Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Leituras

Alexandre Guerra, 30.09.08


Hugh Gusterson, professor de sociologia da Universidade de George Mason, escreve no site da The Bulletin of the Atomic Scientists, sobre as "lições não aprendidas" com erros do passado.




The bursting global security bubble
 estabelece uma comparação entre as crises financeiras dos anos 30 e 40 e a II Guerra Mundial com os tempos periclitantes que se vivem nos mercados mundiais e no âmbito da guerra ao terrorismo.



Aparentemente, tratam-se de situações que nada têm a ver umas com as outras, mas Gusterson estabelece uma relação interessante.
   

A história da candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança da ONU (2)

Alexandre Guerra, 29.09.08


"Sensivelmente um ano depois de apresentada a candidatura portuguesa, o Canadá formaliza a intenção de se candidatar à segunda vaga para o grupo WEOG no Conselho de Segurança no biénio 2011-2012. Assim, nove anos antes da eleição atingia-se o cenário de clean slate – quando há um mesmo número de candidatos para as vagas existentes. Esta situação, embora desejável, nem sempre é respeitada pelos grupos dando azo a verdadeiros jogos negociais no xadrez político-diplomático e levando muitas vezes a situações embaraçosas. É o caso da eleição do membro do grupo regional GRULAC [Latin America and the Caribbean] na 61ª Assembleia Geral, em 2006. Para uma vaga em concurso, apresentaram-se como candidatos a Venezuela, de Hugo Chávez, com o apoio quase maioritário da região, e a Guatemala, de Óscar Perdomo, com o apoio dos Estados Unidos da América. Ao longo de uma semana efectuaram-se 47 (!) rondas de votação com nenhum dos países a alcançar os dois terços de votos necessários à eleição. Ao sétimo dia, e perante o impasse total, ambos os países concordam em desistir das respectivas candidaturas e dão o seu endorsement ao Panamá, eleito à 48º ronda de votação com 164 votos dos 192 possíveis.


Entre 2001 a 2006 o cenário de clean slate deixava adivinhar uma eleição sem estes sobressaltos. Nas Necessidades a candidatura portuguesa ao Conselho de Segurança convivia com outras candidaturas portuguesas a organismos internacionais. A qualidade intrínseca dos candidatos, o empenho político e o esforço diplomático conseguiram neste período colocar António Guterres no UNHCR – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Regina Tavares da Silva na CEDAW – Convenção das Nações Unidas para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação da Mulher ou Paula Escarameia na CDI – Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas, entre outros exemplos de altos funcionários e posições intermédias em organismos da UE, na UNESCO, na OSCE, FMI ou Banco Mundial.


Em 2006, alteram-se as circunstâncias quando a Alemanha, que havia cumprido mandato em 2003-2004 pela oitava vez na sua história, formaliza a sua candidatura ao Conselho de Segurança… para o mesmo biénio que Portugal. Tínhamos assim, tal como hoje em dia, três (fortíssimos) candidatos para duas vagas no mais emblemático dos organismos internacionais do universo onusiano. Agora, o argumentário da candidatura, apesar de importante e sempre presente, é relativizado pelo poder e trabalho da máquina diplomática, bem como pelo empenho político dos países e seus governos. A última experiência induz um certo optimismo, mas que circunstâncias serão hoje estrutural e conjunturalmente diferentes?" L.E

A história da candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança da ONU (1)

Alexandre Guerra, 25.09.08



O Presidente Cavaco Silva foi à 63ª Assembleia Geral das Nações Unidas defender de forma veemente a candidatura de Portugal a um lugar de membro não permanente do Conselho de Segurança para o biénio 2011-2012.

A este propósito, o Diplomata procurou saber mais informações sobre a candidatura portuguesa e publica agora o primeiro de um conjunto de três textos aqui recebidos sobre aquele que é o actual desígnio da política externa portuguesa.

Este é o primeiro de três textos:

"No já longínquo ano de 2000, Portugal candidatava-se sem pompa ou grande circunstância a um lugar de membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para o biénio 2011-2012, tornando-se assim no primeiro país do grupo regional WEOG [Western European and Other Groups] a apresentar a candidatura a uma das duas vagas existentes para aquele período.

