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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Uma escolha interessante para o "ticket" do Partido Republicano

Alexandre Guerra, 29.08.08


                                                                              Reuters

John McCain fez uma escolha interessante para o nome que faltava para completar o "ticket" republicano à Casa Branca. Sarah Palin, governadora do Alaska, e republicana conservadora, foi anunciada hoje (um dia após o final da convenção democrata de forma a quebrar o seu efeito mediático) como candidata a vice-Presidente dos Estados Unidos pelo Partido Republicano nas eleições de 4 de Novembro.

Embora interessante, a escolha de McCain é, de certa forma, algo surpreendente, tendo em conta a sua falta de notoriedade junto do grande eleitorado norte-americano. Além disso, nos últimos dias era cada vez mais dado como certo Mit Romney, também este um conservador, como o candidato a "vice".

Com apenas 44 anos, Palin acaba por ser um escolha que se compreende, sendo claro quais os objectivos da decisão de McCain: trazer mais "juventude" e dinamismo à sua campanha, precisamente o oposto daquilo Barack Obama procurou para o seu "vice". Mas, McCain trouxe ainda um factor muito mais importante para a sua campanha: uma mulher.

Não é de estranhar que a BBC News em título referia que McCain tinha escolhido uma mulher para sua "vice", sem referir o nome de Palin. Uma "executiva dura" que desde 2006 tem desenvolvido inúmeros esforços para combater o sistema corrupto que se instalara no Alaska. Ainda recentemente vetou uma "bill" que permitirá reduzir os gastos do estado do Alaska.

É com base neste currículo e personalidade que McCain diz que precisará de Palin para combater "velhos políticos" em Washington corrompidos pelos vícios do sistema. 

Embora interessante, resta saber se a decisão de McCain será inteligente, porque como referia o Washington Post, trata-se de uma autêntica aposta cujo resultado é imprevisível. Neste campo, a escolha de Obama foi mais racional e segura.  Porém, o risco poderá compensar e, quem sabe, não irá McCain agradecer a Palin a vitória nas eleições de 4 de Novembro, decidida com o eleitorado feminino que decidir "fugir" à candidatura democrata depois de Hillary Clinton ter sido afastada. Alexandre Guerra
  

Registos

Alexandre Guerra, 26.08.08

O site sensação da actual campanha eleitoral norte-americano, o Politico, pode ser uma boa opção para se acompanhar os trabalhos da convenção democrata.

Biden, o nome que faltava no "ticket" democrata para dar acesso à Casa Branca

Alexandre Guerra, 24.08.08

Obama Biden
                                       M.Spencer Green/Associated Press

Dar um pouco mais de idade e de cabelos brancos à campanha de Barack Obama. Era desta forma humorística que o New York Times caracterizava a escolha do senador Joseph Biden como candidato ao cargo de vice-Presidente dos Estados Unidos.

Efectivamente, Biden representa tudo aquilo que os mais críticos de Obama dizem que o candidato democrata não tem. O líder do comité dos Assuntos Internacionais do Senado é experiente, é respeitável e domina os assuntos internacionais. Mas, segundo algumas fontes junto do processo de decisão, Obama terá escolhido Biden também pelo facto do senador ter forte influência no eleitorado branco de classe média.

É verdade que nem sempre é ponderado nas suas afirmações, mas Biden revela-se uma escolha bastante acertada para o cargo. De acordo com David Axelrod, principal estratego da campanha democrata, tratou-se de uma decisão "pessoal" de Obama, tomada há cerca de 10 dias.

Com este "ticket" a campanha de John McCain perde muitos dos argumentos com que tem atacado a candidatura democrata. AG

Novo grupo islâmico traz mais violência à Somália

Alexandre Guerra, 22.08.08



Líder da al-Shabab (esquerda), novo líder

A Somália continua a ferro e fogo, tendo 55 pessoas morrido e outras 150 ficado feridas na sequência dos confrontos dos últimos dias que se registaram no porto da cidade somali de Kismayo. A BBC informa ainda que cerca de 3000 pessoas fugiram da cidade.

Esta violência deve-se à tentativa de insurgentes islâmicos, liderados pelo grupo al-Shabab, em recuperar aquele terrítório a um clã local que, no entanto, respondeu aos ataques com a ajuda de forças etíopes que estão na Somália desde Dezembro de 2006, altura em que derrotaram a União dos Tribunais Islâmicos (UIC) que tinham ocupado Mogadishu.

O grupo al-Shabab, ala militar da UIC, foi recentemente criado e pode ser traduzido como os Jovens Combatentes Islâmicos, e tem como objectivo combater as forças etíopes e destruir o Governo somali de Melez Zenawi. Alexandre Guerra 

Um acordo que surge num momento pouco oportuno

Alexandre Guerra, 20.08.08


"Condi" e Sikorski assinam acordo                AFP

Momento estranho, este, que Washington e Varsóvia escolheram para formalizar o acordo que permitirá aos Estados Unidos instalar mísseis interceptores terra-ar em território polaco como parte integrante do tão polémico sistema de defesa antimíssil que, supostamente, visa proteger a Europa e os Estados Unidos de possíveis ataques vindos de Estados pária do Médio Oriente, como o Irão.

A secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o seu homólogo polaco, Radez Sikorski, assinaram o documento no Palácio Presidencial em Varsóvia, após 18 meses de negociações, naquilo que a chefe da diplomacia americana vê como um instrumento para responder às "ameças do século XXI".
 
Não obstante as eventuais potencialidades e virtudes deste acordo, o propósito deste apontamento é questionar o "timing" em que o mesmo é formalizado. 

Numa altura em que as relações entre Moscovo e Washington atravessam um dos piores momentos desde o fim da Guerra Fria, a diplomacia devia estar a funcionar a todo o vapor para evitar um agudizar da situação. O próprio secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, disse que os Estados Unidos não tinham qualquer interesse em mergulhar novamente num clima de "guerra fria" com a Rússia. 

No entanto, a administração de George W. Bush parece estar a fazer precisamente o contrário, ao acelerar o processo de formalização do acordo com a Polónia em plena crise no Cáucaso. Uma situação observada pelo vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas Russas, o general Anatoly Nogovitsy: "It is a cause for regret that at a time when we are already in a difficult situation, the American side further exacerbates the situation in relations between the United States and Russia."

É verdade que Washington já reiterou vezes sem conta de que o novo sistema de defesa não tem como objectivo Moscovo, mas dada a actual conjuntura a administração americana veio apenas contribuir para alimentar ainda mais os receios de Moscovo. 

Não fossem as palavras prudentes de Robert Gates, seria caso para dizer que a administração americana estaria interessado em escalar a actual crise política e diplomática que se vive entre Washington e Moscovo. Alexandre Guerra   

Sem apoios, Musharraf foi empurrado da presidência pelos seus inimigos

Alexandre Guerra, 18.08.08


                                                                                   AFP

O Presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, anunciou esta Segunda-feira a sua demissão sob o espectro de um processo de "impeachment", pondo assim fim a nove anos de poder controversos. No entanto, o chefe de Estado demissionário diz que sai de consciência tranquila, sublinhando que o "Paquistão é agora um país importante", e convicto de que não vai ser acusado de qualquer crime.
 
A queda de Musharraf foi originada pela coligação governamental que, após meses de ameaças, acabou por avançar com um processo de "impeachment". Como o próprio Presidente admitiu, a partir deste momento já não existiam condições para qualquer tipo de coabitação.

O Partido Popular do Paquistão (PPP), da falecida Benazir Bhuto e actualmente liderado pelo seu marido Asif Al Zardai, e a Liga Muçulmana Paquistanesa (PML-N) de Nawaz Sharif, que em 1999 foi afastado da chefia do Governo no golpe de Estado levado a cabo por Musharraf, foram os principais responsáveis pelo seu afastamento.
 
Depois de ter sido obrigado a afastar-se da chefia do Estado Maior das Forças Armadas, em Novembro último, e de convocar eleições legislativas, a posição de Musharraf ficou ainda mais periclitante depois do assassinato de Benazir Bhuto a 27 de Dezembro.

Além de politicamente Musharraf ter vindo a perder aliados ao longo dos últimos tempos, também na base popular o Presidente demissionário foi ficando sem apoios, sobretudo a partir de Março de 2007 quando tomou a polémica decisão de suspender o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Iftikhar Chaudhry . A isto juntou-se também a onda de violência que tem assombrado o país, com inúmero atentados terroristas, sem que as forças de segurança consigam estancá-la. 

As eleições acabaram por realizar-se em Fevereiro e os resultados colocaram o Presidente Musharraf a prazo no seu cargo. Meses depois, Asif Al Zardai e Nawaz Sharif meteram as divergências de lado para derrubar o antigo general.

Até às realização de novas eleições, que acontecerão num prazo de 30 dias, o presidente do senado, Mohammadian Soomro, deverá assumir a presidência. Quanto aos futuros candidatos, não é ainda conhecido qualquer nome, mas homens como Asif Al Zardai ou Nawaz Sharif estão na linha da frente. No entanto, o processo para eleger o novo Presidente será complexo, porque terá de passar pelas duas câmaras do parlamento e pelas assembleias de província. 
 
Uma das consequências da demissão de Musharraf poderá ser a criação de um vácuo de poder, que aliás já suscitou preocupações por parte da Índia. Alguns analistas referem também que chegou ao fim o período de aliança entre os Estados Unidos e o Paquistão, pelo menos nos moldes sólidos em que a mesma se forjava.

Independentemente dos seus erros, Musharraf era a uma figura que representava e centralizava o poder num país com vários pólos de decisão e que agora podem emergir de forma anárquica. Mais preocupante é o que poderá acontecer ao nível militar, no entanto, neste campo o general Ashfaq Kayani, sucessor de Musharraf na chefia das Forças Armadas, poderá assumir-se como o novo homem forte do Paquistão. Alexandre Guerra  

Registos

Alexandre Guerra, 15.08.08


Na sequência do texto anterior podem ver-se as movimentações russas no porto de Poti divulgadas pela BBC News. Também no âmbito dos escritos colocados nos últimos dias no Diplomata, a propósito da crise do Cáucaso, Paul Reynolds, correspondente para os assuntos internacionais da BBC News, fala sobre propaganda.

 

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