12.09

 

Presidente Barack Obama e o seu Vice, Joseph Biden, hoje, na Casa Branca Luke Sharrett/NYT

 

Em véspera de Natal, Barack Obama não poderia ter uma melhor prenda do que aquela que o Senado hoje lhe deu, ao votar favoravelmente a importante "bill", sobre a reformulação do sistema nacional de saúde, uma das principais promessas eleitorais feitas pelo Presidente americano. 

 

A votação de 60 contra 39 finaliza um longo processo de 25 dias de intensas discussões nas duas câmaras do Congresso sobre uma proposta que, entre outras coisas, permitirá alargar os seguros de saúde a cerca de 30 milhões de americanos que actualmente não têm qualquer cobertura médica.  

 

Após a aprovação da Câmara dos Representantes no mês passado e a votação de hoje no Senado, o próximo passo no Congresso é juntar as duas propostas de lei e torná-las num documento único. Este deverá ser um processo burocrático que não deverá levantar grandes problemas.

 

Quando a "bill" se tornar lei representará uma autêntica revolução no sistema nacional de saúde dos Estados Unidos e terá impacto na vida de todos os americanos, já que proposta prevê reduzir substancialmente os custos astronómicos que o Governo federal tem na quela área e que todos os anos fazem aumentar o défice americano.

 

Em termos genéricos, a nova lei vai estabelecer que todos os americanos (legalizados) tenham seguro de saúde, através de um modelo de responsabilização partilhada entre o Governo e as empresas. Este novo modelo vai imputar mais responsabilidades às autoridades federais, no entanto, permitirá ao mesmo tempo aliviar os custos da administração. Segundo o Congressional Budget Office, a lei irá custar 870 mil milhões de dólares nos próximos 10 anos.   

 

A votação de hoje no Senado coloca os Estados Unidos a um passo de fazer História, algo que tinha sido tentado infrutiferamente ao longo das últimas décadas . Em tempos mais recentes, sob a administração de Bill Clinton, Hillary ainda tentou avançar com um projecto, porém, sem grande sucesso. 

 

Politicamente, esta sempre foi uma batalha dos democratas, que comparam o actual momento à criação da Segurança Social em 1935 ou do Medicare em 1965. Exemplo disso, é o facto de nenhum republicano ter votado favoravelmente hoje no Senado e apenas um o ter feito na Câmara dos Representantes no mês passado.

  

Diplomata recupera testemunho de jornalista portuguesa sobre encontro com Montazeri

Alexandre Guerra, 20.12.09

 

Milhares de iranianos choram hoje a morte de ayatollah Hossein Ali Montazeri, aos 87 anos, desaparecendo, assim, uma das figuras religiosas mais proeminentes do Irão. O Diplomata recupera um texto que a jornalista do Expresso Margarida Mota escreveu para este blogue, descrevendo o seu encontro que teve com Montazeri. A Margarida foi uma das poucas jornalistas ocidentais que teve o privilégio de entrevistar aquele ayatollah.

 

Momentos com história

Alexandre Guerra, 16.12.09

 

 

A cimeira de Copenhaga está a aproximar-se do fim sem que com isso se vislumbre um "draft" consistente da declaração final. Entretanto, nas ruas da capital dinamarquesa reina uma espécie de anarquia, aparentemente agitada e ruidosa, mas em quase todos os aspectos inconsequente. A imagem colocada há sensivelmente duas horas e quarenta minutos no site da BBC News é exemplo disso mesmo. Apesar do barulho e dos protestos, tudo parece não passar de uma brincadeira e de um divertimento para muitos.

 

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