A anterior experiência portuguesa no grupo dos 'vencedores de 45' como alguns ainda apelidam este órgão tinha sido em 1997/1998. A candidatura apresentada em 1989 pelo então Ministro dos Negócios Estrangeiros, João de Deus Pinheiro, contava com a concorrência de Suécia e Austrália. As duas vagas em disputa no Outono de 1996 foram preenchidas após exaustivas diligências políticas e diplomáticas. Suécia e Portugal saíram vitoriosos ao lograrem obter mais de dois terços dos votos dos Estados membros presentes em Assembleia Geral.

Actualmente, dez anos depois da sua primeira presença no Conselho de Segurança, Portugal procura alcançar o corolário da sua acção na cena internacional, reclamando uma pretensão própria dos países de pequena e média dimensão – uma justa e equilibrada rotatividade nos principais organismos internacionais. A missão é, tal como em 1996, longa e árdua. Para a alcançar com sucesso, Portugal tem um razoável argumentário – o seu reconhecido papel para a paz, a estabilidade, a sua vocação universal e respeito pelos Direitos Humanos – desígnios da própria organização. Mas, nos corredores da Primeira Avenida com a 46, nas chancelarias ou embaixadas, o argumentário muitas vezes não é o mais importante." L.E

A reacção de Israel ao discurso de Mahmoud Ahmadinejad na ONU

Alexandre Guerra, 24.09.08

Israel, através da sua ministra dos Negócios Estrangeiros Tzipi Livni, já reagiu ao discurso que o Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, proferiu ontem na 63ª Assembleia Geral das Nações Unidas:

 

"Ahmadinejad's speech at the UN demonstrates the absurd state of affairs of the organization whose founding motto was 'Never Again'. But, that is not even the worst of it. Iran is now asking to be included as a member of the UN Security Council. This is like allowing a criminal to be his own judge and jury.

 

This is an unprecedented absurdity – for a state that is threatening the security of its neighbors and calling for the destruction of another state to be a member of the body whose goal is to maintain international peace and security.

 

Iran is the subject of Security Council sanctions because it pursues a nuclear weapons program and supplies weapons to terrorist organizations, thereby violating numerous Security Council resolutions. Responsible countries cannot support Iran's membership in the body responsible for the implementation of those same sanctions. 

 

What is needed now is to apply international pressure on Iran which would leave no doubt as to the price involved in ignoring the demands of the international community – rather than including Iran in the very body that is spearheading this action.”

Deus não pode salvar o rio Jordão, mas Israel e a Jordânia podem

Alexandre Guerra, 19.09.08



Na última edição da revista TIME pode ler-se um artigo muito interessante sobre o rio Jordão e a sua importância social, económica e política na região do Médio Oriente. O Jordão é mais do que um curso de água, é sobretudo uma fonte de inspiração religiosa para judeus, cristãos e muçulmanos.
 
Além da importância hídrica que aquele rio representa para palestinianos, israelitas e jordanos, numa zona árida e onde água escasseia, o Jordão tem um valor simbólica que não encontra paralelo em mais nenhum curso de água do mundo. Atravessar o Jordão tornou-se "uma metáfora mística para libertação e ressurreição".     

Numa transposição para os anos mais violentos da intifada de al-Aqsa, a travessia do Jordão através da famosa Ponte de Allenby representava literalmente uma passagem entre o inferno da Cisjordânia e o paraíso da Jordânia. Por isso, tal missão era tão difícil, por vezes impossível, como constatou o autor destas linhas quando esteve naquelas paragens em 2001 e 2002.
 
Hoje, constata-se que a fé de judeus, cristãos e muçulmanos não está a ser suficientemente forte para "convencer" Deus a "intervir" na salvação do rio Jordão. As águas onde São João Baptista benzeu Jesus Cristo como o Messias da Humanidade estão ameaçadas, estando a provocar um impacto negativo económico e ambiental no Vale do Jordão.

A poluição aumenta, o caudal baixa e as populações que vivem naquela região sofrem. Sobretudo palestinianos, já que não têm permissão por parte de Israel para fazer furos de modo a retirar água do solo. Além disso, não haverá Estado palestiniano viável sem um rio Jordão saudável que não esteja "condicionado" na sua fonte e no seu curso, como actualmente acontece devido a razões estratégicas impostas por Israel e pela Jordânia.

