Doug Mills/The New York Times
Ao ver as imagens na televisão e, mais tarde, esta fotografia publicada no New York Times, o Diplomata observou que naquele “extraordinário encontro” na Sala Oval da Casa Branca, Jimmy Carter permaneceu ligeiramente afastado dos restantes presentes.
Se George H. W. Bush, Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton estavam juntinhos para o “boneco”, já Carter manteve-se sempre à margem, demonstrando, inclusive, algum desajuste com tudo aquilo que se estava a passar.
A sensação com o que Diplomata ficou ao ver as imagens televisivas e agora esta fotografia foi a de que Carter estava a mais naquele "quadro".
De facto, e reflectindo um pouco sobre a situação, percebe-se que Carter pouco ou nada tem a ver com aquele grupo de pessoas na Sala Oval.
É verdade que foi Presidente dos Estados Unidos, tal como os outros, mas ao contrário destes, assumiu a sua liderança num outro "mundo". Mundo esse que viu os dias do fim chegarem em 1989.
Daqui por diante, tudo mudou, tal como já tinha mudado no pós Congresso de Viena (1815), ou na ressaca da I GM (1918). A estes momentos chamam-se de rupturas sistémicas. O período de 1989-91 foi mais um nas relações internacionais, no qual Francis Fukuyama viu o fim da história das ideologias.
Carter faz parte de uma outra história, ou melhor, e segundo a teoria de Fukuyama, fazia parte da “História”. Os restantes presentes na Sala Oval já são actores noutro palco.
Para aquele Presidente, a sua história era a da Guerra Fria, na qual as relações internacionais eram mais compreensíveis e o sistema mais organizado.
Os outros já são homens da globalização pujante, do mundo da Internet, dos conflitos assimétricos, do aquecimento global, da responsabilidade social… E por diante.
Naquele retrato, faltava apenas o homem que viveu precisamente entre a “História” e o “fim” da mesma: Ronald Reagan. Alexandre Guerra