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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Leituras

Alexandre Guerra, 04.01.09


Sobre a crise financeira espoletada nos Estados Unidos, Michael Lewis e David Einhorn escrevem no New York Times um longo artigo muito interessante.
The End of the Financial World as We Know It vem reforçar a ideia de que vários foram os avisos a alertar pelos excesssos do sistema financeiro americano, nomeadamente relativamente ao escândalo Madoff. 



O referido artigo aborda igualmente a problemática da regulação do mercado e das agências de "rating", e de como estas contribuíram para o colpaso do sistema financeiro.


Nizar Rayyan: Hamas "Human Shield" Strategist Succumbs to his Own Stratagem*

Alexandre Guerra, 02.01.09



Por Ely Karmon**


"According to the Jerusalem Post of

January 1, 2009, Sheikh Nizar Rayyan, 52, a senior Hamas leader and cleric, was killed along with several others on Thursday when an IAF aircraft dropped a bomb on the eight-story Jabalya apartment building he lived. Rayyan was not only the religious leader of Hamas's military wing, Izzadin Kassam, but also one of their military commanders. A lecturer at Gaza's Islamist University, Rayyan, had mentored suicide bombers and would sometimes go on patrol with Hamas fighters. He was an outspoken advocate of renewing suicide bombings against Israel.




Rayyan's house was serving as an arms and ammunition warehouse and as a Hamas communications center, a statement released by the government press office said. In addition, a tunnel was located under the house and was used for the escape of terror operatives.




He was both the director and the financier of the
March 14, 2004 sophisticate terrorist attack at the strategic Ashdod port perpetrated by two terrorists hiding in a container with double walls specifically built for this operation.  Israeli Police evaluated at the time that this suicide attack using a highly sophisticated plastic explosive may have targeted tanks of dangerous chemicals, including bromine, causing far greater casualties. Ten Israelis were killed in the attack.




As a consequence of this strategic attack, Sheikh Ahmed Yassin the leader of Hamas, responsible for dozens of suicide attacks inside
Israel during the second intifadah, was killed in a targeted helicopter gunship operation on March 22, 2004.




In the air attack on Nizar Rayyan, nine other people were killed, including Rayyan's four wives and four of his 12 children, and around 30 were wounded in the air strike. According to Palestinian sources, his family was warned before the attack but did not leave the building.




According to the Hamas website in English it was Rayyan, 'who took the initiative, two years ago, to protect homes against Israeli occupation air strikes by forming human shields'.




According to the Israeli Haaretz of
January 2, 2009, in some cases residents of suspected houses have been able to prevent bombing by climbing up to the roof to show that they will not leave, prompting IDF commanders to call off the strike. The IDF has code named such operations 'roof knocking,' in which the army informs the residents of suspected building that they have 10 minutes to leave the premises. In these cases, the IAF sometimes launches a relatively harmless missile at the corner of the roof, avoiding casualties but successfully dispersing the crowd.




It seems therefore that for this time, the deliberated strategy of using human shields has not worked because the IDF opted to bomb the house anyway. The fact that his family was warned before the attack but did not leave the building, shows that Rayyan did not bother for more civilian victims even when they belonged to his family. He had already a history of family 'sacrifice': in October 2001, he sent his son to perpetrate a suicide attack in the Gush Katif settlement Elei Sinai, in which two young Israelis were killed.




Hamas spokesperson Mushir al-Masri responded to the attack saying, 'This is a new escalation in violence. We are taking every precaution to guard the Hamas leaders in order to ensure the enemy doesn't score further victories' and a Hamas statement threatened revenge on IDF soldiers."