Atentos a este problema estão alguns movimentos ambientalistas, como os Friends of the Earth Middle East (FOEME), que incluem palestinianos, israelitas e jordanos, e que pretendem pressionar o Governo hebraico a repor o curso natural do rio e a adoptar medidas para a sua revitalização. Alexandre Guerra   

Caso encerrado

Alexandre Guerra, 17.09.08

Um dos casos mais famosos de espionagem da Guerra Fria parece ter chegado ao fim. Aos 91 anos, Morton Sobell admitiu finalmente que ele e o seu amigo Julius Rosenberg eram espiões soviéticos.



Julius e a sua mulher Ethel Rosenberg foram executados há 55 anos sob a acusação de espionagem, no entanto, durante décadas várias vozes, muitas delas vindas da esquerda, denunciaram o julgamento como sendo uma farsa.



As declarações de Sobell parecem vir agora colocar um ponto final numa história que mobilizou os americanos e apaixonou todos os aficcionados das histórias de espionagem.

A Rússia e a redistribuição de poder no sistema internacional

Alexandre Guerra, 16.09.08



Muito se tem falado e especulado sobre o papel da Rússia enquanto actor nas relações internacionais no mundo pós-Guerra Fria. Após os anos de "ressaca"seguidos à queda do "império", a Rússia começou a demonstrar aos poucos que não tinha alienado as suas características que a definiram durante alguns séculos enquanto nação e Estado.

O ex-Presidente Vladimir Putin foi o grande responsável por esse "acordar", mas acabou por ser já no mandato do seu sucessor que o "urso" decidiu rosnar para todo o mundo ouvir. A crise da Geórgia serviu para afirmar de uma forma peremptória uma Rússia que andava desesperadamente a tentar reencontrar a grandeza e orgulho do passado, entretanto, perdidos num espaço de poucos anos, sobretudo devido aos devaneios de Boris Yeltsin.

E é para fazer face a esta Rússia (que muitos autores vêem com bastantes semelhanças à Rússia da Guerra Fria) que Francis Fukuyama fala precisamente num novo "realismo democrático".

Num artigo publicado há uns dias no Financial Times, o mais conhecido neo-conservador e autor da célebre teoria do "Fim da História" abordava a questão incontornável da actual distribuição de poder no sistema internacional, imposta pela própria Rússia e por inúmeras variáveis externas, colocando pela primeira vez desde a Guerra Fria um desafio aos Estados Unidos.
 
Porque, como Fukuyama refere, durante os anos 90 Washington nunca se preocupou em negociar com Moscovo o quer que fosse em política externa. Tratava-se, efectivamente, de uma balança de poder muito desequilibrada, onde, de um lado, estava uma hiperpotência, vivendo os melhores anos em décadas, e, do outro lado, estava um Estado moribundo, ferido no orgulho, acabado de ser desmembrado e ainda por cima liderado por autênticos anarcas.

O projecto de adesão da Geórgia e da Ucrânia à NATO, a instalação de componentes do sistema anti-míssil na Polónia e na República Checa e a independência do Kosovo foram praticamente imposições de Washington a Moscovo sem qualquer margem de negociação. O problema é que tal negócio seria inevitavelmente aceite há uns anos por Moscovo sem qualquer tipo de réplica, algo que hoje não acontece. A verdade é que todas aquelas três iniciativas estão a ter resposta de Moscovo. A Geórgia é o palco onde está a ser dada essa resposta. 

Fukuyama sublinha e bem que se as últimas duas administrações norte-americanas poderiam clamar hegemonia económica e militar, as próximas já não o podem fazer. Pelo menos sem que sejam contestadas por Moscovo.  É por esta razão que aquele autor afirma que o desafio das próximas adminstrações norte-americanas será tentar adaptar o "querer" ao "poder". Alexandre Guerra
 

Leituras

Alexandre Guerra, 10.09.08


Ronen Bergman, correspondente do Yedioth Ahronoth e autor do livro "The Secret War with Iran", assina um artigo de opinião no The New York Times no qual aborda a problemática do martírio ao serviço de guerras e causas.


Living to Bomb Another Day pode ajudar a compreender a evolução do pensamento que está por detrás dos suicidas que compõem as fileiras dos grupos terroristas islâmicos.
 

Pág. 1/2