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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Quando os valores e as tradições da América sulista se personificam numa banda

Alexandre Guerra, 31.01.09



Lynyrd Skynyrd

Porque a música faz parte da história da América e o country, em particular, está associado a uma certa "forma de estar" das pessoas do sul conservador e federalista, é impossível contornar um dos seus maiores símbolos: Lynyrd Skynyrd.
 
Esta semana
morreu mais um membro daquela banda estilo country/rock formada nos anos 60, o pianista Billy Powell. A Country Music Television, numa coluna de opinião, escrevia Another Death, but Lynyrd Skynyrd's legacy Endure no qual se evidencia o espírito de sacríficio e de resistência que esta banda tem demonstrado ao longo dos anos, fruto de uma história conturbada, que inclui um acidente de avião no qual morrreram três elementos. Powell ia nesse voo, mas sobreviveu.

De certa forma, o espírito sulista da América continua a identificar-se com essa noção de sacríficio face à "União", ao mesmo tempo que resiste orgulhosamento com os seus valores e tradições ao Governo federal.  

John J. Miller, em Maio de 2006, enumerava na National Review as 50  músicas rock mais conservadoras em termos políticos. A controversa música Sweet Home Alabama dos Lynyrd Skynyrd surgia em quatro lugar.                       

Os principais meios de comunicação social internacionais noticiaram a morte de Powell, que, embora não tendo sido o compositor, foi a pessoa que fez os arranjos necessários para que a mítica música Free Bird se tornasse um autêntico hino dos estados do Sul. AG

Ele também não "fez nada de mal"... o Senado do Illinois é que não foi nessa

Alexandre Guerra, 29.01.09


  Jonathan Kirshner/European Pressphoto Agency

Rod Blagojevich poucas hipóteses teve esta Quinta-feira para manter o seu cargo de governador do Illinois perante o Senado daquele estado, que se mostrou indiferente às reiteradas manifestações de inocência por parte do político. Por 59 votos contra 0, aquela câmara destituiu Blagojevich da governação do Estado do Illinois depois de ter considerado que houve abuso de poder.

Blagojevich disse que não tinha feito nada de mal, mas a verdade é que as acusações que recaem sobre ele, por ter tentado vender o lugar de senador deixado vago por Barack Obama quando foi eleito Presidente, foram dadas como válidas pelos representantes daquela câmara estadual. 

As investigações que levaram ao processo de "impeachment" duraram apenas alguns dias: Uma comissão de 21 membros do congresso estadual, em parceria com o FBI através do fornecimento de relatos por parte dos agentes envolvidos no processo de investigação a Blagojevich, apurou as suas conclusões. 

Relembre-se que este escândalo foi espoletado com a eleição de Obama, embora as investigações ao ex-governador já viessem de trás. E apesar de Blagojevich ter revelado uma teimosia insustentável ao manter-se agarrado ao poder, as instâncias políticas mais elevadas não permitiram que tal situação permanecesse.

No entanto, esta foi apenas a primeira parte do processo, já que tratou-se exclusivamente do "julgamento político", estando agora reservado aos tribunais a tramitação normal da justiça, onde Blagojevich é acusado de vários crimes. 

Este processo do Blagojevich é um exemplo interessante, porque tanto o poder político como o judicial estão a desempenhar os seus papéis na responsabilização do ex-governador sem se compromoterem nem intrometerem no campo um do outro. Cada um gere o processo com o seu tempo e metodologias, tendo o poder político já feito de forma célere aquilo que lhe competia: punir politicamente Blagojevich. Quanto à batalha judicial, essa vai agora começar.  

O Diplomata fez aqui este apontamento porque, numa altura particularmente conturbada em Portugal, o caso de Blagojevich e a forma como está a ser tratado poderá trazar alguma inspiração aos protagonsistas dos sistemas político e judicial nacionais. AG    

O erro de análise de Friedman... (ou de Abdullah?)