*Texto disponibilizado pela Embaixada de Israel em Lisboa

**Investigador no International Institute for Counter-Terrorism (ICT) e no Institute for Policy and Strategy (IPS) do Interdisciplinary Center (IDC)
 

Os falsos argumentos da guerra

Alexandre Guerra, 01.01.09


Estragos provocados por um Qassam numa casa em Sderot

Nos últimos dias a imprensa tem referenciado diariamente os rockets Qassam lançados pelo Hamas a partir da Faixa de Gaza contra algumas cidades e localidades em Israel.
O próprio Governo hebraico apresentou este argumento para justificar a actual operação militar no enclave palestiniano, fazendo relembrar a razão algo ingénua dada para invadir o Líbano no Verão de 2006: o rapto de dois soldados das forças de defesa israelitas (IDF) pelo Hezbollah.

Efectivamente, os rockets Qassam não representam por si só uma ameaça significativa ao Estado de Israel que justifique uma acção massiva como resposta. No entanto, é um excelente factor para ser utilizado como pretexto ou "casus belli". Da mesma forma que ao analisar-se a história do Estado hebraico se constata que o rapto de dois soldados pelo Hezbollah nao seria algo inédito nem merecedor de uma operação como aquela que as IDF lançaram a 12 de Julho de 2006, e que se revelou um autêntico desastre militar. 

Porém, há dois anos, tal como agora, os episódios referidos serviram de argumentos para espoletar estratégias que, bem ou mal, o Governo hebraico considerou serem vitais para a existência de Israel. Curioso é o facto de ambos os casos (O primeiro revelou-se um falhanço total. O segundo não está a ir no bom caminho) terem em comum, em termos de liderança política, o primeiro-ministro, Ehud Olmert. 

O problema é que perante as razões apresentadas para justificar as iniciativas militares de Israel, a resposta é totalmente desproporcional. Obviamente que tudo se altera quando se alarga a perspectiva de análise do conflito israelo-palestiniano.

Para melhor se compreender este enquadramento basta analisar com mais pormenor os acontecimentos de 2006 e os deste Natal. Quando o Hezbollah raptou dois soldados das IDF e Israel criou um "caso" em redor deste assunto para lançar uma operação sobre o Líbano, estava a contornar o facto de ser uma prática corrente o rapto e a troca de prisioneiros entre aquele movimento xiita e o Estado hebraico.

No que diz respeito ao lançamento dos rockets Qassam, nomeadamente à sua actividade nos dias que antecederam o Natal, trata-se mais uma vez de uma questão acessória no quadro da ameaça estratégica que o Hamas representa para Israel.

Ao analisar-se o historial dos rockets Qassam lançados pelo Hamas contra Israel facilmente percebe-se que este é um assunto que no contexto do conflito do Médio Oriente é pouco relevante. Efectivamente, há a lamentar a morte de 15 civis israelitas (a
BBC News refere 13) desde 2002, como consequência daqueles ataques, no entanto, na realidade da Palestina é algo que não pode ser considerado substancial.

Pelo contrário, são números incompatíveis com o ruído mediático que se está a fazer à volta dos ataques dos rockets Qassam. Sobre estes engenhos, o Diplomata sugere uma visita ao 
GlobalSecurity.org.

De acordo com aquele site, o primeiro rocket lançado contra Israel da Faixa de Gaza foi a 5 de Março de 2002. A organização não governamental 
The Israel Project (TIP) informa que desde 2003 foram disparados de Gaza 9300 morteiros e rockets. Só este ano foram registadas 3200 ocorrências, sendo que durante o cessar-fogo, de 19 de Junho a 19 de Dezembro, se verificaram 543.

Perante estes números, facilmente se percebe que os Qassam, independentemente da sua versão, são engenhos rudimentares com pouca capacidade de alcance (não mais de 10 quilómetros no modelo mais avançado),  não tendo comparação com a potência dos Katyusha usados pelo Hezbollah no Sul do Líbano, que podem atingir um alvo a mais de 20 quilómetros. Neste
vídeo pode-se ver que os estragos provocados por um rocket Qassam são ligeiros, suscitando apenas alguma agitação na localidade.  

De acordo com a informação aqui referida, conclui-se que as operações israelitas de 2006 e 2008 podem ser, eventualmente, legítimas, mas nunca à luz dos argumentos apresentados. Alexandre Guerra
 

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