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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Da propaganda do regime chinês ao símbolo de um produto Pop no Ocidente

Alexandre Guerra, 30.09.09

 

 

Ao celebrar-se o 60º Aniversário de domínio comunista na China, a BBC World foi ouvir Katie Hill, investigadora no Contemporary Chinese Art da Universidade de Westminster em Londres, sobre os cartazes que serviram de base à propaganda do regime, até se tornar um produto da cultura Pop no Ocidente. Um interessante comentário, devidamente ilustrado e musicado.

 

Desapareceu um conservador honesto que fez história no reino dos liberais

Alexandre Guerra, 28.09.09

 

George Tames/The New York Times

 

A cena política conservador americana perdeu William Safire, que este Domingo não resistiu a um cancro do pâncreas, morrendo aos 79 anos, deixando como legado uma vasta obra jornalística e literária, que lhe valeu um prémio Pulitzer.

 

Ao longo de mais de três décadas, entre 1973 e 2005, Safire foi colunista residente do New York Times, ocupando um espaço residente naquele jornal com uma perspectiva conservadora, por vezes, bastante acutilante, do qual o autor destas linhas era leitor.

 

Mas já antes Safire era uma figura influente na cena política de Washington ao pertencer  ao núcleo duro do antigo Presidente Richard Nixon enquanto seu "speachwriter". Começara a sua actividade como jornalista, transitando mais tarde para a área das "public relations" ao serviço do poder da Casa Branca.

 

Aliás, Safire presenciou e, através das suas capacidades negociais, terá mesmo ajudado a promover o famoso "kitchen debate", um encontro informal realizado a 24 de Julho de 1959 entre Richard Nixon, na altura vice-Presidente dos Estados Unidos, e o chefe de Estado russo, Nikita Khrushchev, durante a American National Exhibition em Moscovo. 

 

Os dois líderes encontraram-se na cozinha da casa pré-fabricada construída para a exposição de modo a demonstrar ao povo russo o estilo de vida que qualquer cidadão americano podia ter.

 

Logo após ter iniciado a sua colaboração no New York Times como colunista, em 1973, Safire fez questão de informar os seus leitores de que não estaria naquele lugar para desculpar os erros de Nixon, no entanto, também referiu que não teria qualquer problema em elogiar aquilo que considerasse passível de o ser.

 

Não é por isso de estranhar que muitos dos seus novos colegas no New York Times, na sua maioria liberais, olhassem para Safire com desconfiança e intimamente ligado a Nixon, um homem caído em desgraça e, na altura, considerado como pouco recomendável para quase todos os círculos em Washington.

 

A verdade é que rapidamente Safire vincou o seu espaço, criando um registo muito próprio, sustentado no seu calibre intelectual e, muitas das vezes, enriquecido com o trabalho de campo e fontes fidedignas. De tal modo, que em 1978 Safire seria galardoado com o prémio Pulitzer.

 

O Washington Post, citando um antigo colega de Safire, descreve o momento em que a redacção do New York Times se terá rendido ao seu carácter e perfil.

 

Como John Nichols da The Nation observou, nem sempre era possível concordar com Safire, mas era impossível não reconhecê-lo como um conservador honesto. Também o Wall Street Journal teceu um enorme elogio a Safire, considerando-o como um dos "gigantes" do pensamento conservador emergentes no jornalismo na década de 70.

 

As eleições que deram a liberdade de escolha a Angela Merkel

Alexandre Guerra, 27.09.09

 

 

Nas outras eleições legislativas do dia, que não em Portugal, a chanceler alemã, Angela Merkel, venceu ao garantir mais de 33 por cento dos votos para o CDU (democratas cristãos). Com este resultado, insuficiente para garantir uma maioria absoluta no Bundestag (como aliás já se esperava), a Alemanha continuará a ter um Governo de coligação, no entanto, é ainda prematuro para adiantar a sua cor.

 

Merkel já disse que gostaria de coligar-se com o FDP (14,5 por cento), sendo, por isso, muito provável que a coligação com o SPD (social democratas), forjada em 2005, não se volte a repetir. Os 22,5 por cento obtidos pelo SPD levaram o seu líder Frank-Walter Steinmeir a admitir a derrota. 

 

Uma eventual aliança entre a CDU e o FDP daria para uma maioria estreita no Bundestag sobre uma aliança do centro esquerda formada pelo SPD, os Verdes (10 por cento) e o partido de Esquerda (12,5 por cento). 

 

Além da relação de amizade com o líder do FDP, Guido Westerwelle, a linha ideológica deste partido está mais próxima da visão política que Merkel quer continuar a implementar do que aquela que o SPD tem defendido. O FPD deverá ser assim recompensado pelos melhores resultados de sempre com um lugar no Governo.

 

   

 

Apesar da coligação governamental poder vir a mudar de cor, a Alemanha não vai sofrer grandes alterações nos desígnios da sua política, sobretudo por duas razões: 

 

A primeira razão que se pode retirar é o conservadorismo manifestado pelo eleitorado alemão, ao evitar uma mudança na liderança política do país, optando por reiterar a sua confiança em Merkel, que já fez questão de frisar que manterá o seu programa de Governo.

 

A segunda razão importante a reter, e como observou Roland Koch, líder do estado de Hessen, estes resultados eleitorais dão a Merkel a liberdade de escolher o parceiro governamental que bem entende, algo que não aconteceu nas eleições de 2005, nas quais o processo negocial de formação de Executivo foi bastante conturbado e moroso. 