Alexandre Guerra, 28.01.09


Thomas Friedman escreve hoje no New York Times que em Fevereiro de 2002 visitou a Arábia Saudita, onde entrevistou o então príncipe e hoje Rei Abdullah. Uma das perguntas colocadas por Friedman ao monarca prendeu-se com o processo negocial israelo-palestiniano.



Em vésperas de uma cimeira da Liga Árabe, Friedman perguntou a Abdullah por que razão os 22 Estados árabes representados naquela organização não propunham a Israel a normalização das relações diplomáticas em troca da retirada dos territórios ocupados e da criação do Estado palestiniano. O então príncipe saudita respondeu que Friedman lhe estava a ler o pensamento: "Have you broken into my desk?", disse. Mais tarde, esta ideia resultava no "plano Abdullah", que nunca chegou a ver a luz do dia durante os anos das administrações de George W. Bush.



No artigo de hoje, Friedman mete-se na "pele" do monarca Abdullah e reescreve o seu "plano" como se fosse para ser entregue ao novo residente da Casa Branca, Barack Obama. Assim, são enumerados cinco pontos essenciais com o objectivo de garantir um acordo estável entre Israel e um Estado palestiniano.



Porém, no ponto dois Friedman comete um erro de análise (ou será Abdullah?) ao propor que o Governo palestiniano aceite a mobilização de um número limitado de soldados e de polícias egípcios para ajudarem a patrulhar as fronteiras de Gaza, assim como de soldados e de polícias jordanos para vigiarem as linhas limítrofes da Cisjordânia.

 

Se à primeira vista esta ideia poderia fazer algum sentido, a verdade é que para quem conheça bem o processo negocial (Friedman conhece, assim como Abdullah) sabe que o problema nunca se colocaria em convencer os palestinianos a aceitarem forças estrangeiras nos seus territórios, mas sim Israel.



Porque há muito que os palestinianos apelam à comunidade internacional para que forças estrangeiras substituam os soldados hebraicos nos territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Mas se esta é uma esperança que os palestinianos têm tido ao longo dos anos é, por outro lado, uma possibilidade que Israel nem sequer tem considerado. Alexandre Guerra


Registos

Alexandre Guerra, 28.01.09

Em Davos iniciou-se hoje mais um encontro do Fórum Económico Mundial. A partir do seu site é possível acompanhar os trabalhos em curso. 

Leituras

Alexandre Guerra, 26.01.09


Uma das referências do círculo dos neoconservadores escreve no New York Times sobre o novo Presidente americano e o futuro do liberalismo. Só pela frase introdutória o texto merece uma leitura: "All good things must come to an end. Jan. 20, 2009, marked the end of a conservative era", escreve William Kristol em
Will Obama Save Liberalism?

 

Dezassete anos depois do fim da guerra civil, El Salvador começa a virar à esquerda

Alexandre Guerra, 25.01.09



Os antigos rebeldes da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) vão ser pela primeira vez Governo em El Salvador, 17 anos depois de ter acabado a guerra civil naquele país. O acto eleitoral realizou-se no passado dia 18, mas só ontem o Supremo Tribunal Eleitoral confirmou os resultados.

Embora sem maioria absoluta, já que o FMLN obteve 35 lugares no parlamento contra 32 dos conservadores da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), esta é uma vitória histórica, já que representa a reintegração política plena do antigo movimento guerrilheiro de esquerda formado nos anos 80 e que foi um dos actores de uma sangrenta guerra civil.

A FMLN está agora confiante de que irá também conquistar a presidência do país nas eleições de 15 de Março, no entanto, os analistas daquele país adivinham um combate feroz ideológico renhido entre a esquerda e a direita. AG

Leituras

Alexandre Guerra, 24.01.09


O Financial Times publicou um artigo interessante sobre os efeitos da desvaloriação da libra no Reino Unido.
Shoppers target London for luxury on cheap mostra como Londres se tornou no local predilecto dos milionários para fazerem compras de luxo a preço reduzidos.

