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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

A entrevista de um activista judeu-iraniano sobre a mais recente crise no Irão

Alexandre Guerra, 19.06.09

 

Várias têm sido as perspectivas analíticas veiculadas pelos meios de comunicação social em todo o mundo sobre os acontecimentos que se têm verificado no Irão nos últimos dias. Mas, se há ângulo potencialmente muito interessante e também raro será aquele que é visto por um activista judeu-iraniano.

 

É precisamente essa visão que se pode constatar numa preciosa entrevista dada por Frank Nikback ao Jewish Journal. Activista e director do Comité dos Direitos das Minorias do Irão, Nickback tem um profundo conhecimento da sociedade e da cena política iranianas, passando parte da sua vida em conferências e encontros para falar sobre a acção repressiva do regime contra judeus e não judeus.

 

O activista vive actualmente no sul da Califórna e foi entrevistado por Karmel Melamed.

 

O regime de Teerão visto por um dos mais conceituados dissidentes iranianos

Alexandre Guerra, 18.06.09

 

Akbar Ganji, um dos dissidentes iranianos mais conceituados na comunidade internacional, deu uma curta entrevista telefónica a Spencer Ackerman do The Washington Independent, na qual disse o seguinte sobre o regime de Teerão: 

 

“It’s very difficult to predict where this is going to lead to right now. The main point is that the government is very powerful. The regime is very organized with its intelligence forces, and the entire military apparatus, including the Revolutionary Guard and the Basij are included in this.

 

These guys are really well trained. [Supreme Leader Ayatollah Ali] Khamanei is a massive dictator, whose first and foremost interest is to maintain power and stay in power. The other point is that the Iranian people 30 years ago had a major revolution, the 1979 revolution, and following that, were involved in an eight-year war [with Iraq] and after that was the reformist movement. In the past 10 years, we’ve had varying experiences. So in one way, they’re not really looking for a revolution because it’s very expensive and very costly at the end. But altogether, the people are extremely unhappy with the regime, and they have a lot of hate for the regime.

 

So the current situation is dangerous. One outcome is the regime might use extreme violence, with all the powers at its means to suppress the movement. The other option is that the regime will not accept the people’s request and the people will continue demonstrating. And the people’s requests and their aspirations will get larger and larger, which will lead to a revolution, whose outcome is really unknown.

 

But there is another solution, a middle ground where Khamanei will accept the people’s requests. Khamanei will not like to accept the people’s requests, and will feel that if he will give ground, that will leave to more requests from people, and having to give more ground.”

  

Uma história sobre piratas na aldeia somali de Eyl

Alexandre Guerra, 17.06.09

 

O jornalista Andrew Harding da BBC News foi até à remota aldeia costeira de Eyl, um dos bastiões da pirataria somali, para procurar  histórias relacionadas com aquela temática. Num gesto de valentia jornalística, a reportagem de Harding acaba por revelar uma visão interessante daquilo que é o coração do reduto daqueles salteadores das embarcações. 

 

Nas ruas de Eyl vive-se um ambiente aparentemente tranquilo, com pescadores locais a preparem as suas redes para irem para a pesca e a insisistirem ao jornalista que não são piratas. Revelam aliás, que a maior parte destes prevaricadores vêm de fora.

 

Mas, a verdade é que por entre as casas e as ruas poeirentas vão-se vislumbrando carros recentes e de elevada potência, indiciando rendimentos extraordinários vindos muito provavelmente da pirataria. 

 

Ao largo da costa pode-se ver uma embarcação sequestrada à espera do resgate para ser devolvida ao armador, devendo representar mais um encaixe financeiro nos bolsos destes aventureiros dos mares.

 

E o Diplomata utilizou a palavra "aventureiros", porque a julgar pelo relato do único líder pirata com quem Harding falou, aquele terá iniciado a sua actividade no mar apenas pelo gozo e divertimento. Entretanto, revela o mesmo, a actividade foi-se tornando mais evoluída, mas admita-se, também mais lucrativa. Seja como for, este diz-se agora um pirata reformado.

 

Leituras

Alexandre Guerra, 15.06.09

 

Aqui neste espaço, o Diplomata já referenciou por algumas vezes Billy Wharton, membro do Partido Socialista americano e editor da revista The Socialist. Os seus textos revelam uma perspectiva política de esquerda interessante face à sociedade norte-americana.

 

Em Swine flu and the case for a single-player healthcare system in the United States, publicado na revista LINKS, Wharton fala sobre a capacidade do sistema privado de saúde conseguir dar uma resposta a todos os cidadãos americanos sob a ameaça de uma pandemia como a da gripe A.

 

Momentos com história

Alexandre Guerra, 12.06.09

 

FOTO: AFP

 

O ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo espiritual, hoje, na hora de votar nas presidenciais do Irão, que opõem o actual chefe de Estado, Mahmoud Ahmadinejad, a outros três candidatos, sendo o reformista Mir Hossein Mousavi o seu principal rival. De acordo com as informações mais recentes, espera-se que o acto eleitoral tenha uma taxa de participação bastante elevada, depois de nos últimos dias a campanha ter "aquecido" com trocas mútuas de acusações. Caso nenhum dos cancidatos obtenha mais de 50 por cento dos votos, será realizada uma segunda volta.

