Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O homem por detrás do "Yes, we can"

Alexandre Guerra, 16.07.08


                                                                                  Jamie Rose/The New York Times

David Axelrod é uma das estrelas emergentes da comunicação política norte-americana. Principal conselheiro de Barack Obama, Axelrod é um dos grandes responsáveis do sucesso daquele candidato nas primárias democratas. Há pouco mais de um ano, o
New York Times apelidava-o de "narrador" de Obama.

Baseado em Chigado, Axelrod veio de fora do "sistema", dominado pela elite de Washington e de Nova Iorque, tendo nos últimos anos adquirido uma larga experiência na comunicação política.

Tem trabalhado com vários políticos negros, obtendo importantes vitórias, como a de Deval Patrick, que em 2006 se tornou no primeiro governador negro de Massachusetts. Axelrod também tem no seu currículo nomes como os de Hillary Clinton, Chris Dodd ou John Edwards.

Antigo jornalista do Chicago Tribune, Axelrod começou a trabalhar na comunicação política no início dos anos 80. Um dos segredos para o seu sucesso é "acreditar" nas pessoas e nos projectos em que se envolve. O famoso slogan da campanha de Obama, "Yes, we can", é precisamente o reflexo dessa atitude.

A este princípio juntou uma estratégia vencedora, bem sintetizada recentemente por um artigo veiculado num site brasileiro: "A combinação de mensagem certeira e organização eficiente explicam o sucesso da campanha de Obama. A capacidade de arrecadar recursos e animar voluntários para trabalharem com afinco pelo candidato estão no centro dessa estratégia. Mas é a mensagem bem sintonizada que faz de Obama um fenómeno. Axelrod teve a sensibilidade de detectar o desejo de mudança versus o status quo. E Obama era o candidato ideal para personificar a inovação."

Há uns tempos, Paul Green, director do Instituto de Política da Roosevelt University, dizia o seguinte:  
"Axelrod é o que eu chamo um homem de uma banda só - ele é bom a fazer campanhas, formular a mensagem, fazer os anúncios de TV e escrever discursos." Alexandre Guerra

Uma decisão louvável, mas com efeitos perversos para a população de Darfur

Alexandre Guerra, 14.07.08


Luis Moreno-Ocampo (centro), procurador do TPI                                 Fred Ernst/AP

A decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) de acusar o Presidente sudanês em 10 crimes (3 de genocídio, 2 de guerra e 5 contra a Humanidade) não surpreende ninguém, porque era preciso andar-se muito distraído para não se perceber o que Omar al-Bashir tem feito ao longo dos últimos anos.

Diplomata, no entanto, identifica em todo este processo alguns problemas com potenciais consequências nefastas para a população sudanesa e para a própria credibilidade do TPI. 

A primeira questão é que a decisão do TPI, embora sendo importante, é mais simbólica do que prática. O The Guardian escrevia hoje que existem poucas possibilidades de al-Bashir se sentar no banco dos réus em Haia. Efectivamente, trata-se de um processo complexo e politicamente sensível, que passará em grande parte pelos corredores das principais chancelarias e pela capacidade de persuasão e negocial do procurador do TPI, Luis Moreno-Ocampo.

O Governo sudanês já fez saber que não reconhece qualquer decisão vinda do TPI, tendo já no passado recusado entregar cidadãos nacionais acusados por aquele tribunal precisamente por crimes cometidos em Darfur. Um membro do Governo sudanês citado pela BBC World referiu que estas acusações têm "motivações políticas". 
 
Outro dos problemas desta acusação é que se prende exclusivamente com crimes cometidos em Darfur, descurando por completo os acontecimentos ocorridos noutras regiões do Sudão, nomeadamente no Sul.

Diplomata perspectiva ainda um terceiro e grave problema: como reagirá o Governo sudanês sobre a população de Darfur e sobre as agências humanitárias que ainda estão no terreno. Para já, a decisão do TPI não está a trazer benefícios directos para a população.

Pelo contrário, as Nações Unidas anunciaram hoje que vão retirar parte do seu pessoal "não essencial" que faz parte da missão Unamid, receando represálias por parte das forças governamentais sudanesas. Convém relembrar que aquele contingente integra também militares da União Africana (UA), sendo a Unamid composta no total por 9600 capacetes azuis e 1300 elementos civis, uma força claramente reduzida tendo em conta a dimensão da tragédia que se vive em Darfur.

O comandante da Unamid, o general Martin Luther Agwai, disse que aquela força continuará no terreno a desempenhar as suas funções, no entanto, esperam-se dificuldades crescentes nos próximos tempos.  

Por esta razão, a Tanzânia, país que actualmente preside à União Africana, já veio apelar ao TPI para que suspenda, pelo menos para já, o processo de emissão do mandado internacional de detenção do Presidente Omar al-Bashir, para que possam ser desenvolvidos no terreno trabalhos prioritários de ajuda humanitária.

Analistas e diplomatas referem ainda que a decisão do TPI poderá minar por completo os esforços ténues de negociação com Cartum. Alexandre Guerra

"Don't think about dying. Think about living", a última mensagem de Tony Snow

Alexandre Guerra, 12.07.08


                                                                Stephen Crowley/The New York Times

Tony Snow, conservador norte-americano, morreu hoje aos 53 anos, vítima de cancro. Snow foi durante 17 meses o porta-voz da Casa Branca, desde Abril de 2006 a Agosto do ano passado.