 

Exemplo: neste momento um automóvel Aston Martin DBS custa menos 60 mil euros no Reino Unido do que no resto da Europa e os Porsches estão a ser comprados a um preço mais barato do que na Alemanha.


Os enviados especiais de Obama

Alexandre Guerra, 23.01.09


Richard Holbrooke (à esquerda) e George Mitchell (à direita)  Matthew Cavanaugh/Pool photo

George J. Mitchell e Richard Holbrooke vão ser os emissários especiais para o Médio Oriente e para o Paquistão e Afeganistão respectivamente. Ambos têm pela frente uma tarefa árdua, sendo que no caso de Mitchell será quase impossível, se este definir como objectivo alcançar a paz entre israelitas e palestinianos durante a administração de Barack Obama. 

Mas, atendendo à experiência do ex-líder da maioria democrata no Senado, é bastante provável que os seus objectivos não sejam tão ambiciosos, ficando-se pela já missão homérica de alcançar a estabilidade entre israelitas e palestinianos. E aqui, sim, com empenho da Casa Branca e do Departamento de Estado, Mitchell poderá ter condições para conseguir implementar um processo que conduza a alguma estabilidade na Palestina.
 
Mitchell, que efectivamente ajudou a forjar a paz na Irlanda do Norte, certamente não irá cometer o erro de comparar as duas situações. Os mecanismos diplomáticos e políticos utilizados no processo da Irlanda do Norte não se aplicarão no contexto do conflito entre israelitas e palestinianos.
 
Também Richard Holbrooke terá uma situação cada vez mais difícil para gerir enquanto representante especial dos Estados Unidos no Paquistão e no Afeganistão. De acordo com uma notícia publicada ontem no 
Politico.com, os conselheiros de Obama terão revelado que o Presidente ficou surpreendido ao ler recentes briefings diários dos serviços secretos sobre locais problemáticos no mundo, apercebendo-se que o Paquistão está numa situação muito instável e perigosa.  

Apesar dos desafios, Holbrooke tem uma vasta experiência diplomática, destacando-se os Acordos de Dayton, de 1995, que ele próprio ajudou a pôr de pé, terminando com a guerra que se vivia na Bósnia-Herzegovina.

Se a nomeação de Holbrooke foi recebida com alguma unanimidade, não obstante o seu estilo por vezes agressivo e descomprometido quando negoceia nos "corredores", já a escolha de Mitchell poderá gerar algumas desconfiança do lado israelita, nomeadamente do sector mais conservador e por parte de alguns apoiantes americanos do Estado hebraico que o poderão ver como uma figura imparcial.

Isto a propósito de um relatório que Mitchell redigiu em 2001 e no qual apontou algumas críticas ao Estado israelita, irritando na altura o Governo liderado por Ariel Sharon. Citado pelo Los Angeles Times, o antigo embaixador norte-americano Samuel Lewis pôde constatar, numa visita recente à região, que "existe muito nervosismo" em relação a Mitchell. Alexandre Guerra
   

Leituras

Alexandre Guerra, 22.01.09


O líder líbio Muammar Qaddafi escreveu hoje no New York Times a opinião 
The one-state solution, na qual apela à urgência de uma solução definitiva para o conflito entre judeus e palestinianos que, lembra, nem sempre estiveram em guerra.



Mas, o mais interessante neste artigo é o facto de Qaddafi defender a solução de um só Estado para judeus e palestinianos, justificando com argumentos que merecem ser lidos.

 

Também o site da Casa Branca mudou

Alexandre Guerra, 21.01.09


No momento em que Barack Obama discursava perante dois milhões de pessoas em frente ao Capitólio e anunciava uma mudança de rumo para a América, também o site da
Casa Branca mudava o seu grafismo, sendo alvo de uma remodelação profunda, mais de acordo com estilo do Presidente recém empossado.
 

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