 

Um Certo Oriente, o prefácio

Alexandre Guerra, 07.06.09

 

 

 

No seguimento da apresentação do livro Um Certo Oriente, de António José Rodrigues, o Diplomata deixa aqui o prefácio de sua autoria:

 

Prefácio Um Certo Oriente, por Alexandre Guerra

 

Os tempos que se vivem, conturbados mas interessantes, permitem-nos vislumbrar um mundo árabe para além daquele que a visão ocidental foi criando ao longo dos séculos. E não se trata de um exercício de revisionismo histórico, porque para isso tinha de assumir-se que haveria uma história árabe consignada nos compêndios europeus. Efectivamente, os árabes não fizeram parte da história mundial eurocêntrica que nos foi ensinada e que prevaleceu até à idade contemporânea. Hoje, porém, vários são os académicos e investigadores que tentam refundar o papel daquele povo na história da Humanidade a partir da matriz árabe e não da ocidental. O orientalismo foi, de certa forma, o primeiro passo nesse sentido ao caracterizar as sociedades árabes, fosse através de crónicas de viagens, de obras académicas ou artísticas. Os orientalistas eram em parte identificados como uma corrente de pintores europeus que no passado se deslocavam ao Médio Oriente e Norte de África para retratarem cenas do quotidiano, raramente encontradas na Europa. Eram igualmente tidos como orientalistas todos aqueles que se dedicavam ao estudo de línguas das regiões da orla Sul e Este do Mediterrâneo, sendo posteriormente esse campo alargado à Índia e à China.
 
Ao longo dos séculos XVIII e XIX as relações político-diplomáticas entre as potências imperiais europeias e os povos árabes foram contribuindo para um aprofundamento do conhecimento dos seus hábitos e costumes, mas nem por isso as duas civilizações deixaram de se olhar com desconfiança, medo e inquietação. De certa forma, uma realidade que se estendeu até aos nossos dias. Se durante séculos a Europa e o mundo árabe se regeram por aquilo que Bernard Lewis considera ser um padrão de conquista e reconquista, ataque e contra-ataque, alimentando os receios de parte a parte, nos tempos correm, é o fenómeno do terrorismo islâmico e a xenofobia no seio da sociedade europeia que contribuem para a descrença na política de boa vizinhança.
 
Neste sentido, a obra que António José Rodrigues traz à estampa assume-se com particular importância, por materializar a visão de um arabista e não de um orientalista, que como já foi referido carrega em si preconceitos históricos e ideias preconcebidas redutoras. Foi precisamente o mundo árabe visto de dentro que o autor deu a conhecer nas suas crónicas que com tanto empenho e dedicação foi desafiando ao longo de mais de quatro anos na secção internacional do Semanário e que agora estão compiladas em livro. Tal como os leitores daquele jornal, também os desta obra terão o privilégio de viajar pela civilização árabe, de uma forma que até então só seria possível pisando as tórridas areias do deserto arábico ou dormindo sob a mesma tenda do hospitaleiro beduíno. O que se lê em Um Certo Oriente foi o que António José Rodrigues vive e sentiu por aquelas terras, aliado a um vasto e incisivo estudo literário que lhe obrigaram a muitas horas de investigação, recompensadas com um prazer infindável e um conforto intelectual que só aqueles que têm a ânsia e o gosto pelo saber podem apreciar.
 
Trata-se de um interessante e enriquecedor olhar sobre um povo, ou se quisermos civilização, que contempla em sim uma riqueza de hábitos e costumes, que têm passado quase sempre despercebidos ao nosso mundo ocidental, toldado pelos preconceitos resultantes da visão histórica orientalista e, mais recentemente, da onda de choque do terrorismo internacional de inspiração literários, artigos jornalísticos e científicos que se alimentaram, sobretudo, da guerra ao terrorismo e do (pseudo) choque de civilizações para explorarem, por vezes mal, o arabismo. António José Rodrigues seguiu um caminho diferente ao abordar a temática de uma forma descomplexada e desprendida de qualquer modelo de análise previamente instituído. Assim, o leitor será devidamente recompensado ao vaguear pelas histórias e contos que se lhe apresentam, certamente, pela primeira vez.
O ano de 2003 precipitava-se para o seu término quando escorri os olhos pela primeira crónica de Um Certo Oriente e não tive dúvidas de que estava perante um trabalho inovador e envolvente, que dificilmente tinha paralelo nas realidades intelectual, jornalística e académica portuguesas. Ao referenciar estas três vertentes não estou a embarcar num mero elogio de circunstância, mas sim a verificar o facto dos textos de António José Rodrigues, agora complicados neste livro, comportarem técnicas, métodos e estilos diversos, que confluem numa escrita cuidada e fluida.
 
Militar de profissão e arabista por paixão, o autor das linhas que se seguem encarou sempre o seu trabalho com uma honestidade e dedicação irrepreensíveis, características que devem ser valorizadas, numa sociedade que, por vezes, tem dificuldades em destrinçar a qualidade da irrelevância. A simplicidade da sua pessoa contrasta com a densidade do seu conhecimento, tornando-o actualmente membro de uma elite cujos membros, em Portugal, se deverão contar pelos dedos de uma mão. Foi para mim um privilégio poder trabalhar com António José Rodrigues e uma honra fazer parte deste seu novo projecto. É por isso que lhe reitero o agradecimento por ter partilhado connosco, primeiro em artigos de jornal e agora em livro, a sabedoria e a experiência que nos levam ao conhecimento de um certo Oriente.  

 

Momentos com história

Alexandre Guerra, 04.06.09

 

Stephen Crowley/The New York Times

 

O Presidente americano dirigiu-se esta Quinta-feira, no Cairo, ao mundo muçulmano, exortando a um "novo começo" nas relações com os Estados Unidos. Barack Obama falou numa responsabilidade conjunta e na necessidade da América e das nações islâmicas "deixarem cair as suas suspeições mútuas". Interesses comuns e respeito pelo outro são factores essenciais para que se consiga iniciar um novo rumo nas relações entre americanos e muçulmanos.