 

Brown deita submarino nuclear Trident ao "fundo", mas fica com os seus mísseis

Alexandre Guerra, 23.09.09

 

O submarino nuclear britânico HMS Vigillant da classe Trident

 

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, aproveitou o seu discurso na 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas reunida em Nova Iorque para dar uma novidade interessante.

 

Brown anunciou esta Quarta-feira, em tom de proposta, que o Reino Unido vai reduzir a sua frota de submarinos nucleares da classe Trident, passando dos actuais quatro para três.

 

Na base desta decisão está sobretudo uma preocupação com a problemática do controlo de armamentos, tendo Brown afirmado que os Estados nucleares terão que fazer esforços significativos no sentido de se caminhar para um mundo sem armas atómicas.

 

Por outro lado, o primeiro-ministro britânico enviou um recado aos países que procuram desenvolver tecnologia nuclear para fins duvidosos, como são o caso do Irão e da Coreia do Norte. Estes, segundo Brown, terão que perceber que à medida que os Estados nucleares forem reduzindo os seus stocks mais exigente e criterioso será o combate à proliferação nuclear.

 

No entanto, o caminho para a desnuclearização é longo, tendo o próprio Brown informado que apesar dos seus intentos em relação aos submarinos Trident não abdicará dos respectivos mísseis nucleares.

 

Momentos com história

Alexandre Guerra, 21.09.09

 

 

O antigo primeiro-ministro Dominique de Villepin, hoje, à entrada do Palácio da Justiça para o primeiro dia de julgamento no âmbito do caso "Clearstream", no qual é acusado de forjar e divulgar uma lista falsa que incluía o nome de Nicolas Sarkozy, na altura candidato às presidenciais, e que o associava a um esquema de pagamentos ilícitos em negócios de armas.

 

Na lista constavam ainda outros nomes, no entanto, as autoridades vieram a confirmar que a mesma era falsa, suspeitando que aquele documento deveria ter como propósito denegrir a imagem de Sarkozy. Desde então que as atenções caíram sobre de Villepin e sobre o próprio Presidente de então, Jacques Chirac, que tinham todo o interesse em desgastar politicamente Sarkozy.

 

Cinco anos de paciência dão segundo mandato a Barroso na Comissão Europeia

Alexandre Guerra, 16.09.09

 

Reuters/Vincent Kessler

 

Durão Barroso foi confirmado esta Quarta-feira pelo Parlamento Europeu para um segundo mandato à frente dos desígnios da Comissão Europeia. Embora já fosse expectável este resultado, não deixa de ser curioso que, para alguém tão criticado, Barroso tenha acabado por ser reconduzido com uma margem relativamente confortável de votos na eurocâmara (382 a favor, 219 contra), repetindo um feito que não acontecia desde Jacques Delors.

 

A Reuters foi peremptória ao referir que Barroso ganhou um "forte mandato" através de uma "clara maioria". Não é por isso de estranhar que o antigo primeiro-ministro português tenha referido o seguinte: "Honestamente, acho que reforcei a minha autoridade."

 

Relembre-se que depois de Delors, que esteve à frente da Comissão entre 1984 e 1995, tanto Jacques Santer (obrigado a demitir-se antes do fim do seu mandato) como Romano Prodi revelaram-se líderes técnica e politicamente fracos para estar à frente de uma estrutura tão complexa e exigente como é a Comissão Europeia.

 

Independentemente das suas fraquezas ou orientações políticas, Barroso veio dar um novo fôlego à Comissão, colocando-a no centro de importantes decisões e distanciando-se gradualmente da área de influência dos Estados.

 

Porque, ao contrário do que é dito por alguns críticos, a verdade é que o colégio de comissários liderado por Barroso foi conseguindo "trabalhar" com alguma autonomia face às vontades dos Governos nacionais. É preciso lembrar que a actividade comunitária não está centrada apenas nas grandes decisões políticas, mas também em inúmeros processos decisórios que vão influenciando diariamente o quotidiano de milhões de europeus.

 

É certo que o início do seu mandato foi altamente conturbado, tendo Barroso cometido vários erros, inclusive alguns "braços de ferro" com o Parlamento Europeu aquando do processo de nomeação da sua equipa de comissários.

 

No entanto, de toda esta situação Barroso pode ter retirado alguns ensinamentos que lhe podem ser úteis agora, quando começar a discutir com os eurodeputados os nomes dos candidatos ao colégio de comissários.

 

Outro dos erros cometidos por Barroso nos primeiros tempos de mandato, e que o Diplomata pôde constatar nos corredores de Bruxelas, foi o seu distanciamento em relação à sua equipa, quer comissários, quer directores-gerais.

 

As pessoas reconheciam-lhe mérito, mas era comum ouvir-se vozes descontentes pela forma como não comunicava com os restantes comissários. Efectivamente, nos primeiros tempos de mandato Barroso era visto como um líder isolado, com pouca ligação aos restantes membros do colégio.

 

Com o passar do tempo, Durão Barroso, através da sua paciência maoista, foi vincando o seu papel de presidente da Comissão Europeia, assumindo uma confiança crescente e cativando ou influenciando os vários líderes europeus, ao ponto de todos os 27 Estado-membros, com mais ou menos reticências, lhe terem dado o seu apoio. Também com políticos mundiais, nomeadamente com o ex-Presidente norte-americano, George W. Bush, e com o então Presidente russo, Vladimir Putin, Barroso conseguiu criar "pontes". 

 

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