Ao desempenhar as funções de "White House press secretary", Snow ocupou um dos mais importantes cargos de comunicação política. Antigo comentador da Fox News e tendo trabalhado para o Bush pai como "speech writer", Snow dominava a arte da mensagem e da comunicação.

Cometeu erros e, por vezes, excedeu-se nas declarações aos jornalistas, no entanto, gozava de um grande prestígio junto daquela classe. Talvez, por isso, Jim Axelrod, correspondente da CBS na Casa Branca, descreva-o como sendo "uma luva de veludo com um punho de ferro".

Sempre focado na "transmissão" de mensagens, Snow voltou a "comunicar" de forma eficaz nos últimos meses de vida, mas desta vez para o outro público-alvo que não os jornalistas. Num acto de esperança para todos os doentes com cancro, o antigo porta-voz proferiu uma frase que acabou por se tornar célebre: "Don't think about dying. Think about living." Alexandre Guerra

Palestra

Alexandre Guerra, 12.07.08


Por ocasião do seu 10º Aniversário e em  
associação com a Embaixada de Israel, o Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica vai realizar na próxima Segunda-feira a palestra "Democracy and Terrorism", proferida pelo 
Professor Emanuel Gross.


Emanuel Gross é um académico, especialista em Direito Internacional, nomeadamente em Direitos Humanos e nas questões jurídicas da luta contra o terrorismo, tendo estado sempre ligado às Forças de Defesa Israelitas (IDF).
 

14 Julho| 18H | Sala D. Henrique, O Navegador (IEP)


Does Iran’s state media use Photoshop?

Alexandre Guerra, 10.07.08


Fotografia divulgada hoje pela Associated Press
 
"Does Iran’s state media use Photoshop?" Esta é a resposta que o blogue The Lede, do The New York Times e assinado pelo Mike Nizza e Patrick Witty, tenta responder, perante a fotografia divulgada há pouco pela Associated Press. AG
 

Leituras

Alexandre Guerra, 10.07.08


Numa altura em que a questão iraniana volta a ocupar as primeiras páginas dos jornais, o Diplomata sugere a leitura do Q&A da BBC On Line sobre esta temática.
 

Bush compromete o seu sucessor no esforço de se alcançar uma "low-carbon society"

Alexandre Guerra, 08.07.08



A poucos meses de abandonar a Casa Branca, o Presidente George W. Bush dá um sinal interessante ao subscrever uma declaração na Cimeira do G8, que termina amanhã em Hokkaido, Japão, que apela aos Estados a "considerar e a adoptar" uma redução de pelo menos 50 por cento até 2050 das emissões de CO2, um dos gases responsáveis pelo efeito de estufa.

Embora alguns analistas denunciem a falta de ambição nesta meta, havendo quem proponha reduções entre 80 e 95 por cento até 2050, tendo como referência os valores de 1990, o gesto de George W. Bush é politicamente significativo, não tanto por representar uma viragem na posição do Presidente, mas porque compromete o seu sucessor na Casa Branca com a necessidade de se criar uma "low-carbon society".

É verdade que tanto o republicano John McCain como o democrata Barak Obama já manifestaram intenções de definir metas ambiciosas para a redução das emissões de carbono, no entanto, Bush acelerou o processo e acaba, ironicamente, por ficar na história como o primeiro Presidente norte-americano a comprometer os Estados Unidos num esforço ambiental à escala planetária. 

Além disso, este acordo alcançado no G8 é um passo importante para que no próximo ano em Copenhaga seja firmado um novo modelo que substitua o Protocolo de Quioto, em vigor até 2012. Alexandre Guerra
 

Leituras

Alexandre Guerra, 07.07.08


Foi com regozijo que o autor destas linhas teve conhecimento da libertação de 15 reféns detidos pelas FARC, particularmente de Ingrid Betancourt, que se tornara a face mais visível de um conflito que dura há sensivelmente quatro décadas.



Apesar do entusiasmo provocado pela notícia, surgiram de imediato algumas dúvidas ao Diplomata quanto aos contornos da operação militar que conduziu a tão feliz e pacífico desfecho. Colombia leaders call ransom story "absolutely false", publicado hoje no The Los Angeles Times, é apenas um exemplo de que muito mais haverá, eventualmente, por descobrir nesta história toda.


Por que é que ruiu a Torre 7 do WTC?

Alexandre Guerra, 05.07.08

Uma das questões que ainda permanecem por resolver sobre os ataques do 11 de Setembro a Nova Iorque é saber por que é que a Torre 7 do World Trade Centre ruiu, uma vez que não foi atingida por qualquer dos aviões desviados pelos operacionais da al-Qaeda. A resposta varia de acordo com as convicções de cada um no que diz respeito à teoria das conspirações.



A BBC World fez um trabalho sobre este assunto e apresenta sobretudo duas perspectivas. Uma mais fantasiosa, mas sustentada por alguns arquitectos, revela que se tratou, efectivamente, de uma conspiração, até porque naquele edifício estavam escritórios de entidades como a CIA e outras agências governamentais. Porém, não são enunciadas as razões que estariam por detrás dessa eventual conspiração. 



Por outro lado, é apresentada uma visão mais técnica e objectiva que revela um sobreaquecimento na estrutura do edifício, provocado pelos incêndios nas torres circundantes e que provocou a queda da Torre 7. AG